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Ex-jogador russo lamenta precarização do futebol na Crimeia após anexação

18/03/2019 14h24

Moscou, 18 mar (EFE).- O ex-atacante russo Aleksandr Danishevsky lamentou nesta segunda-feira a crescente precarização do futebol na Crimeia desde que a península ucraniana foi anexada pela Rússia, em março de 2014.

"O futebol na Crimeia praticamente morreu em 2014", declarou o ex-jogador à imprensa local. Danishevsky nasceu em Sevastopol, a maior cidade da península da Crimeia.

Segundo Danishevsky - que fez essas afirmações por causa do quinto aniversário da anexação russa -, antes do processo de anexação o futebol tinha muitos torcedores e praticantes na península.

"O estádio estava sempre lotado e era impossível conseguir ingressos. Cerca de 5 mil a 6 mil pessoas compareciam regularmente às partidas. Alguns pernoitavam em barracas perto do estádio para poderem entrar", lembrou.

Danishevsky, hoje com 35 anos, denunciou que, "quando tudo mudou - a Crimeia passou a fazer parte da Rússia -, o futebol deixou de existir".

"Agora, comparecem umas 200 pessoas, e quase todos parentes. Inclusive no clássico entre TSK Simferopol e Sebastopol. No campeonato da Crimeia jogam oito equipes e, pelo nível, é uma liga russa de segunda. Ou ate mesmo de nível inferior", admitiu.

De acordo com Danishevsky, a maioria dos jogadores locais tentam se transferir para clubes que disputam outros campeonatos, "mas tem sido difícil".

"O nível é outro e eles só podem jogar na Rússia. Ninguém se estabelece na Crimeia", lamentou Danishevski, que foi campeão russo com o Spartak Moscou em 2001.

Os jogadores crimeanos são afetados pelo conflito político entre Rússia e Ucrânia. Em 2015, a União de Futebol da Rússia excluiu os clubes da Crimeia do Campeonato Russo devido à oposição da Uefa, que propôs organizar um campeonato local na península.

A Ucrânia recorreu à Uefa em agosto de 2014 para que a entidade sancionasse a Rússia por incluir no Campeonato Russo o TSK Simferopol (antigo Tavria), o SKCHF Sebastopol, que na temporada anterior competiram na elite do futebol ucraniano, e o Zhemchuzhina Yalta.

Essas três equipes inclusive estrearam na Copa da Rússia em 2014, o que levou alguns dirigentes e jogadores ucranianos a pedirem à Fifa para retirar da Rússia o direito sediar a Copa do Mundo de 2018, o que não progrediu.

A União de Futebol da Crimeia foi criada em meados de 2015 e recebeu o status especial da Uefa, após o qual foi criado o Campeonato da Crimeia. A União de Futebol da Rússia não tem o direito de organizar torneios na Crimeia sem uma aprovação oficial da Uefa. EFE