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Bruno Krupp, ser influenciador não isenta responsabilidade pelos seus atos

Sem habilitação, Bruno Krupp atropelou jovem de 16 anos que morreu horas depois                              - Reprodução/Instagram
Sem habilitação, Bruno Krupp atropelou jovem de 16 anos que morreu horas depois Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

05/08/2022 07h00

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No último final de semana, o Brasil tomou conhecimento de um rapaz chamado Bruno Krupp. Até então conhecido no universo da família Pôncio, por ter namorado Sarah, o modelo ganhou projeção nacional da pior maneira: atropelando um rapaz que atravessava a rua na faixa de pedestre. Bruno estava a 150 km/h e não tinha habilitação. Ainda assim, ao falar sobre o assunto, o influenciador digital declarou: "Eu estava morrendo no hospital, os empregados me tratando mal no hospital, batendo com a maca no corredor, me chamando de assassino, como se eu tivesse feito alguma coisa errada".

No entendimento de Bruno, portanto, profissionais da saúde são "empregados". Também em sua opinião, ele não fez nada de errado. Perguntar não ofende: Será que dirigir uma moto sem placa, sem habilitação, com velocidade quase três vezes acima do permitido na via é algo certo? A coluna te responde, Bruno: é bem errado. Talvez, sendo modelo e influenciador, você esteja acostumado a ver pessoas apenas te elogiando. No caso de uma vida perdida por causa de imprudência, não, não tem como achar que você não fez "alguma coisa errada".

No mesmo vídeo divulgado pela Globo, o modelo diz: "Eu não bebi, eu não usei droga, foi um acidente, gente". Não dá para esperar parabéns por fazer o básico, não é mesmo? Não usar entorpecentes ao dirigir é obrigação, mas, para dirigir, é preciso estar habilitado, dirigir dentro dos limites da velocidade, com veículo identificável. Não era o caso. E, ainda que Bruno ache normal justificar tudo como um acidente como se não tivesse responsabilidade sobre ele, provavelmente a família do rapaz que morreu enquanto atravessava corretamente na faixa de pedestre acha o contrário.

Esse tipo de declaração dada por Bruno Krupp e reverberada por tanta gente só mostra o quanto influenciadores vivem num universo completamente alheio ao mundo real. Provavelmente o modelo ganhará seguidores com essa história. Não será improvável que a mídia tradicional e Instagrams de fofoca contem sua história de superação daqui a alguns meses ou que ele vire símbolo sexual com fotos sem camisa e passe a fazer publicidade. Há um grande perigo nessa terra de likes e desinformação. Há o risco de se transformar algoz em vítima. Nessa terra de privilégio escancarado, uma morte pode virar detalhe em nome de uma foto bonita ou vídeo de dancinha.

A real vítima dessa história é uma só: João Gabriel Cardim Guimarães, de 16 anos, que perdeu toda a vida que tinha pela frente. A Bruno, o mínimo a se esperar, é que assuma a responsabilidade pelo que ocorreu, sem falsas desculpas.