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Suspensão de laboratório pode ajudar Natália em julgamento por doping

Natália terá segundo julgamento por doping nesta terça, no Rio de Janeiro, às 18h - Alexadre Arruda/CBV/Divulgação
Natália terá segundo julgamento por doping nesta terça, no Rio de Janeiro, às 18h Imagem: Alexadre Arruda/CBV/Divulgação

Luiz Paulo Montes

Do UOL, em São Paulo

13/08/2013 06h00

A suspensão do laboratório Ladetec, único credenciado no Brasil para realizar exames antidoping, pode favorecer atletas que ainda estão para serem julgados no STJD por terem testado positivo nos últimos meses. A primeira que pode ser 'ajudada' é Natália, da seleção brasileira feminina de vôlei, que vai a julgamento nesta terça-feira, às 18h, no Rio de Janeiro.

O UOL Esporte apurou que a defesa da jogadora pretende usar na audiência o argumento de que o Ladetec não estava em condições legais de acordo com a Wada (Agência Mundial Antidoping), entidade que tirou a credencial do laboratório carioca na última semana justamente por acreditar que algumas melhorias estruturais precisam ser feitas.

Um especialista consultado, que pediu para não ter seu nome revelado, acredita que a suspensão do Ladetec pode gerar dúvida nos julgadores e, para evitar qualquer tipo de injustiça em um caso duvidoso, o atleta terá um parecer favorável a ele. Para 'piorar', esta é a segunda vez em menos de um ano que o laboratório é suspenso pela entidade - a primeira vez foi em janeiro.

"Pode surgir uma duvida ao julgador com relação à adoção dos padrões exigidos pela Wada para a colheita e analise do material submetido ao exame. E qualquer duvida que exista, de certo será interpretada em favor do réu.Qualquer tribunal, diante de um quadro duvidoso, ficará receoso de aplicar uma pena tão severa como a do doping, ainda mais sabendo que todas as amostras foram analisadas por um único laboratório, que no momento não representa mais a Wada", afirmou o especialista.

Natália já foi julgada pela primeira vez no dia 9 de julho após um exame ter mostrado a presença da substância 16OH-Prednisolona, mas ela acabou absolvida. Na ocasião, o tribunal entendeu que o laudo do exame antidoping da jogadora não apresentava qualquer situação adversa e até pediu desculpas a ela, que saiu sem qualquer punição. Uma reportagem do UOL Esporte, porém, mostrou que o julgamento teve falha e os responsáveis analisaram a substância errada.

Após a absolvição, o procurador Fábio Lira, do STJD, entrou com recurso discordando do resultado. O recurso foi protocolado e o caso será julgado pelo pleno da entidade nesta terça. Na entidade, comentava-se que Natália deveria ser suspensa no máximo por 30 dias e ter sua pena diminuída para uma advertência. Agora, pessoas ouvidas pela reportagem acreditam que ela possa até mesmo ser absolvida mais uma vez.

Quem também pode se dar bem com o descredenciamento momentâneo do Ladetec são os meias Deco e Carlos Alberto. Ambos ainda irão ao tribunal para se defenderem sobre os casos de doping (ambos foram flagrados com a substância hidrocloratiazida, diurético que combate a hipertensão arterial). 

O advogado de Deco, porém, afirmou que por enquanto esta forma de defesa não é analisada, até porque a tese não é a de que não havia a substância no exame, mas sim que ele a ingeriu por contaminação. "Não temos essa ideia ainda, não pensamos nesta hipótese. Para mim não parece aplicável esta defesa no caso, pois trabalhamos com a contaminação, e não com a 'não-existência' da substância", afirmou Marcos Motta. Já Luciana Lopes, advogada de Carlos Alberto, não atendeu às ligações da reportagem. 

Nos julgamentos, porém, a procuradoria poderá rebater a defesa com a alegação de que, na época dos exames, o Ladetec ainda tinha o credenciamento da Wada, e, por isso, não há motivo para questionamentos, apesar da rigorosidade da Wada, responsável por adotar padrões altíssimos de qualidade nos testes.