Topo

Três anos após incêndio, Catedral de Notre-Dame realiza primeira cerimônia para o público

 Catedral em reconstrução em julho de 2021 - Aurelien Meunier/Getty Images
Catedral em reconstrução em julho de 2021 Imagem: Aurelien Meunier/Getty Images

15/04/2022 13h29

Há exatos três anos, um grande incêndio devastou a Catedral de Notre-Dame, no coração de Paris. As chamas atingiram o telhado, além de parte da abóbada, o relógio e sobretudo a magnífica "flecha" assinada por Viollet-le-Duc, que compunham o monumento. Desde então, um projeto gigantesco foi lançado para sua reconstrução. Só a fase para restabelecer a segurança do edifício duraria dois anos, com a etapa de restauração sendo iniciada há apenas um ano.

Três anos depois, as causas do incidente continuam desconhecidas. Com a extensão dos danos causados pelo incêndio, é muito provável que nunca sejam descobertas, mantendo a causa acidental como oficial. Tornar a área acessível aos investigadores já se revelou um primeiro desafio, e a crise sanitária no ano seguinte e a coleta de depoimentos de mais de uma centena de testemunhas deixaram a tarefa ainda mais difícil.

A Catedral em reconstrução recebeu a visita do presidente Emmanuel Macron nesta sexta-feira (15), para marcar o terceiro aniversário do impressionante incêndio que devastou um dos monumentos mais visitados da França e do mundo. A data também é uma oportunidade para um balanço do andamento dos trabalhos.

"Hoje, a fase de restauração da Catedral está totalmente implementada. No canteiro de obras em Paris estão sendo realizadas três operações preparatórias para a restauração que serão concluídas nas próximas semanas. A remoção total de poeira dos interiores, abóbadas, paredes, pisos da catedral, a dessalinização das abóbadas - o sal da água utilizada pelos bombeiros chegou às abóbadas - e depois a limpeza das redes técnicas", explicou à RFI Jérémie Patrier Leitus, diretor de comunicação do estabelecimento público responsável pela restauração do monumento.

O trabalho de restauração também avança em oficinas especializadas em toda a França. "Estamos serrando os mil carvalhos que serão usados ??para reconstruir a flecha Viollet-le-Duc em 45 serrarias em todo o país. Três construtores de órgãos localizados no sul estão restaurando o grande órgão da catedral e, estamos extraindo os mil metros cúbicos de pedras que serão usadas para reconstruir as abóbadas da catedral, as paredes do aparador e as restaurações interiores em pedra", declarou Leitus, enfatizando o comprometimento de todas as equipes para que o calendário seja cumprido e permita a reabertura da catedral em 2024.

Envolta em mistérios

Novos mistérios, no entanto, se somam ao desafio da reconstrução, como a descoberta de um sarcófago de chumbo, que será aberto em breve nas instalações do Instituto Forense, em Toulouse. Descoberto em março durante as escavações arqueológicas, anteriores aos trabalhos de reconstrução, o objeto estava enterrado a 20 metros de profundidade e está em bom estado de conservação.

O orçamento da obra está estimado em cerca de ? 7 milhões (R$ 35 milhões) para o interior da Catedral — seu traçado litúrgico, mobiliário, objetos - e será custeado pela diocese. Já a restauração do edifício depende dos doadores que subsidiam o local.

Até hoje foram arrecadados 844 milhões de euros (R$ 4,2 bilhões), vindos de 340 mil doações de colaboradores de 150 países. No entanto, isso pode não ser suficiente para cobrir todas as obras de renovação da Catedral e, em particular, os relevos das fachadas norte e sul do edifício.

Ao final da manhã, o reitor da Catedral, o administrador da diocese Georges Pontier, um cantor e um clérigo se reuniram na nave da Notre-Dame, suspensos por um andaime, para um momento de "oração pelas vítimas das guerras, da pandemia, da violência e do ódio", especificou Dom Chauvet, reitor de Notre-Dame. E, pela primeira vez desde o incêndio, uma meditação foi proposta aos fiéis no pátio em frente à Catedral.

(Com informações de Lucie Bouteloup, da RFI)