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Wada volta a suspender laboratório antidoping do Rio a 42 dias dos Jogos

24/06/2016 19h22

Montreal, 24 Jun 2016 (AFP) - A Agência Mundial Antidoping (Wada) anunciou nesta sexta-feira ter suspenso o credenciamento do laboratório antidoping do Brasil (LBCD), faltando seis semanas para o início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Localizado no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o laboratório, que antes se chamava Ladetec, já teve seu credenciamento cancelado em 2013, e o recuperou apenas em maio de 2015, depois da inauguração da nova sede, que custou 151,3 milhões de reais.

A nova sanção foi imposta porque, segundo a Wada, o centro não estava conforme o Padrão Internacional para Laboratórios (ISL).

A suspensão entrou em vigor na quinta-feira, data em que a agência informou sobre a medida ao laboratório brasileiro, e terá duração de seis meses, a não ser que seja cancelada pelo comitê executivo da Wada, que formará uma comissão disciplinar "em breve para avaliar o caso".

A medida proíbe ao LBCD realizar exames antidoping em amostras de urina e sangue.

"A Wada vai trabalhar em colaboração estreita com o laboratório do Rio para resolver o problema identificado", explicou o diretor-geral da Wada, Olivier Niggli, citado no comunicado da entidade.

"Os atletas podem confiar no fato de que a suspensão será cancelada apenas se o laboratório funcionar nos melhores padrões", insistiu.

"Vamos encontrar as melhores soluções para garantir que o processo de controles durantes os Jogos Olímpicos e Paralímpicos seja sólido", completou.

O laboratório reagiu em um comunicado, mostrando-se otimista com a possibilidade de recuperar o credenciamento a tempo para o evento.

"O LBCD reforça sua excelência, bem como sua capacidade técnica e ética para a realização das análises. O laboratório prevê que suas operações poderão voltar ao normal em julho, após a visita técnica do comitê da Wada", argumentou.

"Nos últimos 12 meses, o LBCD foi aprovado nas auditorias realizadas in loco pela Wada e correspondeu com êxito às análises de todas as amostras com testes-cegos realizadas pela agência. Só este ano, o laboratório já realizou com sucesso cerca de duas mil análises de amostras de urina e sangue", completou.

Enquanto o LBCD estiver suspenso, as amostras serão enviadas para outros laboratórios credenciados pela Wada, como aconteceu durante a Copa do Mundo de 2014, quando foram analisadas em Lausanne, na Suíça.

O laboratório do Rio não é o único a ter perdido seu credenciamento em 2016. Outros oito foram suspensos, entre eles os de Pequim e Madri.

Contexto conturbadoO problema é que essa punição acontece na cidade olímpica, 42 dias antes dos Jogos, em um momento em que o doping ocupa muitas vezes mais espaço no noticiário do que os feitos dos atletas.

Exames de qualidade são fundamentais, em meio ao escândalo que levou a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) a banir a Rússia das provas da modalidade.

No mês passado, o Comitê Olímpico lançou uma grande ofensiva contra os trapaceadores ao ordenar uma nova análise de amostras coletadas nos Jogos de Pequim-2008 e Londres-2012, com novos recursos tecnológicos que não existiam na época.

Resultado: 55 novos casos foram descobertos, 32 de Pequim e 23 de Londres. Em ambos os casos, os atletas que testaram positivo poderiam ter competido no Rio se as novas análises não tivessem sido efetuadas.

Na terça-feira, o presidente do COI, Thomas Bach, ressaltou que "há sérias dúvidas sobre a presunção de inocência dos atletas russos e quenianos" e deixou que outras modalidades além do atletismo podem ser levadas a reforçar os controles.

"Cada federação internacional deve tomar uma decisão sobre a elegibilidade de seus atletas. Neste processo, a ausência de controles antidoping positivos no país não deve ser considerada suficiente. As federações internacionais deverão levar em consideração outros exames, supervisionados e aprovados pelas autoridades internacionais", avisou o dirigente.