Eduardo Bolsonaro é covarde ao atacar Míriam, dizem jornalistas da Globo
Jornalistas da TV Globo, como Guga Chacra, Natuza Nery e Gerson Camarotti, criticaram o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), após o parlamentar debochar da tortura sofrida por Míriam Leitão na época da ditadura militar brasileira (1964-1985).
No Twitter, Nery, Gerson e Chacra chamaram o filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) de "covarde", enquanto Giuliana Morrone apontou crime no ataque do deputado.
"Minha solidariedade à jornalista Miriam Leitão, que foi atacada nesta rede social por um covarde defensor da tortura", escreveu Guga Chacra.
"Além de toda desumanidade, a tortura é um ato de covardia. Só os covardes naturalizam em comentários essa prática abjeta. Por isso, toda minha solidariedade à Miriam Leitão. A sua coragem, Míriam, é uma inspiração permanente para todos os jornalistas. Admiração e orgulho de você!", publicou Gerson Camarotti.
"Quem defende ou enaltece tortura comete crime. Basta consultar o Código Penal, art. 287. Quem o faz, ainda que sob o manto da imunidade parlamentar, deve ser responsabilizado. Toda minha solidariedade à Míriam Leitão", afirmou Giuliana Morrone.
Natuza Nery lembrou que, na época em que foi presa e torturada pelos ditadores, Leitão estava grávida, e repudiou o ataque de Eduardo Bolsonaro.
"Míriam Leitão foi torturada pela ditadura quando estava grávida. Usaram uma jiboia numa das sessões de tortura. A menção covarde do deputado à cobra é tão indigna que me fez chorar. Receba meu abraço, querida Míriam. Tenho orgulho de ser sua colega e amiga".
Entenda
Ontem, o deputado federal Eduardo Bolsonaro debochou da tortura sofrida por Míriam Leitão, após a jornalista apontar Jair Bolsonaro como um inimigo da democracia — em 2016, na ocasião do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, Bolsonaro, ainda um parlamentar do Centrão, exaltou o torturador Brilhante Ustra em um ataque à petista, que foi presa e torturada pelos militares.
"Ainda com pena da cobra", disse Eduardo, em referência a um dos métodos utilizados pelos torturadores aplicados contra Míriam Leitão, quando ela foi presa em 1972, no quartel do Exército em Vila Velha, no Espírito Santo. Segundo a comunicadora contou, ela foi agredida fisicamente com chutes e tapas, teve que ficar nua na frente de dez soldados e foi trancada numa sala escura com uma jiboia. Na ocasião, ela era militante do PCdoB.
Em editorial, O Globo classificou como "repugnante" o ataque de Eduardo Bolsonaro. "A manifestação do deputado deve ser repudiada com toda a veemência", afirmou, ressaltando que a postura do parlamentar foi "incompatível" com o cargo, "mas sobretudo com a decência e o respeito humanos".
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