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Pilotos de aviões dos anos 30 e 40 arriscam a vida em rali por 19 países

Aficionados por aeronaves antigas podem aproveitar as paradas para tirar selfies - Reprodução
Aficionados por aeronaves antigas podem aproveitar as paradas para tirar selfies Imagem: Reprodução

Renê Castro

Colaboração para o UOL

08/05/2018 04h01

Aeronaves da década de 1930 e 1940 estão saindo dos galpões para ganharem os céus novamente. O motivo atende pelo nome de Vintage Air Rally, uma competição que neste ano desafia pilotos e máquinas de todo o mundo a cruzarem o Ushuaia, na Argentina, e chegar a Miami, nos Estados Unidos. O percurso tem 44 dias e prevê passagem por 19 países, incluindo o Brasil.

O evento começa em 1º de novembro e as cidades de Bento Gonçalves (RS), Caçador (SC) e Foz do Iguaçu (PR) receberão a comitiva aérea nos dias 14, 15 e 16, respectivamente.

Quem estiver visitando alguns pontos turísticos famosos dos destinos, como o cânion Itaimbezinho, no Rio Grande do Sul, ou as Cataratas do Iguaçu, durante o feriado, poderá observar as aeronaves em ação. Pequenas paradas na região também estão previstas para que curiosos e entusiastas possam curtir o momento e fazer selfies.

BRASIL ESTÁ NA DISPUTA

Após uma seleção entre 675 equipes de 73 países, 15 duplas de 12 nacionalidades foram escolhidas para o rali, incluindo uma brasileira, composta pelos aviadores Eddy Eipper e Rodrigo Damboriarena.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, os amigos comemoram a oportunidade de participar do rali, mas sabem que a viagem é perigosa.
“O percurso é feito com um avião que, a rigor, não foi feito para isso”, afirma Eipper. E Damboriarena emenda: “vamos voar por lugares inóspitos, como a Cordilheira dos Andes, região amazônica, área oceânica. É uma viagem com grandes riscos e desafios”.

Confira abaixo a apresentação da dupla e algumas imagens do avião em ação.


ACIDENTE GRAVE EM 2016

Na edição de 2016 da corrida, que previa trajeto de Creta, na Grécia, até a Cidade do Cabo, na África do Sul, um dos aviões teve um problema mecânico e caiu em Nakuru, no Quênia. O piloto irlandês John Ordway tinha como copiloto a filha Isabella, mas ambos escaparam sem ferimentos do acidente . Já o Boeing Stearman 1941 ficou totalmente destruído.

O proprietário da aeronave, Yuval Binur, que acompanhava o grupo, conta que o plano de voo previa parar no aeroporto de Nairóbi. Mas, a cerca de 80 quilômetros do local da aterrissagem, o avião começou a ter problemas que resultaram em pane total. A solução foi uma aterrissagem em campo aberto e esperar pelo melhor.

“Não há palavras para descrever este milagre. Nada aconteceu com o piloto e a filha. A aeronave, por outro lado, está completamente destruída. Agora é esperar a investigação do caso, porque ninguém sabe o que aconteceu”, afirmou ele, que garantiu reconstruir o modelo para manter viva a história do Boeing Stearman. Até o momento não se chegou a uma conclusão do que poderia ter ocorrido com o avião.

Competição reúne 15 equipes de 12 países  - Reprodução - Reprodução
Competição reúne 15 equipes de 12 países
Imagem: Reprodução

AVIÕES USADOS NA SEGUNDA GUERRA

A equipe brasileira não se intimidou com o acidente e decidiu voar com um exemplar do Boeing Stearman. O modelo foi fabricado na década de 30 originalmente como avião de treino militar dos Estados Unidos e do Canadá durante a guerra. A aeronave chegou a ser usada pela Força Aérea Brasileira entre 1940 e 1948.

O modelo preferido das equipes, no entanto, é o de Havilland Tiger Moth, bimotor dos anos 30, utilizado em treinamentos na Segunda Guerra Mundial. A estabilidade e resistência do avião permitiram que fosse utilizado também para vigilância marítima, defesa e até mesmo modificado para funcionar como bombardeiro.

Outros competidores também farão uso de aeronaves Waco, fabricante norte-americana que fez história com seus planadores militares, especialmente durante a Invasão da Normandia e a Operação Market  Garden.

Saiba mais sobre a competição no site oficial: www.vintageairrally.com (em inglês).