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Míriam Leitão se manifesta após ataque de Eduardo Bolsonaro: 'Fortalecem'

Colaboração para Splash, em Maceió

04/04/2022 11h56

A jornalista Míriam Leitão se manifestou pelo primeira vez após ser atacada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), que ontem debochou da tortura sofrida por ela na época da ditadura militar brasileira (1964-1985).

Por meio de seu perfil no Twitter, Leitão se recusou a citar o nome do parlamentar, mas agradeceu as mensagens de carinho que recebeu. Para ela, o apoio vindo de amigos e fãs lhe ajudam a ter esperanças em relação ao Brasil e ao futuro da democracia.

"Fui envolvida por uma onda forte, boa e carinhosa desde domingo. Eu agradeço a todas as pessoas que se manifestaram aqui e por outros caminhos. As mensagens me fortalecem e me ajudam a ter esperança no Brasil e no futuro da democracia, que nos custou tão caro", escreveu.

Entenda

Ontem, o deputado federal Eduardo Bolsonaro debochou da tortura sofrida por Míriam Leitão, após a jornalista apontar o presidente Jair Bolsonaro (PL) como um inimigo da democracia — em 2016, na ocasião do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, Bolsonaro, ainda um parlamentar do Centrão, exaltou o torturador Brilhante Ustra em um ataque à petista, que foi presa e torturada pelos militares.

"Ainda com pena da cobra", disse Eduardo, em referência a um dos métodos utilizados pelos torturadores aplicados contra Míriam Leitão, quando ela foi presa em 1972, no quartel do Exército em Vila Velha, no Espírito Santo. Segundo a comunicadora contou, ela foi agredida fisicamente com chutes e tapas, teve que ficar nua na frente de dez soldados e foi trancada numa sala escura com uma jiboia. Na ocasião, ela era militante do PCdoB.

Em editorial, O Globo classificou como "repugnante" o ataque de Eduardo Bolsonaro. "A manifestação do deputado deve ser repudiada com toda a veemência", afirmou, ressaltando que a postura do parlamentar foi "incompatível" com o cargo, "mas sobretudo com a decência e o respeito humanos".

Nas redes sociais, repórteres do grupo Globo, como Guga Chacra, Natuza Nery, Gerson Camarotti e Giuliana Morrone, repudiaram o deboche de Eduardo Bolsonaro, e chamaram-no de "covarde".

Além disso, deputados acionaram o Conselho de Ética da Câmara contra o filho 03 do presidente. A representação será apresentada por políticos do PSOL, PCdoB e do PT.

A bancada do PSOL na Câmara pedirá a cassação de Eduardo Bolsonaro, informou o presidente nacional do partido, Juliano Medeiros. "Não é possível ficar inerte diante da agressão de Eduardo Bolsonaro à jornalista Míriam Leitão".

Para o colunista do UOL, Josias de Souza, o ataque de Eduardo à Miriam "mistura ignorância com truculência", e demonstra o fato de que o filho, assim como o pai, "carrega na personalidade uma mistura tóxica de ignorância pessoal com autoritarismo político".