Sarah Oliveira celebra 20 anos de sua estreia no 'Disk MTV': 'É um orgulho'

Para muita gente que viveu essa época parece que foi ontem. Para Sarah Oliveira também. Difícil acreditar, mas há 20 anos a apresentadora estreava no comando do "Disk MTV", parada de sucessos da antiga MTV Brasil. Durante essa fase, Sarah, que depois teve passagens por Globo e GNT, fez diversas entrevistas internacionais e virou uma referência na atração, com seu jeito tranquilo e descolado.

Hoje com programa na Rádio Eldorado e produzindo conteúdo para o streaming, a apresentadora lembra com carinho desse tempo. Com indicação ao prêmio APCA pelo "Calada Noite" e 13 temporadas do "Viva Voz", ela ainda teve passagem pelo "Vídeo Show" e produziu um documentário chamado "Na Trilha da Canção" e uma série documental para o YouTube chamada "O Nosso Amor a Gente Inventa", mas a época da MTV é constantemente lembrada pelos fãs. A coluna conversou com Sarah. Leia a seguir.

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Sente saudade da época do Disk?
Eu sou muito aquariana, né? Eu nem me lembrava dessa data de 28/08/2000, mas esses novos perfis no Instagram em homenagem à MTV me lembraram isso. Mesmo porquem como eu comecei em rádio com 18 anosm eu não sabia direito quando eu tinha começado na MTV e eu tenho essa coisa de não olhar muito para o passado, sempre olho para o futuro. Eu tenho quase tudo em aquário. Quando eu me liguei da data me deu a maior emoção, porque por outro lado eu sou essa pessoa pautada pela memória afetiva. Todos os meus programas, desde que eu comecei a criá-los, são todos ligados a isso. Vou fazer uma live e montar meu top 10 para comemorar.

O programa ainda teria espaço na TV de hoje?
Acho que o "Disk" teria espaço, sim. As pessoas amam ouvir música, música dá muita audiência. Eu vejo pelo rádio, isso nunca vai morrer. Muita gente ouve rádio, mesmo com os podcasts também sendo muito populares. O "Disk" é a parada de sucessos. Acho que as pessoas votariam por aplicativo, não mais por telefone ou e-mail.

Quem estaria na parada do "Disk MTV" atualmente?
Com certeza, na parada de hoje, teria Letrux, Lil Nas X, Billie Eilish, Lana Del Rel, Anitta, Ludmilla, Tim Bernardes e o Terno. O Terno com certeza estaria na parada. Eles seriam o equivalente ao Los Hermanos da época.

Ainda te associam muito à MTV?
Tenho zero problemas em ser lembrada pela MTV, para mim é uma honra. Ter começado minha carreira televisiva na MTV era um orgulho, porque eu era espectadora da MTV, a gente produzia o que a gente consumia. Estávamos ali falando de jovem para jovem. Eu era uma pós-adolescente quando estreei. Tinha 20 anos, era uma menina! Era uma puta de uma responsabilidade colocar no ar um programa ao vivo e não só falar de musica mas também de conscientização, com campanhas a favor de uso da camisinha, contra as drogas, de prevenção contra o HIV. Era tudo muito progressista. É um orgulho. Eu sinto fala de tudo isso.

É verdade que você não queria aceitar a apresentação do "Disk"?
Meu intuito era ficar fazendo entrevistas, não ficar só no estúdio. Fui para Los Angeles com a Marina, Person cobrir um VMA, minha primeira viagem internacional, tinha nomes como Sarah Jessica Parker e Christina Aguillera no evento. E, na época, a Marina me falou que eu poderia continuar fazendo minhas entrevistas, mas como apresentadora. E eu ainda falava: "Mas eu sou do rock, eu o 'Disk' é muito pop". Imagina, que bobeira! Quando voltei, falei para Chris Lobo que topava e estreei em uma semana. As únicas experiências que eu tinha com ao vivo eram rádio - que eu já fazia - o balé clássico - porque ainda dançava na época -, e tinha feito teatro. Me colocaram na fogueira. Me falaram "Se joga aí e seja você". O Zico Góes me falou uma coisa linda: "Reserve um pouco do seu lado B", que eu levo comigo até hoje. Pode ser pop, pode ser mainstream, mas tem de ter um pouco do alternativo no coração.

Quais os momentos mais inesquecíveis do "Disk" para você?
Todas as vezes em que a Shakira participou, quando eu entrevistei a Alanis Morissette, a Britney Spears e o Michael Stype (vocalista do REM), que acabou virando um especial da emissora. E, claro, o projeto "Luau MTV", com Rita Lee, Cássia Eller, Titãs, Los Hermanos, Zeca Pagodinho. Todas as vezes que Sandy & Jr, Pitty, Chorão e Los Hermanos foram no "Disk". Muitos eram pessoas que começaram a carreira junto comigo.

A antiga MTV Brasil seria possível hoje?
Não sei se ela seria possível hoje, mas ela faz falta demais. A importância editorial da MTV antiga no jovem era de uma responsabilidade e de uma conscientização tremenda. Ela era progressista, verdadeira, afetiva. A gente era o que a gente era no ar e fora dele, e isso não aconteceu em lugar nenhum. A magia da MTV estava no fato de aqueles VJs, que estavam ali no ar, falando para a câmera, estavam ali como se estivessem falando com os amigos deles. Quem era fake ou pagava de muso não funcionava na MTV. E eu não sei se a gente está num momento de muita verdade hoje em dia, com tanta fake news, tanto ódio e tanta distorção da verdade. Aliás, a MTV era contra tudo isso. Aliás, ela estava além. É uma realidade triste, mas a gente vai dar a volta por cima. A gente não pode regredir mais.