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Sander Mecca, ex-Twister, vende marmitas e prepara novo livro sobre vícios

Sander Mecca, ex-integrante da boyband brasileira Twister - Reprodução/Instagram
Sander Mecca, ex-integrante da boyband brasileira Twister Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para o Splash, em São Paulo

23/03/2021 07h01

Sander Mecca ficou conhecido no Brasil inteiro, no começo dos anos 2000, por fazer parte da boyband Twister. No entanto, após o fim do trabalho, ele acabou mergulhando nas drogas. Reabilitado, escreveu um livro sobre sua experiência e, atualmente, tem vendido marmitas para ajudar no orçamento de sua casa, já que apresentações estão paralisadas por causa da pandemia.

"Durante boa parte da pandemia as vendas do meu livro, 'Inferno Amarelo', me salvou financeiramente. Vendi todos os livros físicos e comecei a vender também em PDF. Nunca vendi tanto livro. Mas quando os livros acabaram a pandemia só estava piorando", disse ele em uma entrevista para a "Quem".

Sander prosseguiu: "Eu estava com vários projetos artísticos pausados. Esses tempos, fiz um almoço e todo mundo comeu de lamber os dedos. Sempre amei cozinhar e as pessoas sempre gostaram muito da minha comida. Pensei: 'Vou vender comida congelada'".

Comecei há pouco mais de um mês a Mecca Gourmet. Eu mesmo quem preparo os pratos. Faço tudo sozinho e com muita dedicação. Ainda mexo com a contabilidade, planilhas etc. Só não faço delivery, apesar de já ter recebido propostas de clientes falando que me pagava até mais se eu fosse entregar também

O artista explicou que trabalha três dias por semana na preparação dos alimentos e comemora o resultado. "Está crescendo o negócio. Ainda estou no empate entre investimento e lucro. Mas já consegui até investir em um freezer industrial. Estou muito feliz porque além de ser uma coisa que eu amo, eu me sinto um artista quando estou cozinhando", brincou.

Fora da cozinha, Sander tem se dedicado a escrever um segundo livro, cujo manuscrito foi feito como exercício de sua internação em 2019 para tratar de seu vício em drogas. Agora, ele pretende detalhar a sua luta para ficar longe desse mundo.

"Estou trabalhando no segundo livro, que pretendo lançar ainda neste ano. Comecei a escrever na quarentena, mas o conceito dele nasceu em 2019, quando fiquei cinco meses internado em uma clínica de reabilitação. Foca bem nessa questão da dependência química e da luta do dependente", explicou.

Quando fui preso, tinha apenas 19 anos. Saí da cadeia pensando que não ia ter coisa pior. Mas depois descobri que é mais difícil ficar sóbrio do que passar dois anos na prisão. É por isso que o título deste livro será 'Correntes Invisíveis'. Essas grades que prendem o dependente faz com que ele não enxergue que elas são muito piores que a prisão física. Estou limpo, mas sou um adicto de responsa. É uma luta diária

Na sequência, se disse preparado para falar sobre essa questão. "Quem é adicto nasce com a propensão a ser adicto. Tenho consciência das minhas fragilidades, sei que sou compulsivo e ansioso. Tenho que tomar muito cuidado. Por isso, meu modo de vida mudou muito e meu círculo social é bem restrito. Não bebo nem cerveja", relatou.

Vida nova

Na nova obra, Sander pretende ser ainda mais aberto em relação a seus vícios e aos percalços que enfrentou. "Quando escrevi o primeiro livro, não contei nem metade do que eu gostaria de ter contato, fiquei com medo de contar tudo realmente. Passei um 'super-pano' no primeiro livro, omiti muita coisa. Agora, com a maturidade que adquiri e vivência, está sendo um livro muito mais sincero em vários aspectos".

Além disso, Sander também revelou que sofre até hoje com as sequelas dos tempos de vício. "Comecei cedo. A conta chegou! Hoje, com quase 40 anos não tenho mais saúde. Nem se eu quisesse usar, meu estômago e pulmão não aguentariam. Vivo em médico e gasto uma grana para tratar problemas sérios no estômago", comentou.

Isso não tirou a vontade do artista em trabalhar: ele afirmou que está escrevendo novas canções, além de ter iniciado a preparação de um roteiro de musical sobre sua vida, além de uma ideia que desenvolve ao lado do ex-parceiro de banda, Leo Nogueira, em homenagem ao cantor americano Bob Dylan.

Sinto muita falta da energia do palco. Tenho feito algumas músicas e escrito o roteiro de um espetáculo sobre a minha vida. Espero poder voltar logo para o palco, que é o maior tesão de toda a minha vida, mais do que qualquer droga. Estou com um projeto de versões em português de canções do Bob Dylan.

Atualmente, Sander namora Adriana, que é ex-fã do Twister e com quem se reencontrou no ano passado. Agora, ele pensa em construir uma família.

"A Adriana era fã do Twister em 2000. Ela ganhou uma promoção do Domingo Legal para viajar com a banda para as ilhas caribenhas em um cruzeiro. A reencontrei em uma pousada em outubro e começamos a namorar. Nunca tinha pensado em filho, mas estou curtindo essa ideia. Sonho em nunca mais recair, apesar de ser uma luta diária. Quero construir. A vida inteira só destruí as coisas ao meu redor e a mim mesmo. Quero construir uma família e gravar discos da maneira que eu quiser e não como os produtores querem. Estou em construção do novo Sander", finalizou.