Novas tecnologias, como wifi a bordo, desafiam segurança em aviões
Você se sentiria confortável voando em um avião de passageiros sem piloto? Esta é uma questão a qual a maioria das pessoas provavelmente responderia com um sonoro "não".
No entanto, muitos especialistas dizem que esta perspectiva pode se tornar realidade algum dia. Especialmente, considerando-se o avanço no uso das tecnologias de pilotagem de veículos não tripulados, os drones.
Mas, à medida que a conectividade nos aviões de torna mais sofisticada, a proliferação de dados traz seus próprios desafios.
Na indústria de aviação há quem diga que a ideia de que os computadores de bordo de um avião possam ser "hackeados" não é absurda.
Automação
No ano que vem, quando o terminal 4 do aeroporto de Cingapura abrir, a Ásia terá o primeiro serviço de despacho e check in totalmente automatizado, com o uso de reconhecimento facial eletrônico.
Será possível fazer coisas que já fazemos hoje, como o check in via celular, mas também o despacho de bagagem e a passagem pelo controle de fronteira sem que tenhamos que falar uma pessoa.
Em nome do corte de custos, o primeiro contato cara-acara será na entrada do avião. Mas isso não é tudo. Dentro do avião, cada vez mais seremos convidados a continuar usando celular e outros equipamentos móveis.
Diz-se que estes aparelhos podem interferir na navegação dos aviões, mas a verdade parece ser outra: "Segurança é a preocupação número um... os órgãos reguladores sabem que é seguro operar estes aparelhos em todos os estágios do voo, mas eles gostam de fazer as coisas cuidadosamente", diz à BBC o presidente de comunicação global da Panasonic Avionics, David Bruner, durante o Singapore Airshow, no aeroporto de Chengi.
Novos aviões, como o Airbus A350 XW, terão "conectividade total", algo que a fabricante vem alardeando aos quatro ventos como forma de vender o gigante a jato.
A empresa de engenharia aeroespacial Honeywell já trabalha na próxima geração de wifi de bordo. A ideia é que a velocidade de conexão a 30 mil pés seja semelhante a que temos em casa ou em cafés.
"Será uma experiência completamente diferente", diz Brian Davis, vice-presidente da Honeywell para a Ásia, a respeito da possibilidade de passageros jamais deixarem de estar conectados durante o voo.
Riscos
No entanto, desde a que do voo 370 da Malaysia Airlines sumiu do mapa há quase dois anos, teorias conspiratórias vem circulando sobre a possibilidade de o Boeing 777 ter sido sequestrado remotamente por hakcers.
O primeiro ministro da Malasia, Mahathir Mohamed, chegou a mencionar tal possibilidade em um texto que publicou. O pesquisador de segurança aérea Chris Roberts injetou gasolina no incêndio ao afirmar que teria conseguido entrar no sistema de computadores de um avião a partir de seu assento, o que imediatamente engatilhou uma investigação do FBI.
Representantes da indústria desmentem esta possibilidade. "A imaginação de algumas pessoas é fértil", diz David Bruner, da Panasonic Avionics. "Não cremos que isso seja possível atualmente. Mas, ao ficarmos mais sofisticados, teremos que ter mais cuidados também para garantir que isso nunca aconteça".
Complexo
Então a sofisticação traz maiores riscos no futuro? Um sinal do quão aviões ficaram mais complexos é o número de componentes. Um antigo Boeing 737 tinha cerca de 40 mil peças. Um moderno Aibus A380 tem 4 milhões.
"Trabalhamos há anos em um 'super firewall' que separa os controles de voo de todo o resto (dos equipamentos no avião), para garantirmos que ninguém será capaz de acessa-lo do solo", diz Bruner.
Consideradas as transformações tecnológicas por que passa a aviação, tudo indica que esta indústria depende de que seus avanços estejam sempre à frente dos que tentam burlar digitalmente esquemas de segurança. A credibilidade do setor depende cada vez mais de seu pioneirismo.
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