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Globo critica Eduardo Bolsonaro após ofensa a Míriam Leitão: 'Repugnante'

William Bonner lê comunicado da Globo após a jornalista Míriam Leitão ser ofendida por Eduardo Bolsonaro - Reprodução/TV Globo
William Bonner lê comunicado da Globo após a jornalista Míriam Leitão ser ofendida por Eduardo Bolsonaro Imagem: Reprodução/TV Globo

De Splash, em São Paulo

04/04/2022 21h38Atualizada em 04/04/2022 22h00

O "Jornal Nacional" abriu espaço para um posicionamento do Grupo Globo após a jornalista Miriam Leitão ser ofendida pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em nota lida pelo âncora William Bonner, a emissora pediu providências e disse ser "repugnante, ofensiva e completamente inaceitável a manifestação do deputado que fez referência à tortura sofrida por Miriam Leitão".

Eduardo zombou de um dos episódios mais dramáticos da vida dela. A manifestação do deputado deve ser repudiada com veemência, é incompatível com a decência e o respeito humanos. Merece providências das instituições obrigadas constitucionalmente a zelar pelo estado de direito nota da Rede Globo

Mais cedo, Míriam Leitão se manifestou pelo primeira vez desde o ataque nas redes. Por meio de seu perfil no Twitter, Leitão se recusou a citar o nome do parlamentar, mas agradeceu as mensagens de carinho que recebeu. Para ela, o apoio vindo de amigos e fãs lhe ajudam a ter esperanças em relação ao Brasil e ao futuro da democracia.

"Fui envolvida por uma onda forte, boa e carinhosa desde domingo. Eu agradeço a todas as pessoas que se manifestaram aqui e por outros caminhos. As mensagens me fortalecem e me ajudam a ter esperança no Brasil e no futuro da democracia, que nos custou tão caro", escreveu.

Deputados acionaram o Conselho de Ética contra o filho do presidente. A representação será apresentada por parlamentares do PSOL, PCdoB e PT.

Entenda o caso

Ontem, o deputado federal Eduardo Bolsonaro debochou da tortura sofrida por Míriam Leitão, após a jornalista apontar o presidente Jair Bolsonaro como um inimigo da democracia — em 2016, na ocasião do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, Bolsonaro, ainda um parlamentar do Centrão, exaltou o torturador Brilhante Ustra em um ataque à petista, que foi presa e torturada pelos militares.

"Ainda com pena da cobra", disse Eduardo, em referência a um dos métodos utilizados pelos torturadores aplicados contra a jornalista, quando ela foi presa em 1972, no quartel do Exército em Vila Velha, no Espírito Santo. Segundo a comunicadora contou, ela foi agredida fisicamente com chutes e tapas, teve que ficar nua na frente de dez soldados e foi trancada numa sala escura com uma jiboia. Na ocasião, ela era militante do PCdoB.

Após a repercussão do caso nas redes sociais, perfis bolsonaristas fizeram circular uma fake news que acusa Míriam Leitão de ter sido presa em 1968 por assaltar um banco. Essa mesma mentira já circulou na internet em 2018 e em 2019.

Esta não foi a primeira vez que a jornalista foi alvo de ataques por parte da família Bolsonaro. Em 2019, o próprio presidente usou informações falsas para atacá-la.

Nas redes sociais, Míriam Leitão se manifestou e, sem citar o nome de Eduardo, agradeceu as mensagens de carinho que recebeu. Para ela, o apoio vindo de amigos e fãs lhe ajudam a ter esperanças em relação ao Brasil e ao futuro da democracia.

Para o colunista do UOL, Josias de Souza, o ataque de Eduardo à Miriam "mistura ignorância com truculência", e demonstra o fato de que o filho, assim como o pai, "carrega na personalidade uma mistura tóxica de ignorância pessoal com autoritarismo político".