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Infantino "vai alcançar seus objetivos" segundo Observatório do futebol

13/03/2019 14h42

Miami, 13 Mar 2019 (AFP) - Raffaele Poli, responsável pelo Observatório do Futebol do Centro Internacional de Estudos do Esporte (CIES) de Neuchâtel, disse à AFP que as propostas de ampliação do Mundial de Clubes e da Copa do Mundo de 2022 do presidente da Fifa, Gianni Infantino, têm "uma certa lógica" e vão "alcançar seus objetivos".

Q: O Sr. Infantino propõe um Mundial de Clubes maior tendo assim muito dinheiro que seria redistribuído aos clubes, confederações e federações. Teria sido graças a isso que ele obteve a garantia de ser reeleito em junho para um segundo mandato ou existe um verdadeiro projeto esportivo por trás?

R: "A Copa do Mundo de clubes (CMC) deverá ser lançada no lugar da Copa das Confederações. Há então considerações esportivas e econômicas ao mesmo tempo. Durante a última Copa das Confederações, a Alemanha enviou uma equipe reserva. Está claro que não havia necessariamente uma grande razão para mantê-la. Existe uma certa lógica em desenvolver algo para o lugar dessa Copa das Confederações e além disso, a CMC não é muito atrativa atualmente. Na guerra em curso para ocupar o calendário, a Fifa, como nenhum outro ator do futebol, está realmente pronta a ceder. Depois da reforma sobre as transferências, onde as decisões de princípio a favor de mais solidariedade são boas, o próximo grande foco de trabalho é a questão do calendário."

Q: Quanto à solidariedade, o que traz também problemas na futura Copa do Mundo de Clubes é a divisão dos lucros entre clubes e confederações. A noção de solidariedade é um argumento político ou uma verdadeira preocupação?

R: "A solidariedade se torna cada vez mais uma preocupação quando percebemos todas as consequências ligadas ao equilíbrio competitivo e discrepâncias enormes que estão aumentando. A Fifa, assim como a Uefa, estão aí para garantir esse equilíbrio, é a razão delas existirem em relação às ligas privadas ou dos grandes clubes. Podemos criticá-las por não terem sido tão duras na negociação para manter um nível de solidariedade mais alto. Mesmo as grandes ligas têm um problema de equilíbrio competitivo em suas competições, em parte ligados à Liga dos Campeões que favorece certos grandes clubes, como a futura CMC que para alguns favoreceria alguns grandes clubes... Então há compromissos que devem ser encontrados e até o momento esse compromisso faltou um pouco. A última reforma da Liga dos Campeões foi no sentido dos grandes clubes e dos grandes países e é aí que está o problema. Essa avidez dos grandes clubes vai matar uma certa forma de equilíbrio e isso não é positivo para ninguém no final. Chegou a hora de encontrar compromissos verdadeiros".

Q: Podemos esperar grandes decisões dessa reunião em Miami?

R: "Eu não sei. De qualquer forma haverá decisões de princípio que vão prenunciar verdadeiras decisões que serão tomadas em Paris (reunião do Conselho do governo do futebol mundial, em junho). Então o desafio está lá e vai ser um pouco tenso. Podemos gostar ou não, mas não podemos criticar Infantino por não ser proativo. Vemos que ele prepara o terreno há muito tempo com a CMC e a Copa de 2022 com 48 seleções. Ele está pronto para o compromisso mas não está pronto a renunciar ao que ele quer. Ele vai conseguir, talvez não logo, porque há uma certa lógica em suas propostas. É uma etapa a mais em um processo bastante avançado que será validado em Paris com certos compromissos. Ele vai alcançar seus objetivos".

Q: Gianni Infantino restabeleceu a credibilidade da Fifa?

R: "Eu percebo uma grande corrente anti-Infantino na Alemanha e fora menos. Acho que ele restabeleceu a credibilidade no nível da imagem, talvez porque em todos os lugares, com a exceção da Alemanha e talvez da Inglaterra, não há um grande problema em relação à pessoa de Infantino. Contra a Fifa, não sei. Houve investigações do FBI, prisões, coisas que ficaram no imaginário da opinião pública, mas não vejo problemas imensos. A Fifa superou esse grande período de turbulências."

Entrevista feita por Eric BERNAUDEAU

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