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'Pintou um crime': atriz Maria Eduarda de Carvalho relata abuso aos 12 anos

Maria Eduarda de Carvalho relata abuso sexual na infância - Reprodução/Instagram
Maria Eduarda de Carvalho relata abuso sexual na infância Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para Splash, em São Paulo

22/10/2022 11h37Atualizada em 22/10/2022 19h40

A atriz Maria Eduarda de Carvalho, de 39 anos, relatou abusou sexual durante a infância após fala do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato a reeleição, sobre "pintar um clima" com meninas de 14 e 15 anos durante visita em São Sebastião, periferia do Distrito Federal.

Em seu perfil do Instagram, ela compartilhou um vídeo para contar seu caso. "Eu tinha 12 anos e ele bem mais de 40. Era um homem de família, tinha um filhinho de 4 anos, tinha uma namorada. Tinha fé em Cristo, mas eu duvido que Jesus abençoasse a forma que ele olhava para mim", começou.

"Um dia ele me surpreendeu sozinha na sala, enfiou a língua no meu ouvido e chupou a minha orelha. Eu, completamente atordoada, não consegui oferecer resistência. Me senti suja, parecia que eu tinha sido carimbada com um selo de impureza", relembrou.

Em outro momento, ela foi surpreendida enquanto dormia. "Uma noite, numa festa na minha casa, eu já dormia porque era tarde e acordei com ele apalpando os meus seios. Seios de uma menina de 12 anos. Quando eu entendi o que tava acontecendo, eu me virei de bruços pra interromper aquele toque. Ele subiu em cima de mim e incompreensivelmente excitado, começou a esfregar o corpo dele contra o meu com força. Aí eu gritei. Eu berrei pela minha mãe, que veio ao meu socorro", disse.

"Essa história me assombrou como um fantasma durante muitos anos da minha vida. Eu nunca imaginei que um dia fosse sentir necessidade de contá-la publicamente. Mas a verdade é que as marcas que eu carrego comigo até hoje seriam infinitamente maiores se eu não tivesse podido contar com o socorro da minha mãe", continuou.

Por fim, ressaltou a sorte ter sido socorrida pela mãe. "Milhares de meninas não podem e estão nesse momento inteiramente reféns de homens como o presidente da república Jair Bolsonaro, que acredita que pode ter 'pintado um clima'. Não pintou um clima, pintou um crime. Pelos nossos corpos, pelos corpos das nossas filhas, não dá para relativizar", afirmou.