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Conheça a história de Jacque Sato e como Danni Suzuki mudou a sua vida

Jacqueline Sato
Jacqueline Sato
Gil Inoue/Divulgação

De Splash, em São Paulo

01/10/2020 04h00

Jacqueline Sato trabalhou na Globo, SBT e Record, mas até perceber que poderia ser atriz precisou superar um obstáculo: onde estavam os orientais na TV?

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Eu adorava brincar de bonecas, mas todas, desde a primeira que eu tive, eram loiras de olhos azuis. Também adorava cantar e dançar, mas na TV a Rainha dos Baixinhos não se parecia nada comigo.

Eu estava errada em querer ser diferente? Ou na sociedade na qual nasci é que não tinha espaço para a diversidade?

"Olhos puxados"

A apresentadora da Band tem ascendência japonesa e aos cinco anos entendeu o que era o sentimento de exclusão na escola. Assim, começou a ouvir que "falava para dentro" e passou a se isolar.

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Foi nessa época que comecei a deixar de ser espontânea. A sentar sozinha na hora do lanche. E a experimentar pela primeira vez esta sensação de não-pertencimento. Que seria algo recorrente ao longo da minha vida.

O que você quer ser quando crescer?

Onde estavam os descendentes de orientais na TV, no cinema e nas propagandas? Mesmo assim, Jacque começou a se imaginar cantando ou atuando. Mas a aparência era obstáculo.

Era um sonho tão, tão distante que comecei a acreditar que era impossível. Ou até, ridículo.

Sabe a Miyuki?

A esperança de Jacque renasceu como fênix quando ela viu Daniele Suzuki em "Malhação".

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Miyuki e Cabeção, em 'Malhação' - Reprodução - Reprodução
Miyuki e Cabeção, em 'Malhação'
Imagem: Reprodução

O fato de eu ver uma menina também com características fenotípicas amarelas, trabalhando na TV como atriz, me mostrou que era possível sim. Que talvez fosse ser difícil, mas se ela tinha conseguido, talvez eu tivesse alguma chance.

Que voltas o mundo dá, não é mesmo?

O sonho virou realidade e Jacque ganhou papel em "Sol Nascente", justamente a novela que foi criticada pela falta de representatividade. A mesma que teve Giovana Antonelli como protagonista vivendo a personagem que foi escrita para... Danni Suzuki!

Abrindo portas...

A participação de Jacque na novela serviu de incentivo para Ana Hikari, que veio a se tornar anos depois uma das protagonistas de "Malhação - Viva a Diferença".

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Imagina a dimensão que esta corrente de inspiração não teria se mais pessoas que representam uma minoria fossem vistas nos filmes, séries, novelas, e revistas por aí?

Japonesa ou brasileira?

Jacque fala sobre a enorme comunidade de japoneses no Brasil e afirma que não é legal se referir a um descendente oriental com apelidos como "japa" ou "china". Ela diz que já se sentiu menos brasileira por isso em testes como atriz.

Quantas vezes eu já não ouvi 'o seu olho não é tão puxado, né? Que pena. Daí, não serve'; ou 'nossa, mas como você é alta para japonesa, tem até corpo de brasileira'. E o pior de tudo: 'nossa, até que ela é bonita para ser japonesa' e 'é difícil ver uma japonesa bonita'

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Lembra o que ela contou de quando era criança? Depois de adulta, Jacque entendeu:

"Parafraseando Monique Evelle, hoje eu sei que eu 'falava pra dentro' não por ser naturalmente tímida, e sim por me sentir intimidada".

O sucesso do filme coreano "Parasita" no Oscar teve um sabor especial para ela.

Representatividade amarela

O manifesto completo de Jacque Sato e os detalhes de sua história você pode ler aqui.