Topo

Viagem de carro de São Paulo a Buenos Aires é opção para turistas aventureiros

EDUARDO VESSONI

Colaboração para o UOL, de Buenos Aires *

21/07/2011 19h30

Em época de vulcão furioso e aeroportos com operações incertas, rodar mais de 3 mil km entre São Paulo e Buenos Aires pode ser não só a garantia de chegar à capital argentina, mas também a possibilidade de ver atrativos turísticos escondidos pelo caminho.

Serras cortadas por vales profundos, praia com mais de 200 km de extensão, navio naufragado e cidades históricas. Definitivamente, ir a Buenos Aires será uma experiência única até mesmo para quem já tem esteve na cidade mais de uma vez.

“A viagem é uma degustação de diversos atrativos turísticos localizados ao longo do trajeto. É vivenciar um pouco de cada um dos destinos”, descreve Cacá Clauset, piloto que carrega no bagageiro de experiências a travessia terrestre entre o norte do Alasca e o Ushuaia, duas participações no Rally Paris-Dakar e uma viagem (de jet ski) do Chuí ao Oiapoque, em 88 dias.

Em uma viagem em que o 'chegar' vale menos do que o 'estar' e nenhum ponto é mais importante do que a viagem em si, a estrada é protagonista e reserva os melhores cenários e as sensações mais marcantes.

A jornada começa em São Paulo, a 3.300 km do destino final. Registro, cidade a 194 km da capital, serve como parada técnica, mas a paisagem só começa a desviar a atenção do motorista a partir da Serra do Cafezal, uma sequência de curvas sinuosas que rasgam montanhas decoradas com dezenas de bananeiras ainda na BR 116.

 

Dali pra frente, os passageiros são testemunhas de um do roteiros rodoviários mais cenográficos do Brasil. O tom da viagem segue no ritmo de cada um, mas a experiência é capaz de deixar marcas profundas em viajantes independentes que não se contentam com o turismo fácil e previsível das viagens tradicionais.

“O maior desafio mesmo para quem vai até Buenos Aires de carro é ter a iniciativa de tirar seu 1.0 da garagem para encarar a viagem”, conta Cacá Clauset, que já fez o mesmo trajeto sete vezes, uma delas para levar a mudança do pai que estava indo morar na cidade.
 

A lista de atrativos é longa e acompanha o grau de aventura que o viajante está disposto a incluir no roteiro.

Cidades como Morretes e Colonia del Sacramento, cujos centros históricos congelam o visitante no tempo; escarpas que rasgam montanhas imponentes das serras catarinenses, como as cenográficas Serra do Corvo Branco e Serra do Rio do Rastro; imensas faixas de areia com 254 km de extensão, no Rio Grande do Sul, em que os únicos protagonistas são centenas de aves migratórias e as ruínas expostas de um navio naufragado de 1976; e cidades agitadas como Florianópolis e Punta del Este que são capazes de renovar a energia dos que dirigiram durante todo o dia.

E assim, a cada quilômetro rodado, o viajante degusta o continente como nunca havia imaginado (e ainda dá tempo para o vulcão acalmar os ânimos).
 

* O jornalista Eduardo Vessoni viajou de carro a Buenos Aires a convite da Ford Brasil