O novo especial de Natal do Porta dos Fundos, lançado ontem, tem Fábio Porchat no papel de Jesus Cristo. Nos minutos finais, o personagem diz que há um Satanás no país. Splash perguntou ao ator que nomes surgem em sua mente quando pensa em um "Satanás no Brasil".

O presidente Jair Bolsonaro foi citado.

Sabe que vêm vários nomes à minha cabeça? Tem tantos 'Satanazes' no Brasil... A gente está vivendo um período de ratos, baratas, bichos escrotos saindo dos bueiros e se sentindo empoderados. Infelizmente, vários. Mas eu tenho certeza de que o Bolsonaro é um desses nomes, ele passa por aí.

- Porchat

A gente tem uma série de 'Satanazes' por aí, 'Satanazes' que se dizem pregadores da palavra de Deus mas que claramente não entenderam nada da palavra de Jesus. Ou, por má-fé, distorcem o que Jesus falou. Jesus defende as minorias, é contra a violência. Ele não manda apedrejar.

- Porchat

Até agora, o especial de 2020 gerou menos polêmica do que o anterior.

Em 2019, o Porta dos Fundos retratou Jesus com traços de homoafetividade e provocou a ira de algumas pessoas; o conteúdo sofreu tentativa de censura, e a sede da produtora foi alvo de um ataque à bomba.

Eu tenho certeza de que só jogaram as bombas no Porta porque Jesus era gay no especial do ano passado. Acho que a gente só está vivo porque Jesus não era gay e preto; senão, seriam ainda mais bombas.

- Antonio Tabet, um dos criadores do Porta

Na entrevista a Splash, Porchat também falou sobre o caso envolvendo Marcius Melhem, que é acusado de assédio sexual e moral por diversas mulheres. Dentre elas, está a atriz e humorista Dani Calabresa. Na visão de Porchat, o humor precisa se responsabilizar por mudanças que deem força às mulheres.

Estamos muito atentos, sim. Nós não temos a ver com esse caso, eu ainda não estava na Globo na época, mas temos a ver com isso, sim, porque somos homens e estamos inseridos no mesmo meio do humor. Espero que as mulheres tenham cada vez mais alto-falantes.