O novo coração do Faustão e as mentiras que surgem da ignorância
Fausto Silva fez um bem-sucedido transplante de coração neste domingo (27). Rapidamente superada a comoção pela sua saúde, começou a haver uma miríade de publicações nas redes sociais com todo tipo de ilação a respeito da velocidade com que a cirurgia se tornou possível.
Especialistas da área, assim como o próprio perfil oficial do Ministério da Saúde e a imprensa, fizeram detalhadas explanações a respeito do processo. Mas isso não bastou para muitas pessoas, que continuaram preferindo acreditar em algum tipo de mistério.
Não deixa de ser impressionante a maneira como as pessoas preenchem as brechas da própria ignorância com todo tipo de absurdo. O delírio que surge da falta de conhecimento é um dos padrões mais eloquentes da experiência humana.
Em muitas noites da minha infância, tinha medo dos barulhos que ouvia de móveis rangendo nos cômodos ao lado. Suspeitava de assombrações ou ninjas do desenho do Rambo, até que aprendi que os objetos se expandem e se contraem por conta da temperatura.
Mesmo de posse dessa informação, há quem prefira crer no que bem entende. As fake news florescem nesse espaço em que o oculto parece tremendamente mais interessante que a crueza dos fatos.
Em toda a história da humanidade, nunca foi tão fácil buscar conhecimento, como pregou o ET Bilu. Ao mesmo tempo, o ímpeto, demasiadamente humano, pode se frustrar com tanta objetividade: "Não pode ser só isso", desconfiam os incrédulos que anseiam crer naquilo que não se vê.
E é um problema sem solução. As redes sociais potencializaram de maneira sem precedentes esse tipo de comportamento e as leituras cada vez mais superficiais da realidade servem apenas para reforçar aquilo que alguns já aceitam como verdade, independentemente de qualquer argumento contrário.
No meio de tanto ruído na internet, que o Faustão e o seu novo coração tenham uma ótima recuperação.
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
Opinião
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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