BBB 23 discutiu racismo, mas tem grande chance de acabar como BBB 19

Temporada com maior número de negros na história do programa, o BBB 23 começou com metade do elenco formado por pessoas pretas.

Em dado momento, pela primeira vez em sua história, o programa teve maioria formada por participantes pretos. Não foram poucas as discussões sobre vivências da negritude envolvendo preconceitos e intolerância religiosa, por exemplo.

Nas últimas semanas, no entanto, apenas participantes negros têm sido eliminados pelo público, mesmo que tenham disputado a preferência popular com figuras polarizadoras, como é o caso de Bruna Griphao, que tem comportamento problemático e levantam debates sobre racismo estrutural e privilégio branco.

O que as saídas de Marvvila, Gabriel Santana, Fred Nicácio, Cezar Black e Sarah Aline trazem à tona é uma lembrança de como se deu o BBB 19. Quatro anos depois, o reality show parece reviver sua temporada mais traumática, quando viu a questão da negritude ser diminuída de maneira agressiva e paulatinamente eliminando todo e qualquer participante não-branco, apenas para premiar uma campeã com discurso para lá de problemático.

O BBB 23, mesmo sendo a edição que mais discutiu racismo, tem grandes chances de ter uma vencedora branca, sem nenhum dos seus tantos participantes icônicos saindo com o prêmio. O paredão desta terça-feira (18), envolvendo Domitila, até então uma das favoritas, será uma resposta - ou confirmação - para o que vem sendo dito. Nas redes sociais, não são poucas as comparações.

A questão, em si, é que a maior parte dos concorrentes brancos ficou alheia a essas discussões de pautas étnico-raciais. O que se vê na reta final do programa é o retrato do privilégio, bem desenhado, por sua audiência, que pode ter entendido a importância do debate, mas preferiu premiar quem estava fora dele. O que era motivo de celebração acabou virando razão para tristeza.