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As transformações no turismo e inspirações para a retomada das viagens

OPINIÃO

Os brasileiros deixarão de viajar? 'Talvez pelo dinheiro, mas não por medo'

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Imagem: Getty Images

Colaboração para Nossa

11/12/2021 04h00

Poucos países foram na contramão do mundo e mantiveram as fronteiras abertas para o turismo ao longo da pandemia.

Por conta da falta de opções, o viajante brasileiro — que virou sinônimo de alto risco diante da trágica situação da pandemia no país — foi quase obrigado a descobrir (e redescobrir) o Brasil. Ou países como México, Egito e Maldivas, que desconheceram a "baixa temporada" ao receber uma quantidade enorme de brasileiros com vontade de viajar, principalmente no segmento do turismo de luxo, ao longo da pandemia.

Com finalmente acesso à vacina, o mercado observa uma maior confiança em viajar por parte da população. A recente reabertura dos Estados Unidos e de boa parte da Europa pode revelar a tendência de que esse cenário continue evoluindo com alguma rapidez.

Países com ampla cobertura vacinal (ou seja, com populações mais protegidas) passaram a aceitar viajantes 100% vacinados e/ou mediante apresentação de teste negativo RT-PCR.

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Imagem: Ibnu Al Rasyid/Unsplash

Depois de quase dois longos anos, os brasileiros estão planejando mais viagens para o exterior em 2022, principalmente para a Europa. Tudo isso mesmo com o real desvalorizado, preços inflacionados e com a nova variante, a ômicron, que surge no momento em que França, Alemanha, Áustria e Hungria enfrentam a quarta e quinta ondas da pandemia, com números preocupantes e até mesmo recordes de infecção de covid-19, principalmente entre não vacinados.

Novas variantes mudam rapidamente o cenário

Mas, mesmo com as muitas instabilidades ainda em relação à pandemia, os brasileiros deixarão de viajar? Arrisco a dizer que não. Talvez por limitações financeiras, mas não por medo do coronavírus.

O surgimento da nova variante, considerada de preocupação pela Organização Mundial de Saúde (OMS), revelada no último dia 24 de novembro, fez com que, em poucos dias, Japão, Israel e Marrocos fechassem suas fronteiras mais uma vez.

Outros países, como a França, passassem a exigir não só o certificado de vacinação como também um teste PCR negativo de viajantes vacinados. E passageiros provenientes do sul da África passaram a ter sua entrada proibida em grande parte do mundo, como forma de deter ou retardar a chegada da ômicron.

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Imagem: Anthony A/Unsplash

O que é diferente hoje em relação ao começo da pandemia — e que nos dá certa segurança para seguir navegando nessa nova versão da vida — é que não só temos agora no Brasil acesso às vacinas que protegem contra as formas mais graves da doença, como a ciência tem mais conhecimento sobre o coronavírus e suas mutações.

A medicina está mais preparada para lidar com os doentes. E, afinal, já incorporamos ao nosso dia a dia os comportamentos de segurança e proteção frente ao vírus.

Vacinação avança, mas há prazo de validade

O fato de que grande parte dos países aceite pessoas 100% vacinadas não significa que todos podem viajar, no entanto.

As regras para a entrada de turistas estrangeiros mudam de país para país e a questão das vacinas aceitas segue sendo uma polêmica, principalmente entre os países que fazem parte da União Europeia.

13 de março de 2020. Aeroporto Santos Dumont, Rio de Janeiro, viagem, turismo, covid, pandenia - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Os Estados Unidos passaram recentemente a aceitar todas as vacinas aprovadas pela OMS, incluindo a CoronaVac. Apesar de aprovada na Lista de Uso de Emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS) — e da recomendação da UE para que os países do bloco aceitem todas as vacinas aprovadas pelo órgão mundial de saúde — , a CoronaVac/Sinovac segue fora da lista de vacinas aprovadas pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês).

Hoje, na Europa, treze países aceitam brasileiros vacinados com a CoronaVac/Sinovac. Itália, Grécia e Suécia seguem fechadas para turistas brasileiros — o que não tem impedido brasileiros de fecharem suas viagens para estes destinos em 2022, na esperança que eles abram suas fronteiras para o Brasil até lá.

Mas, vale lembrar que, além das mudanças das regras de entrada que podem acontecer (e têm acontecido) de um dia para o outro, as vacinas já têm prazo de validade. A União Europeia acaba de recomendar que viajantes vacinados só sejam aceitos até nove meses depois da data de aplicação da segunda dose ou da dose única (o que pode virar em breve uma regra mundial).

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Imagem: Guilherme Stecanella/Unsplash

Crescimento das viagens de última hora

Com oferta reduzida de destinos que passaram a definir os roteiros das viagens, as novas ondas de infecção, o surgimento de novas variantes e as consequentes e imprevisíveis mudanças nas regras de entrada dos países, o comportamento do viajante também tem mudado.

Para muitas agências, o fechamento das viagens dos brasileiros tem ficado cada vez mais próximo da data do embarque, dependendo do cenário mundial naquele momento. A procura por destinos europeus para o verão de 2022 no Hemisfério Norte tem crescido.

A pandemia trouxe um senso de urgência na realização de projetos antigos e, para algumas pessoas, as viagens têm entrado com tudo nessa categoria.

Viajar nesses tempos pode ter suas vantagens, apesar dos riscos que ainda existem. Destinos em geral estão mais vazios, dada a redução do fluxo de visitantes, que ainda não voltou aos níveis pré-pandemia.

Além disso, os chineses, que formavam até então a nacionalidade que mais viajava o mundo, sempre em grandes grupos, seguem proibidos de viajar para o exterior; uma decisão que dificilmente será revertida pelo governo chinês antes do fim de 2022.

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Imagem: Nii Shu/Unsplash

Diante da imprevisibilidade do vírus — e do comportamento das pessoas frente à vacinação, ou ainda da distribuição desigual de vacinas entre países mais pobres, que coloca o mundo todo em risco — fica difícil fazer qualquer previsão futura.

Quão normal será o novo normal? A variante que acaba de surgir já mudou os planos de viagem — e de vida — de muita gente.

Depois de quase dois anos entre fechamentos e reaberturas, é cada vez mais evidente que a pandemia do novo coronavírus está longe de acabar. Mas acredito que seja possível seguir viajando, desde que munidos de informações baseadas na ciência e respeitando os procedimentos de segurança.

E, claro, tomando todas as doses das vacinas que forem recomendadas pelos órgãos internacionais de saúde para que possamos, em um futuro próximo, voltarmos a viajar sem tantas restrições