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João Carlos Martins tenta tocar piano e retomar carreira após décadas

O maestro João Carlos Martins disse que vem ensaiando diariamente para voltar a tocar piano sem uso de luva biônica e retomar a carreira de pianista profissional após um intervalo de mais de 20 anos em decorrência de dores intensas provocadas pela distonia focal, uma doença rara. O maestro participou hoje (3) do UOL Entrevista para falar sobre o lançamento de sua mais recente biografia, "O indomável: João Carlos Martins entre som e silêncio", escrita por Jamil Chade, colunista do UOL.

O Washington Olivetto, na contracapa, primeiro ele diz que o livro poderia ser de Gabriel García Márquez, o livro do Jamil. No final, ele diz que a biografia certamente em pouco tempo estará desatualizada porque o maestro estará aprontando uma das suas. E ele acaba dizendo: 'Esse maestro não tem conserto', com s.

Hoje já faz 15 dias que eu fico cinco, seis, sete horas por dia trancado no meu quarto, num tecladinho, porque o meu 'impossible dream' continua. E com a mão esquerda. Hoje eu diria que tem 10% de chance. Mas como vou fazer o concerto de despedida dia 9 de maio de 2025 no Carneggie Hall, quem sabe dia 9 de maio eu faço meu concerto de despedida e, perto dos 85 anos, eu inicio minha carreira de pianista? É o meu 'impossible dream'. Por quê? Por que não? João Carlos Martins, maestro

O desafio atual que ele se impõe é tocar usando apenas a mão esquerda, sem suporte.

Eu durmo com as luvas. Uso as luvas 24 horas por dia. Mas as luvas estão moldando a minha mão. A mão direita não tem solução porque não tem músculo. Tiveram que cortar o nervo, tal era o tamanho da minha dor. Eu chegava a ficar horas e horas com lágrimas nos olhos de tanta dor. Das 29 operações, a maioria foi nas mãos, de tanta dor, porque eu tenho essa doença rara.

Eu fico sentado no tecladinho mudo e treinando horas e horas. Tirando a luva, porque a mão está moldada e, logo que eu paro de estudar, eu volto a usar as luvas. Outro dia, com o Jamil, eu toquei uma cabeça de Ravel, já tocando piano como gente grande. Mas isso é 10% daquilo que eu quero.

Se eu vou conseguir, eu não sei. Mas tenha certeza que esse maestro não tem conserto e tenho certeza que todo o repertório da mão esquerda eu vou fazer. Se eu tiver que fazer uma audição pra um empresário aos 85 anos pra ver se ele me aceita como pianista internacional, tenha certeza que eu farei essa audição aos 85 anos e tenha certeza que eu voltarei a tocar com as maiores orquestras. João Carlos Martins, maestro

Assista a íntegra do UOL Entrevista com João Carlos Martins:

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