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Como este avião da Vasp foi parar no 'meio do nada' em Minas Gerais?

De Nossa, em São Paulo

05/02/2024 15h12

A paixão pela aviação fez um empresário baseado em Minas Gerais se interessar por um dos últimos leilões de aviões da massa falida da Vasp, há 10 anos, em setembro de 2013. Tadeu Milbratz arrematou um dos Boeing 737-200 e o colocou "no meio do nada" ao lado de uma rodovia federal em Nanuque (MG), já perto da Bahia.

"Fiquei sabendo do leilão e falei: 'vamos comprar um Boeing deles'. Então eu pedi pro Fernando, que era nosso piloto aqui, pra vim resolver isso. 'Vai atrás do leilão lá', ele tava até em São Paulo, tinha que ser presencial. Ele foi lá e arrematou. Foi o melhor que tinha", lembra ele em conversa com Nossa.

Hoje, diversas pessoas param ali para tirar foto na "atração turística" que a cidade mineira ganhou. Mas até chegar onde está localizada, distante cerca de 8 km do centro da cidade, foi preciso um longo caminho.

A aeronave estava em Manaus e precisou de uma grande força tarefa até Nanuque. Se fosse passar apenas por via terrestre, teria em frente mais de 4,6 mil km. Mas o avião precisou ser desmontado, transportado de balsa pelo Rio Amazonas até Belém, e depois seguiu pela estrada até o nordeste mineiro.

"Foi um lote a cegas, ninguém sabia o que estava comprando. Uma das viagens que fiz para Manaus para ver a aeronave, me deparei com uma cena terrível", conta o piloto Fernando Ferracioli. Ele diz que as asas da aeronave arrematada foram serradas com uma serra: "Era uma das que estavam em piores condições".

"O custo que tiveram para fazer um serviço mal feito [de serragem] e tirar de dentro do aeroporto e levar para um galpão foi muito maior do que a gente gastou em todo o transporte do avião de Manaus até Nanuque", afirma o piloto, autorizado por Milbratz para comandar toda burocracia após o leilão. "Acredito que tenha sido o maior transporte rodoviário no Brasil de um avião depois da balsa. Foram três carretas envolvidas nesse transporte".