Topo

Janis Joplin quase morreu no Brasil, mas o país nunca saiu do coração dela

Janis Joplin
Janis Joplin
Divulgação

De Splash, em São Paulo

04/10/2020 04h00

Há exatos 50 anos, a música viveu um de seus mais dolorosos lutos. A lenda Janis Joplin, força da natureza, rainha do rock, morria no auge, aos 27 anos, vítima de uma overdose. Se você não tem a mínima ideia de quem seja, faça um favor a si mesmo e busque esse conhecimento. Janis era fantástica.

Solte esse som aqui pra ler esse texto.

Continua depois da publicidade

E atualmente está fácil. Você pode mergulhar na vida dela lendo a ótima biografia "Joplin - Sua Vida, Sua Música", escrita pela jornalista Holly George Warren, que acaba de ser lançada no Brasil pela editora Seoman.

Poucos livros foram tão a fundo no psicológico e em "causos" da estrela, que por sinal incluem o Brasil. Pra quem não sabe, a Janis passou um longo verão no país no primeiro semestre de 1970, quando ela ficou off para se tratar do vício em heroína.

Cena do filme "Janis: Little Girl Blue" - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Nós já contamos essa história em detalhes por aqui, e ela também foi retratada no documentário "Janis: Little Girl Blue". Mas livro de George-Warren traz algumas novidades sobre essa rehab, que deixou marcas profundas nos oito últimos meses de vida da artista.

Continua depois da publicidade
Assim que pisou os pés em Salvador, Janis Joplin não se desgrudou da garrafa de Pitú - Reprodução/Facebook/Lula Martins - Reprodução/Facebook/Lula Martins
Assim que pisou os pés em Salvador, Janis Joplin não se desgrudou da garrafa de Pitú
Imagem: Reprodução/Facebook/Lula Martins

Mas por que o Brasil?

Janis queria se afastar das drogas, desilusões e pressão pelo sucesso. E para isso nada melhor do que visitar o cenário de "Orfeu Negro" (1959), filme que retrata o Carnaval carioca sob perspectiva da favela. Janis amou tanto o longa que quis conhecer aquilo de perto.

E o que ela fez?

Deixou todo seu suprimento de drogas em Los Angeles e pegou avião acompanhada de sua figurinista pessoal, Linda Gravenites. No Rio, onde não conhecia nenhum traficante, curtiu a praia, fez topless e foi aos desfiles das escolas de samba, na época na avenida Presidente Vargas.

Oito meses antes de morrer, Janis Joplin curtiu o carnaval do Rio de Janeiro - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação
Continua depois da publicidade

Festival barrado

Depois de se esbaldar na folia, ela se empolgou e preferiu continuar no Brasil para organizar um show gratuito no Rio, chamado "Unending Carnival, Get it On". Mas, segundo a biografia, o evento foi barrado pelas autoridades militares da época. Era 1970 e vivíamos anos de chumbo.

Oficial faz vigília durante a ditadura militar  - © DR - © DR
Imagem: © DR

Acidente

Janis também arranjou um amor de verão no Brasil, o americano aventureiro David Niehaus, que conheceu na praia de Ipanema. Incentivada por ele, topou fazer uma "road trip" de moto, rumo a Bahia, que durou cinco dias. Mas o que poucos sabiam: no meio do caminho, sofreram um grave acidente.

Eles bateram em uma divisória de concreto no meio da estrada e perderam o controle, sendo ambos arremessados da moto. Janis ficou inconsciente e sofreu uma concussão. Niehals parou um carro e levou-a para o hospital, onde foi medicada e liberada.
Holly George-Warren em "Sua Vida, Sua Música"

Ela ficou com o Serguei?

Janis Japlin conheceu várias pessoas nas semanas que ficou no Brasil. Mas o famoso affair que ela supostamente teve com o cantor Serguei (1933-2019) não está no livro. Mas, segundo a autora, é provável, sim, que eles tenham "ficado".

Continua depois da publicidade
Serguei e Janis Joplin no Brasil - Reprodução - Reprodução
Serguei e Janis Joplin no Brasil
Imagem: Reprodução

O que a viagem deixou pra ela?

Janis se sentiu muito bem no Brasil. Usando remédios prescritos para aliviar a dor da abstinência, ela escreveu à escritora Myra Friedman dizendo que havia encontrado seu verdadeiro verdadeiro "eu beatnik", sem pensar em drogas. Um dos momentos mais felizes de sua vida.

Sua música e dança no palco foram influenciadas pelo tempo que passou na Bahia e no Rio. Ela amava se vestir pro Carnaval. De volta aos EUA, começou a usar penas no cabelo. E ela tatuou no pulso a réplica de uma pulseira que comprou no Brasil para lembrar das aventuras.
Holly George-Warren a Splash

OK, agora sabemos de onde surgiu este gingado

Obrigado por tudo, Janis. E vá pela sombra do paraíso