Os campeões do Prêmio Nossa

Um paulistano que tivesse sido congelado há 10 ou 12 anos e acordasse agora ficaria surpreso com a variedade de cervejas à disposição para provar na cidade. São Paulo acompanhou vivamente a revolução cervejeira na última década e hoje brinda o fã da bebida lupulada com fartura e diversidade.

Surgiram bares especializados na produção artesanal local e de outros cantos do país. Tap rooms com cervejas fresquinhas tiradas na pressão apareceram. Pequenas fábricas urbanas — os brew pubs — pipocaram. Fora a invasão de rótulos artesanais em bares e restaurantes.

Hoje, há pontos cervejeiros de respeito espalhados por toda a cidade, alguns fabricando suas próprias cervejas no local (o que enche de orgulho os beer geeks bairristas) e muitos entendendo os gostos e as tendências do público — de uma levíssima e fresca Witbier até a paulada de lúpulo e sabor de uma Imperial IPA.

Os vencedores do Prêmio Nossa na categoria Melhor Bar de Cerveja e Chope são uma prova. Conheça as casas campeãs:

A história de uma cervejaria artesanal raiz inicia-se quase sempre com amigos que fazem cerveja em casa, resolvem vender sua produção e se profissionalizar.

A Trilha começou assim, num laboratório improvisado no restaurante do chef Beto Tempel em São Paulo. Ali, ele e o amigo de jardim de infância Daniel Bekeierman começaram a elaborar suas primeiras receitas.

A virada veio com a criação da Melonrise, Juicy IPA considerada perfeita pelos rapazes, antes do estilo entrar em moda (até hoje é a mais vendida da marca).

Dando um chega pra lá na obviedade, a Trilha ganhou espaço próprio, num sobrado de Perdizes, onde por um bom tempo funcionou a fabriqueta. Uma usina de inovação, lançando de azedas sour beers a doces pastry stouts.

O bar de Perdizes ainda existe, mas hoje a Trilha tem espaço amplo na Barra Funda, onde centralizou a produção e abriu a Trilha Fermentaria. Uma cerveja nova é lançada por semana e, nessa batida, Daniel contabiliza mais de 400 receitas preparadas em 8 anos de história.

Na Fermentaria, além de curtir a variedade de estilos da bebida, é possível provar as pizzas de massa de malte e levedura de cerveja, rústicas e crocantes. Petiscos acompanhados do pão feito com a mesma massa também saem da cozinha liderada pela chef Gabi Guerreiro.

Trilha Cervejaria
Rua Cônego Vicente Miguel Marino, 390, Barra Funda; Rua Apinajés, 137 Perdizes; Rua Pedroso Alvarenga, 569 Itaim.
trilhacervejaria.com.br

Para muitos, o Empório Alto dos Pinheiros (EAP, na intimidade) segue sendo o templo cervejeiro da cidade, dada a oferta de garrafas e latas nacionais e importadas e do líquido espumoso que jorra de 44 torneiras.

Se alguém precisar de um lugar para dar uma aula prática de estilos de cerveja, é o paraíso: nenhum outro ponto reúne tanta variedade.

Nem sempre foi assim. Há 16 anos, o primeiro desenho de negócio do local era um misto de rotisserie, bar, restaurante e loja de guloseimas e bebidas. Paulo Almeida, o proprietário, sacou a revolução cervejeira que se agigantava e rótulos brasileiros, belgas ou estadunidenses foram tomando o espaço da delicatessen.

"As cervejarias cresceram e crescemos juntos", conta Paulo, que abraçou a causa com garra, preocupando-se com o serviço correto - a taça ideal para cada estilo -, dando informação ao público e apoiando novos cervejeiros do país.

O EAP transformou-se em referência e até hoje funciona como uma "biblioteca" da cerveja — ou melhor, cervejoteca. São cerca de 550 rótulos não pasteurizados, sempre rotativos, dependendo da oferta e da sazonalidade. A casa ainda oferece outros tipos de fermentados, como vinhos e sidras, e uma fina seleção de destilados.

Empório Alto de Pinheiros
Rua Vupabussu, 305, Pinheiros
eapsp.com.br

A Cervejaria Nacional é um dos primeiros brew pubs da cidade e sua história repete a saga do cervejeiro caseiro que se profissionalizou.

