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Guilherme Ravache

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Amazon deve fazer oferta pela MGM, mas James Bond pode atrapalhar o negócio

Amazon negocia compra da MGM  - MGM
Amazon negocia compra da MGM Imagem: MGM

Colunista do UOL

17/05/2021 21h18

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Resumo da notícia

  • Amazon planeja adquiria a MGM para aumentar seu catálogo de filmes e séries no Prime Video
  • O cenário de fusões e aquisições no setor de mídia está aquecido nos Estados Unidos, com empresas buscando se fortalecer para a guerra do streaming
  • O Amazon Prime já tem mais de 200 milhões de assinantes e 175 milhões assistem ao conteúdo em vídeo
  • A Netflix lidera o mercado com mais de 207 milhões de assinantes e a Disney+ superou 100 milhões de assinantes em apenas 16 meses
  • Catálogo da MGM tem mais de 4 mil títulos e 17 mil episódios, entre suas franquias clássicas estão James Bond e Handmaid's Tale
  • A franquia James Bond é a joia da coroa, mas como a MGM tem somente 50% de controle da marca, a capacidade de explorar o personagem é limitada

A safra de fusões e aquisições de empresas de mídia está em alta. Após a WarnerMedia e a Discovery anunciarem sua fusão nesta segunda-feira, no mesmo dia vazou a informação de que a Amazon está em conversas adiantadas para adquirir a MGM. O site The Information foi o primeiro a noticiar as negociações, seguido por outras publicações.

Notícias de que a Amazon (e outros gigantes da tecnologia) tem rondado a MGM já circulam há algum tempo. Em dezembro, a MGM já havia confirmado que estava em busca de um comprador. Mas fontes indicam que o interesse da Amazon em adquirir o estúdio ganhou força e uma oferta está a caminho. A Apple e a Comcast já abriram mão de comprar o estúdio meses atrás. Avaliaram a MGM em US$ 6 bilhões, mas a empresa queria ao menos US$ 9 bilhões e um acordo não foi alcançado.

Outro entrave para o negócio é que a franquia James Bond, uma das mais valiosas da casa, tem apenas 50% de propriedade da MGM. A Eon, empresa dona dos outros 50%, tem poder de veto sobre qualquer projeto com a marca James Bond. Mesmo os roteiros precisam passar pela aprovação da Eon e eles tem poder de vetar qualquer linha. A Eon resiste a criar spinoffs e novos produtos com receio de diminuir o valor da marca. No passado já afirmaram que James Bond é perfeita para as grandes telas, não as pequenas.

O negócio está sendo orquestrado por Mike Hopkins, vice-presidente sênior da Amazon Studios e Prime Video, diretamente com o presidente do conselho da MGM, Kevin Ulrich, cuja Anchorage Capital é uma grande acionista da MGM.

A guerra do streaming é cada vez mais violenta (ao menos para os caixas das empresas) com bilhões de dólares sendo investidos em conteúdo. A nova WarnerMedia-Discovery, por exemplo, afirma que gastará US$ 20 bilhões por ano em conteúdo. A Netflix investe US$ 17 bilhões e a Disney+ já anunciou que aumentaria o valor este ano, chegando à casa dos US$ 15 bilhões.

A Amazon atualmente tem mais de 200 milhões de membros Prime em todo o mundo. Jeff Bezos, CEO da Amazon, disse recentemente a investidores que 175 milhões deles assistiram ao conteúdo do Prime Vídeo no ano passado. A empresa planeja usar o Prime Vídeo como parte de sua estratégia para atrair mais clientes em todo o mundo. Uma maneira rápida de fazer isso seria ter acesso ao extenso catálogo de títulos da MGM.

Entre os mais de 4 mil filmes da MGM, há franquias como James Bond, Hobbit, Rocky/Creed, e RoboCop, "O Silêncio dos Inocentes", "Quatro Casamentos e um Funeral". A biblioteca da MGM TV inclui aproximadamente 17.000 episódios de programação, incluindo "Stargate SG-1", "Stargate Atlantis", "Stargate Universe", "Vikings", "Fargo", "The Handmaid's Tale", e " Teen Wolf ". Os programas não roteirizados em seu portfólio incluem "The Voice", "Survivor", "Shark Tank", "The Real Housewives of Beverly Hills "e" The Hills ".

Recentemente Netflix e Disney+ reportaram desaceleração do crescimento do número de novos assinantes de streaming no último trimestre. Uma das principais causas foi a falta de novos lançamentos com a paralisação de gravações e filmagens durante a pandemia. Mais uma prova de que o conteúdo (particularmente produções de sucesso) é a chave para o crescimento no streaming.