Criticar paternidade de Thammy só atesta masculinidade frágil e transfobia
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Resumo da notícia
- Anúncio de que filho de Gretchen estaria em campanha da Natura rendeu protestos nas redes
- Curiosamente, não se vê hashtag condenando famosos cisgêneros que não pagam pensam ou não visitam os filhos
- Preocupado com o filho, Thammy é o homem e pai de família que todo brasileiro deveria ser
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 55 milhões de crianças não têm o nome do pai em suas certidões de nascimento. Em 2017, 11,6 milhões de lares do país eram chefiados apenas por mães solo. Com números tão expressivos, é de se admirar que alguém se dê ao trabalho de criticar alguém que tem feito o que todo pai deveria fazer: dar amor, carinho e sustento a seu filho. Aparentemente, para muitas pessoas nas redes sociais, Thammy Miranda tem esse problema: ser um pai presente.
Só isso explica tamanha gritaria - e oportunismo por parte de certos líderes religiosos - causada após o anúncio de uma campanha de Dia dos Pais da Natura que contará com o filho da cantora Gretchen e seu bebê, Bento. Thammy, na verdade, foi contratado como influenciador e não como estrela da campanha. Após tamanha repercussão, a empresa deveria promover-lo a todos os vídeos que serão veiculados. E a razão é simples: ele cumpre com o que muitos homens não fazem no Brasil.
Curiosamente, não vemos famosos sofrendo o mesmo nível de ataque quando atrasaram ou não pagaram pensão alimentícia. A lista é longa: Latino, Carlinhos Mendigo, Naldo, Romário e tantos outros já viraram manchete por causa do assunto. Nenhum virou hashtag ou foi atacado por pessoas ditas "de bem". Ora, a preocupação com a educação e futuro de uma criança estão diretamente ligados a seu sustento. Este fator parece ter sido ignorado.
Todos parecem mais preocupados com o fato de Thammy ser um homem transexual. Um homem, aliás, muito bem resolvido. Que paga as próprias contas, tem uma mulher linda e uma família incrível a seu lado.
Deve incomodar, em um mundo cujos homens objetificam mulheres e acham que podem passar impunes com preconceito disfarçados de brincadeira, ver o empresário fazer o que tantos não fazem. É preciso lembrar que a sexualidade não define caráter. Do contrário não haveria tantas crianças no aguardo por adoção, grande parte gerada por heterossexuais e cisgêneros.
Thammy é o chefe de família que muitos deveriam ser, é o exemplo de homem a ser seguido. E negar a ele a oportunidade celebrar a própria família é passar atestado de masculinidade frágil ou transfobia. O que ele tem entre as pernas pouco importa. O que tem na cabeça e no coração, sim.
Antes de atacar o filho de Gretchen, que as pessoas "de bem" se preocupem em cobrar de quem abandona os filhos ou não paga pensão. Isso, sim, merece protesto.
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