No final dos anos 90, vivendo nos Estados Unidos, Luis Fernando Fabiani impressionou-se com intensidade e a criatividade da cena cervejeira de lá.

De volta ao Brasil, estudou, aprendeu a fazer a própria cerveja e a coisa virou profissão quando, junto a outros sócios, passou a fornecer para pubs de São Paulo. A ideia de ter o próprio bar e fazer cerveja dentro da cidade foi concretizada há 13 anos, quando nasceu a Cervejaria Nacional, em Pinheiros.

Hoje, não há fã de cerveja que não tenha esquentado as cadeiras da Nacional. E com entusiasmo, pois de tédio ali ninguém morre. Além de receitas que não saem de linha, como a Mula IPA, a Sa'si Stout e a Domina Weiss, os mais arrojados surpreendem-se com os lançamentos sazonais que acontecem de dois em dois meses.

A Nacional convida cervejarias, sommeliers e profissionais da gastronomia e de outras áreas para colaborar com as pedidas sazonais, explorando uma larga gama de ingredientes.

Lúpulo brasileiro, raízes e ervas das garrafadas, castanha de pequi e pepino são alguns dos elementos que já foram parar nos tanques de fermentação do brew pub, comandados pelo mestre-cervejeiro Marcos Braga.

Cervejaria Nacional
Av. Pedroso de Morais, 604, Pinheiros
cervejarianacional.com.br

Houve um tempo em que, para beber uma cerveja diferentona em São Paulo, os devotos do lúpulo precisavam peregrinar até a Freguesia do Ó e deliciar-se com a fartura de opções oferecidas pelo Frangó.

Hoje a cidade tem uma variedade incrível de bares de cerveja, mas não se esquece desse pioneiro. Prova é o título de melhor bar de cerveja concedido ao Frangó por voto popular no Prêmio Nossa de Bares e Restaurantes.

O lugar nasceu como rotisserie em 1987, vendendo frango na grelha e outros quitutes. Havia fila para levar para casa a iguaria, servida por Waldecyr Piccolo, fundador do estabelecimento, falecido no ano passado.

Visionário, Waldecyr garimpava rótulos estrangeiros de cerveja e percebeu que a romaria até seu ponto de venda, por causa da bebida, era cada vez mais caudalosa. Transformou a rotisserie em bar. Ou melhor, um barzão, com espaço de sobra para turmas grandes e animadas.

O frango ainda é uma das estrelas da casa, grelhado, à passarinho ou recheando as coxinhas, que também costumam frequentar os rankings de melhores petiscos da cidade.

Para harmonizar, uma vasta seleção de cervejas brasileiras, belgas, alemãs, argentinas, austríacas, escocesas, estadunidenses, holandesas, inglesas, jamaicanas, irlandesas, australianas.

Frangó
Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó, 168, Freguesia do Ó
@frangobar

Destaques da categoria

Os bares que também foram finalistas na votação do júri e no voto popular no Prêmio Nossa

Divulgação

Bar Balcão

É a boêmia preferida de artistas e intelectuais. No bar que já consideram casa, eles se acomodam na bancada única (de 25 metros em ziguezague) e pedem ao garçom chope gelado ou caipirinha acompanhado de sanduíches, como o beirute de rosbife.
Rua Dr. Melo Alves, 150, Cerqueira César. @barbalcao

Reprodução

Bar Original

Instalado em uma antiga mercearia de bairro, o estabelecimento preserva a história do imóvel por meio de detalhes como o piso de ladrilhos hidráulicos. De colarinho alto e ultra cremoso, o chope da casa é tirado com precisão e vai bem com os acepipes frios do balcão.
Rua Graúna, 137, Moema. @baroriginal

Divulgação

Cervejaria Central

A casa descomplica o universo das cervejas artesanais. Das torneiras, descem chopes de fabricação própria, como a azedinha e refrescante goiabeira sour, que combinam com a costelinha de porco que chega a se desmanchar na boca.
Rua Jesuíno Pascoal, 101, Vila Buarque. @cervejariacentralsp

Divulgação

Tank Brewpub

Do salão, é possível acompanhar a produção nos fundos do bar. Das vinte torneiras dispostas no balcão, provam-se receitas autorais produzidas ali mesmo, como a mary brew. Inspirada no bloody Mary, a cerveja de estilo Gose leva sal de aipo e tomate.
Rua Amaro Cavalheiro, 45, Pinheiros. @tank_brewpub

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