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Filho de Sherlock Holmes, Vannucci deu leveza ao jornalismo esportivo na TV

O apresentador Fernando Vannucci morreu hoje aos 69 anos
O apresentador Fernando Vannucci morreu hoje aos 69 anos
Paulo Camilo/UOL

De Splash, em São Paulo

24/11/2020 17h06

Só um filho de Sherlock Holmes faria o que Fernando Vannucci fez —e o pai dele realmente tinha o nome do detetive mais famoso da ficção. O jornalista e apresentador morreu hoje, aos 69 anos, e deixou um legado transformador para o jornalismo esportivo na TV brasileira.

O que o apresentador construiu foi um legado de leveza e bom humor, que viria a influenciar as gerações seguintes da TV esportiva (como o "Globo Esporte" de Tiago Leifert). O bordão "alô, você", por exemplo, ficou marcado na história.

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[A Copa do Mundo de 1986] Foi onde pude me soltar totalmente. Eu quebrei o chamado 'Padrão Globo de Qualidade', aquela coisa séria, como era o Cid Moreira. Cheguei como um maluco e deu certo. Quando a Globo achou que tinha que mudar, já tinha dado certo.

- Vannucci em entrevista ao UOL Esporte.

No museu dedicado ao personagem Sherlock, na Inglaterra, ninguém acreditou quando Vannucci disse de quem era filho. Ele precisou mostrar o passaporte para provar: Sherlock Holmes Braz, cuja morte, em 1987, o emocionou. O jornalista sentia que tinha sido esperado pelo pai na despedida.

Agora, Fernando vai ao encontro de Sherlock Holmes.

E foi graças ao pai dele que esta história começou.

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Comecei a narrar por causa dele. Meu pai era surdo e, por ironia, nunca escutou a minha voz. Foi aí que comecei a gostar de futebol. Ele queria acompanhar o Botafogo, seu time de coração. Então eu passei a narrar o jogo com movimento labial. Eu puxei muito do meu pai.

- Vannucci ao "O Fuxico" em 2011

vanucci - Divulgação/Rede TV! - Divulgação/Rede TV!
Apresentador Fernando Vanucci
Imagem: Divulgação/Rede TV!

O histórico leve de Vannucci não combina com o triste acidente que o marcou: em uma gravação de 2006, aparentou estar embriagado e disse "a África do Sul é logo ali" (em referência à Copa de 2010). O jornalista não queria pagar por aquela "falha" para sempre. E, segundo ele, eram só medicamentos.