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'Chamar a Globo de esquerda é patético', afirma Marcos Uchôa

Marcos Uchôa negou que a Globo seja atrelada à esquerda - Repordução/Globo
Marcos Uchôa negou que a Globo seja atrelada à esquerda Imagem: Repordução/Globo

Colaboração para Splash, em Maceió

18/07/2022 18h41

Ex-repórter da TV Globo e pré-candidato a deputado federal pelo PSB do Rio de Janeiro, Marcos Uchôa rebateu aqueles que acreditam que os meios de comunicação, e especificamente a emissora carioca pertencente à família Marinho, mantêm postura editorial atrelado politicamente à esquerda.

Durante participação no "Pânico", na Jovem Pan, Uchôa pontuou que, historicamente, os grandes conglomerados de mídia pertencem a grandes empresários, ou seja, àqueles mais ligados ao espectro neoliberal e da direita político-econômica. Segundo o jornalista, "pode ser" que existam profissionais de esquerda na Globo, mas se referir à emissora ou ao seu principal telejornal, o "Jornal Nacional", como de esquerda chega a ser "patético".

"A mídia é de esquerda? Vamos pensar o seguinte: você tem uma televisão, você tem uma rádio, um jornal, você tem que ter muito dinheiro [porque] é muito caro, tudo isso aqui é muito caro. Então, naturalmente, você teve, e não só no Brasil, a mídia sempre foi propriedade de pessoas que tinham dinheiro... Então você pode ter jornalistas, por exemplo na TV Globo, que são mais de esquerda, pode ser, sim. Eu sou mais de esquerda, embora tenha trabalhado 34 anos lá, claro fazendo meu jornalismo... Agora nas coisas cruciais, ou nas coisas mais importantes, desde quando o 'Jornal Nacional' é de esquerda? Desde quando a TV Globo é de esquerda? Você chamar a TV Globo ou o 'Jornal Nacional' de esquerda é patético", afirmou.

No "Pânico", Marcos Uchôa também falou sobre o atual momento do jornalismo, que tem investido menos em enviar jornalistas para grandes coberturas fora do país, o que ele atribui a redistribuição do dinheiro oriundo da publicidade para outros meios, principalmente a internet.

Conforme Uchôa, um dos principais motivos para ter saído da Globo após 34 anos dedicados à empresa, foi a sensação de ter vivido a "época de ouro" do canal, quando conseguiu viajar para 115 países e fazer grandes reportagens mundo à fora. Hoje, diz ele, as empresas de comunicação têm estado mais "local".

"Hoje em dia tem menos dinheiro. O que a gente vê na mídia de maneira geral é que antes o dinheiro da publicidade ia para uma mídia tradicional, hoje esse dinheiro está bem mais dividido por causa da internet. Acho muito bom isso para a democracia, mas de certa maneira enxugou o dinheiro de viagem para grandes coberturas", declarou.

"Uma das razões pela qual eu sai da Globo foi um pouquinho porque a minha sensação é de que vivi uma época de ouro em que [pude contar] com uma certa estrutura, com viagens, eu fui a 115 países, eu fiz oito guerras, tsunamis, fiz muita coisa. Hoje o repórter que entra no meio de comunicação tem menos chance de fazer isso, está muito mais local e, portanto, acho que o jornalismo como um todo abriu um flanco sobre a discussão sobre fake news", completou, ressaltando que "existe um peso jornalístico de você ser testemunha, você ter no seu meio de comunicação alguém que viu, foi lá e conversou com as pessoas".