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Croácia vende casas por 13 centavos de euro

De Nossa, em São Paulo

05/02/2024 15h40

As vendas de casas por um euro na Itália inspiraram centenas de pessoas a mudarem suas vidas. Agora, a Croácia também está oferecendo um programa de venda de propriedades a preços baixos, buscando atrair novos residentes para municípios considerados "fantasmas".

O que aconteceu:

Casas a menos de um real. As autoridades da cidade de Legrad, na Croácia, estão vendendo casas desabitadas ao preço simbólico de 0,13 euros (cerca de R$ 0,71).

Às margens do rio Drava, o pequeno município rural tem apenas 2.000 habitantes e busca atrair famílias jovens para aumentar sua população. Legrad faz fronteira com a Hungria, tem áreas verdes e praia, mas tem visto sua população diminuir desde o colapso do império austro-húngaro em 1918.

Por que 0,13 euros? A Croácia trocou a kuna, a moeda nacional, pelo euro no ano passado. A política das casas a baixo custo é conhecida como "Casas por uma kuna", e a conversão cambial de uma kuna é exatamente 0,13 euros —o que justifica o valor escolhido.

- - Reprodução / HRT - Reprodução / HRT
Cidade de Legrad, na Croácia, está vendendo casas a 0,13 euros
Imagem: Reprodução / HRT

Porém, existem algumas condições para quem quer comprar uma propriedade na cidade. Segundo a Forbes, os candidatos devem ter menos de 45 anos, não devem ter antecedentes criminais, devem estar em uma união conjugal e não devem possuir quaisquer outros bens. Já de acordo com o canal norte-americano CNBC, as autoridades não especificam se os bens deveriam ser na Croácia ou em qualquer lugar do mundo. Além disso, têm vantagem casais com filhos e que exercerem uma profissão que enfrenta escassez de mão de obra.

Essa não é a primeira vez que a cidade croata recorre a essa estratégia para atrair a atenção e novos residentes. A iniciativa começou em 2018. Já em 2021, 19 propriedades foram colocadas à venda.

"Nós nos tornamos uma cidade fronteiriça com poucas conexões de transporte para outros lugares. Desde então, a população tem diminuído gradualmente", disse o prefeito da cidade, Ivan Sabolic, à Reuters na época.

Segundo a rede de comunicação croata HRT, já foram vendidas cinco casas desde o lançamento da iniciativa. "Três famílias já se mudaram e o que nos encanta é que todas as três famílias receberam um novo membro durante a mudança. Isto aumentou o número de crianças nas creches", disse Sabolic à HRT.

Itália tem programa semelhante

Para impedir a morte das pequenas vilas, prefeitos italianos tentam atrair novos residentes através da venda de imóveis por apenas um euro, cerca de R$ 6,00 na cotação atual. A iniciativa existe pelo menos desde 2014 e ficou conhecida em italiano como "Case a un euro".

Em 2020, pelo menos 30 vilarejos italianos colocaram casas à venda pelo valor simbólico de um euro. A proposta chamava a atenção não só pelo preço irrisório como também pela localização dos imóveis, que ficavam em regiões famosas como a Toscana, a Sicília, a Sardenha, a Puglia, o Piemonte e a Lombardia.

Assim como na Croácia, a iniciativa visava combater o abandono dessas pequenas cidades, mas também exigia uma série de compromissos por parte dos compradores.

Cada cidadezinha estabelece suas próprias regras, mas a maioria exige que o comprador faça um investimento mínimo na reestruturação do imóvel, termine a obra dentro de um certo prazo e arque com todas as despesas relacionadas à documentação. Caso o novo proprietário não cumpra com o combinado, ele deverá pagar uma multa e o imóvel será devolvido à prefeitura.

Ainda assim, há quem veja nessas antigas casas um bom investimento, seja para passar a aposentadoria ou para transformar o espaço em uma pousada, hotel ou Airbnb. Segundo uma matéria do "Huffington Post Italia", a venda dos imóveis por um euro atrai principalmente norte-americanos, holandeses, alemães e ingleses.

As casas abandonadas podem ser vendidas para pessoas de qualquer nacionalidade. Porém, para poder viver na Itália, os cidadãos de países que não pertencem à União Europeia devem solicitar uma autorização de residência, chamado de "permesso di soggiorno".

Dessa forma, ser proprietário de um imóvel no país ajuda, mas não basta para obter o visto —o que é mais um ponto a se considerar antes de investir nas casas de um euro.

*Com reportagem publicada em 17/07/2020