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Terremoto e furacão: saiba o que fazer em um desastre natural no exterior

24.ago.2016 - Mulher abraça criança após terremoto mortal que atingiu a Itália - Massimo Percossi/AP
24.ago.2016 - Mulher abraça criança após terremoto mortal que atingiu a Itália Imagem: Massimo Percossi/AP

Marcel Vincenti

Colaboração para o UOL

25/08/2016 20h47

O terremoto ocorrido na última quarta-feira (24) na Itália –e que, até o momento, já deixou mais de 240 mortos– mostra que muitos desastres naturais ainda são imprevisíveis e podem afetar, com grande letalidade, qualquer região do mundo. Segundo o Centro de Estudos Geológicos do governo dos Estados Unidos (USGS), houve pelo menos 100 tremores de terra com mais de 4,5 graus na escala Richter ao redor do planeta apenas nos últimos sete dias (a catástrofe italiana atingiu 6,2 graus).  

E o que fazer caso você, brasileiro, tenha a infelicidade de ser afetado por um terremoto ou outro tipo de desastre natural no exterior? 

Primeira providência
Sempre carregue o telefone e o endereço do serviço consular brasileiro que opera no destino que você está visitando (uma lista completa com os dados desses locais pode ser encontrada aqui). Na ocorrência de fenômenos que causem grandes estragos (como terremotos, tsunamis ou furacões), o ministério das Relações Exteriores do Brasil, através dos postos consulares reunidos no link acima, pode prestar uma série de serviços ao viajante brasileiro. Abaixo, veja dicas e regras básicas para (tentar) sobreviver a situações adversas fora do território verde e amarelo. 

Sem lenço e sem documento. O que fazer?
Caso o viajante perca seu passaporte e outros documentos pessoais durante uma situação adversa (muitos turistas perderam seus documentos no tsunami que atingiu a Ásia em 2004, por exemplo), a repartição consular pode emitir, gratuitamente, um documento chamado Autorização de Retorno ao Brasil (ARB), que permite que o viajante tome seu voo de volta ao país e entre no território nacional sem seu documento oficial de viagem. 

Se o turista sofreu ferimentos
Em situações como esta, oficiais do Itamaraty costumam acompanhar pessoalmente o atendimento médico da vítima no hospital local e facilitar seu contato com sua família no Brasil (gastos com atendimento médico, porém, geralmente não são pagos pelo governo brasileiro).

Sem dinheiro e sem cartões
Em casos como a perda do dinheiro e cartões de crédito durante uma catástrofe, o Ministério das Relações Exteriores pode dar assistência alimentar e de hospedagem ao cidadão do Brasil. Mas não conte com a entidade para cobrir todos os seus gastos. E quer diminuir as chances de enfrentar um terremoto como o da Itália em suas férias? Veja o mapa abaixo.

Como entrar em contato com os serviços consulares?
Os postos diplomáticos brasileiros ao redor do globo têm horários de atendimento limitados, mas, no primeiro tópico indicado acima (Primeira Providência), existem números telefônicos destinados a situações de extrema emergência. Se não for possível entrar em contato com essas linhas emergenciais no exterior, há um número no Brasil para o mesmo fim: (61) 98197-2284, que pode, inclusive, ser acessado por WhatsApp. 

Falando coma família
Caso o turista precise contar com a ajuda de alguém no Brasil para auxiliá-lo em uma situação de emergência (ou um familiar no Brasil que esteja desesperado para saber como está a situação de seu ente que se encontra em um país que viveu uma situação catastrófica), é possível ligar para o Núcleo de Assistência a Brasileiros (NAB), serviço sediado em Brasília que tem como objetivo ajudar as duas partes a entrar em contato. O telefone do NAB é (61) 2030-8804.

E aqui vai outra dica importante: sempre deixe o número do seu passaporte com algum familiar antes de viajar. Esse dado pode ajudar (e muito) para que você seja localizado pelo Núcleo de Assistência em um cenário de emergência. 

