Topo

Podcasts de contos eróticos fazem sucesso: 'Acho mais excitante que vídeo'

Mayumi Sato, do Sexlog, e Erika Oliveira, do Eu Falo, Você Goza
Mayumi Sato, do Sexlog, e Erika Oliveira, do Eu Falo, Você Goza
Reprodução/Instagram

De Splash, em Santos

31/03/2021 04h00

Em tempos de subir pelas paredes com a dificuldade de encontros íntimos —uma cortesia do coronavírus—, cada vez mais pessoas têm descoberto uma nova (e instigante) alternativa aos vídeos pornôs: os podcasts de contos eróticos.

São áudios, disponíveis em plataformas de streaming como Spotify e Deezer, com narrações de experiências sexuais, incentivos à masturbação ou papos sobre sacanagem (tudo regado a muito gemido e sussurro).

Continua depois da publicidade

Consumidoras e consumidores de podcasts eróticos com quem Splash conversou apontaram, como principal atrativo do formato, a maior possibilidade de fantasiar com ele.

Você imagina a cena no momento em que ouve. Pode imaginar as pessoas de acordo com seu gosto e até fantasiar com gente conhecida.
Marcos (nome mudado a pedido do entrevistado), fã de podcast
Eu, particularmente, acho o podcast mais excitante do que ver filme pornô. Você imagina o contexto do que está sendo narrado.
Rafael (nome mudado a pedido do entrevistado), fã do formato
Erika Oliveira, do podcast Eu Falo, Você Goza - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Erika Oliveira, do podcast Eu Falo, Você Goza
Imagem: Arquivo pessoal
Continua depois da publicidade

Realizando fantasias

A advogada Erika Oliveira, 33 anos, criou o podcast Eu Falo, Você Goza em meados do ano passado e, desde então, viu o número de fãs crescer semana a semana. Hoje, seu perfil no Spotify tem mais de 350 mil reproduções.

A pessoa fecha os olhos e é como se eu estivesse falando com ela. Parece uma relação pessoal e íntima.
Erika Oliveira, sobre o Eu Falo, Você Goza

Erika pausou as atividades como advogada na pandemia e tem trabalhado hoje em uma empresa de cobrança. Seu objetivo é atuar exclusivamente com o podcast no futuro.

O Eu Falo, Você Goza, conta ela, começou com narrações de experiências pessoais: uma transa no meio da rua e outra com um casal.

Depois, a advogada passou a contar histórias ficcionais baseadas nos fetiches de seus ouvintes.

Eu me aprofundei em assuntos que não conhecia tanto, como a inversão [em que homem e mulher trocam papéis na transa]. Há muita fantasia de dominação também.
Erika Oliveira
Continua depois da publicidade
Mayumi Sato, uma das idealizadoras do podcast Sexlog - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Mayumi Sato, uma das idealizadoras do podcast Sexlog
Imagem: Reprodução/Instagram

A favor de outros estímulos

Mayumi Sato, 38 anos, colunista de Universa e diretora de marketing do Sexlog, rede social que conecta pessoas interessadas em swing (relações com troca de casais) pelo Brasil, levou recentemente os podcasts eróticos para a plataforma, com sucesso.

A revista eletrônica do site permite o envio de contos eróticos escritos por usuários. Desde o começo de 2020, a equipe da plataforma passou a transformar alguns desses contos em podcasts eróticos bem produzidos, narrados por profissionais, com trilha e efeitos sonoros.

Foram produzidos até agora 56 episódios, que, de acordo com Mayumi, têm mais de 500 mil ouvintes.

Não sou contra a pornografia, mas a favor de variar o estímulo. Quando consome vídeos, a pessoa não precisa usar a imaginação, e isso limita a forma de se relacionar com o assunto.
Mayumi Sato, diretora de marketing do Sexlog
Continua depois da publicidade

A diretora afirma que a equipe tem a preocupação constante de "dar uma repaginada nas fantasias" para que elas fujam da agressividade e da falta de empatia da "pornografia mainstream".

Ouvintes mulheres

"A gente quer histórias que tenham protagonistas mulheres na maioria das vezes, que conversem com novos desejos e novas formas de se relacionar", diz Mayumi.

Tanto ela quanto Erika se orgulham de ter uma boa proporção de mulheres entre seus ouvintes. Mayumi conta que 40% do público do podcast Sexlog é do sexo feminino. Essa porcentagem para o Eu Falo, Você Goza é de 35%.

Eu defendo a masturbação feminina como uma forma de autoconhecimento. Recebo muitas mensagens de meninas. Acho maravilhoso o fato de uma mulher permitir que eu leve tesão a ela.
Erika Oliveira
Continua depois da publicidade

Outros podcasts

Já há no Brasil uma variedade de podcasts de contos eróticos. Selecionamos alguns.

Abhyana, autora do podcast Textos Putos - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Abhiyana, autora do podcast Textos Putos
Imagem: Reprodução/Instagram

Textos Putos

O podcast é repleto de histórias verídicas, baseadas nas experiências de sua criadora e narradora, Abhiyana. Tem história de elevador, vizinho voyeur e muito sexo sem compromisso.

Pelos Lábios Dela

O podcast é produzido por e para mulheres, mas, de acordo com sua escritora e narradora, Ana Lucía da Matta Adentro, pessoas não-binárias, homens e seres de outras dimensões são bem-vindos também.

Arte do podcast Panty Nova - Reprodução/Spotify - Reprodução/Spotify
Arte do podcast Panty Nova
Imagem: Reprodução/Spotify

Panty Nova

Produzido pela loja de produtos eróticos Panty Nova, o podcast está no ar desde 2018 e foca o prazer feminino. Na seção #Hersecret, Izabela Starling e Heloisa Fonseca, donas da marca, falam sobre sexo e relacionamento.

Juan Calabares

Juan Calabares posta contos eróticos voltados para o público gay desde setembro de 2020. Ele já disponibilizou mais de 40 episódios em que fala de aventuras exibicionistas e transas com desconhecidos.

Continua depois da publicidade

Tela Preta

A plataforma de áudios eróticos por assinatura (a partir de R$ 15 ao mês) oferece contos narrados, masturbações guiadas sussurradas e áudios de beijos, tapas e "otras cositas más".