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Todas as Flores consagra João Emanuel Carneiro como grande criador de vilãs

João Emanuel Carneiro, autor de "Todas as Flores" e "Avenida Brasil" - Divulgação/TV Globo
João Emanuel Carneiro, autor de "Todas as Flores" e "Avenida Brasil" Imagem: Divulgação/TV Globo

Colunista do UOL

12/04/2023 17h28

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Fenômeno de repercussão e crítica, Todas as Flores libera mais cinco episódios nesta quarta-feira (12), mas a novela não precisa chegar ao fim para reconhecer nela mais um grande acerto de João Emanuel Carneiro. E boa parte desse sucesso se deve ao modo bem-sucedido com que o autor consegue criar vilãs icônicas.

Este folhetim, por exemplo, já consagrou Regina Casé e Letícia Colin como grandes antagonistas da TV brasileira, mas dá um passo ainda mais longe ao apostar na dualidade de Zoé (Casé). A malvada, envolvida com tráfico humano, ama mais que tudo uma filha que havia abandonado ao mesmo tempo em que vive às turras com a outra. Tantas são as nuances da personagem que por vezes o espectador se pega compadecido ou rindo junto com ela. Já Vanessa (Colin) pisa fundo na ambição e na falta de escrúpulos, mas foge de qualquer caricatura já vista antes.

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Regina Casé e Letícia Colin: mãe e filha em Todas as Flores
Imagem: Divulgação

Autor de sucessos como "Avenida Brasil", João Emanuel Carneiro sabe que boa parte do sucesso de suas tramas está fundada nas vilãs que cria. Carminha, interpretada por Adriana Esteves, é constantemente lembrada até hoje como uma das grandes personagens da dramaturgia nacional e alçou a atriz a outro patamar. No horário das sete, Bárbara, vivida por Giovana Antonelli em "Da Cor do Pecado", e Leona, papel de Carolina Dieckmann em "Cobras & Lagartos", viraram figuras que a audiência amava odiar. O mesmo pode ser dito sobre Flora, de "A Favorita", que começou com ares de mocinha, mas logo viu sua máscara cair.

Não é exagero afirmar que boa parte do sucesso de Todas as Flores provém não só da construção robusta das personagens, ambiciosas e falhas, mas também do trabalho criterioso das atrizes. Ao narrar que foi abandonada criança ou gastar mais do que deve para compensar o estresse, Regina Casé consegue despertar empatia mesmo na pele de uma personagem completamente sem caráter. O mesmo ocorre com Letícia Colin, que parece se divertir tanto com as loucuras e as mentiras de Vanessa a ponto de despertar o mesmo sentimento em quem assiste.