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Turismo do sono: a moda dos viajantes que vão a hotéis para dormir

Já pensou em viajar para um lugar pensando em recuperar o sono perdido? - AntonioGuillem/Getty Images/iStockphoto
Já pensou em viajar para um lugar pensando em recuperar o sono perdido? Imagem: AntonioGuillem/Getty Images/iStockphoto

Matheus Doliveira

Colaboração para Nossa, em Londres (Inglaterra)

20/03/2023 04h00

Atire a primeira pedra quem nunca se sentiu cansado durante uma viagem.

Embora, na teoria, viajar seja sinônimo de relaxar e recarregar as energias, na prática, cumprir itinerários sem deixar de visitar todos aqueles museus que você sempre quis conhecer pode se tornar uma missão árdua — mesmo de férias, sem as obrigações do dia a dia.

A boa notícia para os viajantes cansados é que a indústria do turismo do sono está crescendo como nunca.

De camas que custam uma verdadeira fortuna a chás naturais e essências aromatizantes que embalam os sonhos dos turistas, as principais bandeiras hoteleiras do mundo estão começando a investir na qualidade do sono de seus hóspedes.

O nicho vai muito além de camas macias e travesseiros alvos.

A indústria do turismo do sono se vende como uma espécie de oásis para os exaustos, um retiro onde se aprende a dormir bem — e entender a importância disso.

Camas, aromas e banhos

A Hästens, fabricante sueca de camas e colchões que é a queridinha dos super-ricos, inaugurou em Portugal o primeiro spa do sono do mundo no ano passado.

São 15 suítes milimetricamente pensadas para que o hóspede alcance o sono perfeito. A estratégia para hipnotizar corpo e mente passa por isolamento acústico, jogo de luzes, cores e cheiros que induzem o sono.

Camas do Hästens Sleep Spa podem custar até 200 mil euros - Divulgação - Divulgação
Camas do Hästens Sleep Spa podem custar até 200 mil euros
Imagem: Divulgação

Servindo como vitrine da marca, o hotel disponibiliza as camas e colchões top de linha, que custam até 200 mil euros.

A preocupação com o repouso dos hóspedes não fica restrita a hotéis spas especializados.

Algumas das bandeiras hoteleiras mais famosas dos Estados Unidos e Europa já consideram turismo do sono como mais um produto de seus portfólios.

Existem desde experiências relaxantes que duram apenas alguns dias, até suítes que foram totalmente repaginadas, destinadas a viajantes que desejam um sono estrategicamente pensada por profissionais.

O Park Hyatt de Nova York, que pertence a um dos maiores grupos hoteleiros do mundo, inaugurou no ano passado uma suíte modelo de sono restaurador.

Turismo do Sono - Hyatt Nova York - Instagram/Reprodução - Instagram/Reprodução
A suíte do Hyatt , em Nova York
Imagem: Instagram/Reprodução
Turismo do Sono - Hyatt Nova York - Instagram/Reprodução - Instagram/Reprodução
É difícil encontrar uma data livre na suíte
Imagem: Instagram/Reprodução

Chamado de Bryte Restorative Sleep Suite, o quarto de 270 metros quadrados é inteiramente pensado para o maior sossego possível do hóspede.

Os colchões da marca Bryte (do mesmo grupo dono do hotel) possuem 90 almofadas inteligentes que detectam, ajustam e aliviam os pontos de pressão e tensão do corpo de quem está dormindo.

O colchão também regula a temperatura corporal do hóspede para que ele não passe calor, e ainda disponibiliza um relatório completo da qualidade do sono direto no celular.

A diária na suíte do hotel de luxo parte de US$ 1.500, e mesmo assim o quarto sempre está ocupado.

Outras gigantes da hotelaria, principalmente de luxo, seguem o mesmo caminho.

Redes entraram no jogo (e tem até médico à disposição)

Piscina de água salgada do Rosewood Georgia é mantida a 28 graus celcius - Divulgação - Divulgação
Piscina de água salgada do Rosewood Georgia é mantida a 28 graus celcius
Imagem: Divulgação

O Rosewood Hotels & Resorts lançou recentemente um retiro chamado Alquimia do Sono (Alchemy Sleep), disponível em 19 hotéis da rede.

Com pacotes de 2 ou 3 dias, o retiro incluí tratamentos como meditação, ioga, aromaterapia e até mesmo banho de piscina com água aquecida salgada.

O grupo Six Senses também possuí seu programa de bem-estar do sono em alguns hotéis da rede.

No Six Senses Ibiza, um médico do sono fica à disposição dos hóspedes - Divulgação - Divulgação
No Six Senses Ibiza, um médico do sono fica à disposição dos hóspedes
Imagem: Divulgação

Para fugir da agitação de Ibiza, por exemplo, os viajantes podem escolher um tratamento de sono de até 7 dias.

O programa inclui uma consulta diária com um médico do sono residente da propriedade.

Em Londres, o Cadogan, do Belmond Hotel, disponibiliza um "concierge do sono", incluindo um serviço de meditação guiada antes de dormir e um "menu de almofadas", além de cobertor pesado, seleção de chás e névoa perfumada no quarto antes das luzes se apagarem.

The Cadogan, em Londres, tem menu de travesseiros - Turismo do Sono - Divulgação - Divulgação
The Cadogan, em Londres, tem menu de travesseiros
Imagem: Divulgação

Também na capital britânica, o Zedwell se destaca como primeiro hotel inglês focado no sono.

Por lá, "casulos" com isolamento acústico de ponta fazem parte da experiência, e aparelhos eletrônicos são proibidos no quarto.

No Zedwell, casulos para dormir isolam o som externo - Divulgação - Divulgação
No Zedwell, casulos para dormir isolam o som externo
Imagem: Divulgação

O Browns, hotel mais antigo de Londres, adotou no final do ano passado o chamado "Forte Winks".

Na experiência de dois dias, os hóspedes recebem pijama de seda, máscara facial com infusão de lavanda e colônias calmante de travesseiro.

Experiência no Browns Hotel inclui pijama de seda e máscara facial com infusão de lavanda - Divulgação - Divulgação
Experiência no Browns Hotel inclui pijama de seda e máscara facial com infusão de lavanda
Imagem: Divulgação

Segundo relatório do Global Wellness Institute, o turismo de bem-estar, que compreende o turismo do sono, deve faturar US$ 1,3 trilhão até 2025.

Mais exigentes do que antes da pandemia, os hóspedes querem mais motivos para fazer check-in num hotel. O sono é um deles.