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Morte no Rio: 'Meu filho nunca perdeu uma luta, mas perdeu a vida para PM'

Vítor Reis de Amorim, lutador de 19 anos que morreu em São Gonçalo, RJ - Reprodução/TV Globo
Vítor Reis de Amorim, lutador de 19 anos que morreu em São Gonçalo, RJ Imagem: Reprodução/TV Globo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

29/12/2021 10h43

A família do lutador de boxe e muay thai Vitor Reis de Amorim, que morreu aos 19 anos na noite de ontem em um bar no morro da Jaqueira, em São Gonçalo (RJ), após a chegada da Polícia Militar no local, acusa a corporação de ter efetuado o disparo que matou o jovem e afirma que foi impedida pelos policiais de prestar socorro à vítima.

De acordo com o pai de Vitor, Valneci Ferreira de Amorim, o lutador foi morto com um único tiro. "Minha esposa foi tentar socorrer, eles não deixaram. Meu filho ficou agonizando meia hora. Eles esperaram meu filho morrer para levá-lo, tanto é que no pronto-socorro ele chegou morto. Meu filho era lutador, nunca conseguiu perder uma luta, mas perdeu a luta da vida para eles. Uma pessoa inocente".

Ainda segundo a família, o lutador estava próximo a um bar quando ouviu os disparos na região. Para se proteger, Vitor correu e acabou baleado. A PM alegou ter sido atacada a tiros por um grupo de homens armados durante um patrulhamento pela Rua Mendes Ribeiro, no bairro Patronato, mas a família nega a troca de tiros.

"Houve confronto. Um indivíduo ficou ferido e foi socorrido ao Pronto-Socorro de São Gonçalo, porém não resistiu. Uma pistola, munições e um rádio comunicador foram apreendidos no local da ocorrência. Os demais envolvidos fugiram", disse a corporação através de nota. A Corregedoria da Polícia Militar está apurando o caso e as investigações estão sob responsabilidade da Polícia Civil.

"Mataram sonhos", diz amiga de lutador

Amiga de infância do lutador, Ester Silva Teixeira, 19, descreveu Vitor como um jovem tranquilo, educado e que tinha o sonho de viver profissionalmente da luta. A próxima competição estava marcada para o dia 30, na cidade de Araruama, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro.

Segundo a amiga, no mês seguinte ele embarcaria para São Paulo para mais uma competição. "Vitor era uma pessoa muito calma, era influenciador, influenciou muita gente como lutador. Tinha mais de 20 medalhas, todas vencendo. Era um cara trabalhador e ia pedir a namorada dele em noivado em breve. Mataram sonhos", disse a amiga do boxeador.

Vitor trabalhava em um Lava Jato e havia sido presenteado pelo pai com uma moto zero quilômetro recentemente. "Tô até devendo as prestações da moto. Sabia que ele queria a moto para trabalho. Ele pegava a moto, fazia mototáxi e dizia 'pai, eu vou conseguir pagar a moto, não esquenta a cabeça não'. Uma pessoa que tinha futuro, mas foi interrompido", concluiu o pai do jovem.