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Viagem dupla: um site brasileiro funciona como o "Airbnb" da maconha

Micasa 420 é um site que oferece experiências e hospedagens para quem gosta de maconha - Reprodução
Micasa 420 é um site que oferece experiências e hospedagens para quem gosta de maconha Imagem: Reprodução

Helena Bertho

do UOL

15/01/2018 04h00

Foi pensando em conectar os viajantes usuários de maconha com os donos de casa disposto a recebê-los que a economista Larissa Ushida, 36, criou o site Micasa 420, que funciona mesmo como um Aibrnb da cannabis.

A ideia é simples: pessoas que curtem fumar maconha podem escolher casas em que a prática não seja um problema, em destinos turísticos que querem visitar. "São simplesmente pessoas que estão anunciando seus imóveis, dizendo que não é nenhum problema você ficar na casa dela se quiser fumar um baseado".

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Acessórios para fumar inclusos

Você pode anunciar seu imóvel ou procurar um lugar para ficar, de acordo com a data e seu destino. No anúncio, além das informações sobre as acomodações e preço, há um campo de "amenidades para fumantes". Nele, o dono do lugar coloca se é permitido fumar fora ou dentro da casa, se fornece bong (um aparelho utilizado para fumar) ou outros acessórios e até se há um cultivo na propriedade.

Segundo Larissa, atualmente, é possível encontrar hospedagens no Brasil, Uruguai, Chile, Argentina, México e Estados Unidos.

Em 2016, viajantes participaram de workshops de cultivo e culinária com maconha no Uruguai - Divulgação - Divulgação
Em 2016, viajantes participaram de workshops de cultivo e culinária com maconha no Uruguai
Imagem: Divulgação

Feiras e workshops de culinária com maconha

Além das hospedagens, o Micasa 420 oferece também experiências ligadas à maconha. A empresa organiza viagens para as grandes feiras que acontecem em diferentes países, como a Expocannabis no Uruguai. Nelas, além de poder conferir o que há de novo no mercado, o visitante curte shows, pode fumar e conhecer pessoas.

Workshops de cultivo e até de culinária com a erva também estão entre as experiências, assim como viagens para conhecer áreas de plantio. Uma das mais diferentes é uma visita a uma região no Marrocos onde fazendeiros cultivam a planta há séculos por tradição.

Site era focado em experiências na praia

Larissa é adepta do uso medicinal da maconha. "Tenho enxaqueca desde criança e já tentei de tudo. A cannabis é a única coisa que alivia a dor", conta. Mas investir no universo da erva não foi sua primeira ideia de negócio.

"O Micasa começou em 2012 e era um site de experiências no litoral. Era para você poder se hospedar em uma casa com a prancha já inclusa, por exemplo. Ele ficou no ar por poucos meses, porque a concorrência era brava. Se competíssemos com empresas grandes como o Airbnb ou o Alugue Temporada, íamos sair perdendo", lembra.

Surgiu então a ideia de reinventar o negócio através da maconha. "A gente via toda uma movimentação dos Estados Unidos, por que não iniciar isso no Brasil, já que não tem ninguém fazendo?". Assim o site passou a focar em hospedagem e experiências focadas na maconha.

Mas não é ilegal?

Foi preciso refazer tudo e o Micasa 420 foi lançado apenas em 2016. O crescimento, no entanto, tem sido lento.

"Apesar de sermos a primeira e única empresa que faz isso, ainda somos pequenos. A gente tem dificuldade em divulgar o trabalho. A publicidade é muito no boca a boca, porque é um mercado de nicho, que envolve algo que aqui dentro do Brasil é proibido", diz.

Mas, apesar de a maconha ser proibida no país, o site é completamente legal, assim como anunciar ou fazer uma reserva nele. Larissa contou e conta com advogados o tempo todo para garantir que o Micasa 420 esteja completamente dentro da lei.

"A gente não está comercializando maconha ou fazendo apologia. Estamos apenas reunindo experiências ligadas à cannabis em locais onde elas são permitidas. Na questão hospedagem, é apenas uma facilitação da comunicação. Não quer dizer que as pessoas que recebem ou se hospedam vão vender ou oferecer".

Mesmo assim, sites como o Instagram não permitem anúncios do Micasa 420, por considerar apologia ao uso de substância ilegal.