Como agir no meio de um desastre natural?
Há atitudes importantes para serem tomadas caso o turista se veja, subitamente, no meio de um grande tremor de terra. O governo dos Estados Unidos tem um site chamado "Ready" ("Preparado"), que ensina os internautas a como reagir nas mais variadas situações catastróficas.

Na seção "terremotos", o governo americano aconselha: "fique onde você está até que o tremor termine. Encolha-se no chão com suas mãos protegendo a cabeça e o pescoço. Fique longe de janelas e objetos que podem cair sobre você, como estantes. Se você sentir que pode se mexer com segurança, tente entrar debaixo de alguma mesa. Se o terremoto ocorrer enquanto você estiver dormindo e você acordar, fique na cama e cubra a cabeça com o travesseiro".

Mapa da USGS mostra que 102 terremotos ocorreram no mundo na última semana; os mais graves, como o da Itália, estão em laranja  - Divulgação/USGS - Divulgação/USGS
Mapa da USGS mostra que 102 terremotos ocorreram no mundo na última semana; os mais graves, como o da Itália, estão em laranja
Imagem: Divulgação/USGS

Estar na rua, por sua vez, não é garantia de segurança, visto que postes e até edifícios inteiros podem cair sobre o pedestre. O ideal é se agachar em uma área aberta e se encolher no chão com as mãos protegendo a cabeça. Se estiver dirigindo, pare o carro imediatamente, de preferência longe de postes ou árvores. 

Enfrentando furacões
No caso destes fenômenos que são mais previsíveis, como furacões, há algumas ações específicas a serem tomadas. De acordo com o ministério das Relações Exteriores do Brasil, "é importante identificar abrigos temporários, ter à mão casacos e roupas impermeáveis, guardar documentos em bolsas plásticas e procurar afastar-se de zonas costeiras. Durante o furacão, fique afastado de portas e janelas". Caso você saiba que ele irá atingir a cidade que está visitando, e não tiver tempo de sair de lá, entre em contato com o serviço consular brasileiro local.  

Atualmente, destinos turísticos que sofreram com tsunamis (como a Tailândia) estão recheados de placas que mostram a rota de evacuação caso o fenômeno ocorra novamente. Memorize a localização da entrada desses trajetos para saber para onde correr em uma emergência.     

Lembre-se que é fundamental ter um seguro-saúde antes de qualquer jornada ao exterior (e verificar se ele cobre atendimento médico causado por desastres naturais) e que o Itamaraty não paga despesas funerárias para viajantes brasileiros.

Como é viver um terremoto?
Em 25 de abril de 2015, o casal de brasileiros Vanessa Ohswald e Rodrigo Melvin estavam de férias em Katmandu, a capital do Nepal. "A gente foi a um spa fazer uma massagem e, de repente, começou um barulho violento e crescente, como se fosse uma pessoa muito grande correndo em um piso de madeira", lembra Vanessa. "Em seguida, tudo começou a tremer. Parecia que estávamos em um liquidificador. Para nós brasileiros, que não temos terremoto no Brasil, é uma experiência de terror. A gente não conseguia parar em pé. E estávamos no segundo andar de um prédio". 

O ano é 2072 no calendário nepalês, mas a visão da capital nepalesa remete a um período de séculos atrás. A poeira predomina em Katmandu - Debora Komukai/UOL - Debora Komukai/UOL
Terremoto no Nepal: turistas brasileiros foram afetados pelo desastre
Imagem: Debora Komukai/UOL

Vanessa conta que, assim que o primeiro tremor parou, eles desceram e deixaram o local. Nas ruas, segundo ela, havia muitas casas destruídas (mais de 8.000 pessoas morreram no terremoto nepalês, que atingiu 7,8 graus na escala Richter). Ao chegar ao seu hotel, viram que o prédio vizinho havia desabado. À noite, eles dormiram no saguão de outro hotel, apavorados com as possíveis réplicas do terremoto. Traumatizado, o casal ficou sem dormir direito até o dia 28 de abril, quando retornaram a terras brasileiras. 

E você? Já viveu alguma situação de extremo perigo no exterior? Deixe seu relato na área de comentários da reportagem.