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Marília Mendonça do piseiro, Mari Fernandez tem cantora como inspiração

Mari Fernandez cantou para 100 mil pessoas no São João de Campina Grande (PB) - Divulgação
Mari Fernandez cantou para 100 mil pessoas no São João de Campina Grande (PB) Imagem: Divulgação

Filipe Pavão

De Splash, no Rio

24/07/2022 04h00

Mari Fernandez conheceu sua maior referência musical, Marília Mendonça, duas semanas antes do acidente fatal que deixaria o país de luto. Naquela época, a cantora cearense era considerada uma revelação da música, chamada de "Marília Mendonça do piseiro" após viralizar suas primeiras músicas no TikTok. Agora, um ano depois, se tornou uma das cantoras mais ouvidas no Spotify Brasil e um dos destaques do São João.

Na festa mais popular do Nordeste, se apresentou nos principais festivais. Dentre eles, o São João de Campina Grande, na Paraíba, que é considerado o maior do mundo e reúne artistas em shows que duram cinco semanas. A apresentação de Mari fechou os portões do Parque do Povo após lotação máxima do espaço que reúne 100 mil pessoas.

O sucesso, claro, é motivo de orgulho para a família da cearense de 21 anos que nasceu e cresceu em Alto Santo, cidade que tem em torno de 17 mil habitantes, segundo o IBGE. Mari também comemora poder dar mais conforto aos familiares.

A minha família está muito feliz. E, graças a Deus, eu consigo dar mais conforto para mim e para eles também. Dia 7 de julho, presenteei minha mãe, no dia do aniversário dela, com um carro. Foi algo que sempre sonhei: dar um carro para minha mãe.

"Para minha família, o que importa nem é a questão financeira. A gente sempre teve o pensamento de que pouco com Deus é muito. A gente sempre teve conforto mesmo com pouco. Sei que minha família está feliz por eu ter tornado realidade o que parecia um sonho", diz.

"Eles diziam que acreditavam, mas acho que eles pesavam: 'essa menina está doida, como ela vai sair do interior e tocar no Brasil todinho'", completa, aos risos.

A família de Mari prefere viver em Alto Santo do que se mudar para a capital Fortaleza. Eles seguem morando na casa que a cantora residia antes da fama. Por isso, ela sempre retorna à cidade natal, onde se tornou uma sensação.

"É massa ver o carinho da galera. Foi estranho quando voltei lá pela primeira vez e uma professora de infância, que me deu aula por sete anos, me perguntou se ainda lembrava dela. Eu respondi: 'comecei a fazer sucesso, não fiquei com amnésia. Lembro de tudo e de todos'. As pessoas enxergam o glamour, a gente em cima do palco. Mas o artista tem uma vida normal", diz.

"Ainda não estou consagrada"

Mari Fernandez começou a cantar na Igreja enquanto criança e se descobriu como compositora na adolescência. Apenas em 2021, se lançou como cantora e viralizou no TikTok com "Não, Não Vou". Neste ano, subiu ao palco em seu primeiro São João.

Apenas Mari, Gusttavo Lima e Zé Vaqueiro conseguiram o feito de fechar os portões do São João de Campina Grande neste ano. Anteriormente, Wesley Safadão, Léo Santana, Henrique & Juliano, Marília Mendonça e Simone & Simaria também já haviam conseguido o feito. Apesar de estar ao lado do nome de nomes da musica mainstream, ela considera que não está consagrada.

"Não estou no mesmo nível que Simone & Simaria, Gusttavo Lima e Safadão. Eles têm muitos anos de carreira e estrada. Eles, sim, estão consagrados. Eu ainda não. Tenho muito para conquistar. Espero continuar sendo abençoada por Deus e pelos meus fãs", afirma.

Mari Fernandez é considerada a 'Marília Mendonça do piseiro' - Reprodução/Instagram @marifernandezoficial - Reprodução/Instagram @marifernandezoficial
Mari Fernandez e Marília Mendonça
Imagem: Reprodução/Instagram @marifernandezoficial

Mari relembra que se emocionou em diferentes momentos do show em Campina Grande. "Eu vesti a roupa do DVD que gravei recentemente. Quando me olhei no espelho, me emocionei. Depois, quando falaram que os portões foram fechados porque o local estava lotado e ouvi a galera cantando do início ao fim a música de abertura, 'Quem Vale Menos'", não teve como não segurar o choro", diz.

Depois das festas de São João, ela já lançou uma nova música, "Eu Quero Recair", parceria com Simone e Simaria que chegou às plataformas digitais ontem. Agora, ela se prepara para estrear um festival próprio: o Mari Sem Fim. A ideia da festa que leva o nome da artista é ter três shows por edição, incluindo o da anfitriã, e desafiar o público por "não ter hora para acabar". Em 30 de julho, ela dá o pontapé em Fortaleza. Depois, parte para a estrada com o objetivo de percorrer as capitais do país.


Passos de Marília Mendonça

Desde as primeiras entrevistas, Mari afirmava que queria cantar com Marília Mendonça. E não se importa com as comparações à artista que faleceu em novembro do ano passado.

Sempre falo, as vezes as pessoas me comparam a Marília e eu respondo: 'poxa, gente, eu passei a minha vida inteira me inspirando na Marília, não tem como não parecer um pouco'. Tudo que aprendi, foi me inspirando na Marília.

Assim como a ídola debatia a presença feminina no sertanejo, Mari diz querer fazer o mesmo no piseiro, subgênero do forró conhecido por explorar o teclado eletrônico.

"O forró sempre teve nomes, como Eliane, Solange Almeida e Mara Pavanelli, mulheres que fazem história. A galera me chamou de "Rainha do Piseiro" pelo fato de eu ser a primeira mulher a viralizar no piseiro. Todo mundo ouvia vários artistas do piseiro, como Barões da Pisadinha, Zé Vaqueiro e João Gomes, que são meus amigos, mas não ouvia uma mulher. Então, a gente decidiu gravar um CD no piseiro e deu certo. A música 'Não, Não Vou' aconteceu. Costumo dizer que a musica aconteceu primeiro que eu. As pessoas conheciam a música, mas não a Mari", finaliza.