Quanto custa uma medalha?

Para Esquiva Falcão, sua medalha vale R$ 260 mil. E só não foi vendida até agora por causa do coronavírus

Roberto Salim Colaboração para o UOL Lucas Lima/UOL

Uma medalha olímpica tem valor variável, diferente para o atleta que a ganha, para o técnico que leva seu pupilo à vitória, para a família que dá o suporte para a conquista. Colocar à venda uma medalha dos Jogos de Londres reacendeu uma velha discussão dentro do esporte nacional, poucos dias antes da confirmação que os Jogos Olímpicos de Tóquio seriam adiados para 2021.

A pergunta é: "Qual é o valor de uma medalha?"

Para Esquiva Falcão, que treinou desde menino para subir a um ringue de boxe e finalmente disputar uma final olímpica diante do japonês Ryota Murata, o brilho da prata vale, hoje, passados oito anos, exatos 50 mil dólares — ou R$ 260 mil na cotação atual.

Para sua mãe, dona Maria Olinda, o feito traz lembranças de tanto sacrifício que não há preço possível de se calcular para o objeto que seu filho trouxe na mala em 2012. Tanto que ela jurou enchê-lo de "porrada" caso a venda se concretize.

Suellen, a esposa do lutador, planeja esconder a medalha para que ele não a entregue ao comprador. Já chegou uma proposta de Angra dos Reis e o interessado até já concordou em pagar a quantia exigida.

Lucas Lima/UOL
REUTERS/Cadu Gomes

Yamaguchi Falcão, irmão de Esquiva, também pugilista e medalhista de bronze na capital inglesa, também é contra o negócio. Mas Touro Moreno, pai e incentivador do pugilismo dentro da família, concorda com Esquiva.

"Meu pai me disse: você pode vender porque medalha não enche barriga", defende-se o lutador, quinto do ranking mundial dos pesos médios e que deve disputar o título mundial ainda neste ano.

Para Esquiva, o problema não é financeiro.

É moral.

"Não se valoriza o esporte no Brasil".

Como se vê, é um tema cheio de polêmica, principalmente quando envolve colecionadores. Quem ofereceu os 50 mil para o lutador é um fã de boxe que pratica pugilismo. Fez a oferta por telefone.

"Só não vendi ainda porque o coronavírus impediu a viagem para o Rio. Assim que tudo passar, eu vou até lá. Além da medalha, vou dar um par de luvas ao comprador".

Diego Herculano/Fotoarena Diego Herculano/Fotoarena

Brasil tem maior coleção olímpica do mundo

É até irônico imaginar que um país sem tanta tradição esportiva como o Brasil tenha o maior colecionador de objetos olímpicos do planeta. Ele não é o provável comprador da medalha de Esquiva.

Aos 75 anos, Roberto Gesta, ex-presidente da Confederação Brasileira de Atletismo e até o ano passado presidente da Confederação Sul-americana, tem em Manaus, no quintal de sua casa, um museu olímpico invejável, com um total de 70 mil itens. Desde documentos assinados pelo Barão Pierre de Coubertin a todas as tochas dos Jogos Modernos. Tem, inclusive, objetos comemorativos da Olimpíada de 1940, que a princípio seria em Tóquio e acabou não sendo realizada primeiro pela Guerra Sino-Japonesa, acabou transferida para Helsinque, com o objetivo de ser realizada no mesmo ano, mas, enfim, cancelada pela ocorrência da Segunda Grande Guerra Mundial.

"Tenho os protótipos dos selos que seriam lançados nos Jogos de Tóquio e depois em Helsinque, também em 1940. Tenho também os modelos das medalhas. Tenho carimbos especiais e a documentação da época".

Muitos dos tesouros olímpicos nacionais estão em seu museu ou na sala especial da Arena da Amazônia, para onde ele deslocou parte de sua coleção, que conta com 10 mil livros. Gesta tem as medalhas e a sapatilha do bicampeão olímpico Adhemar Ferreira da Silva. Os troféus de João do Pulo. E uma infinidade de recordações que o seu dinheiro de colecionador conseguiu comprar de atletas ou familiares que venderam simplesmente por vender ou por aperto financeiro em algum momento da vida.

Marcia Alves/Divulgação e AP Marcia Alves/Divulgação e AP

Medalhas de Adhemar viraram disco

Não é o caso do boxeador Esquiva Falcão.

Aos 30 anos, está no auge de sua carreira, é um dos cinco melhores pesos médios do mundo dos ringues. Com certeza, vai ter a chance de disputar o título de sua categoria.

"Estou um pouco afastado do mundo dos leilões por relíquias olímpicas, mas creio que a avaliação correta da medalha do Esquiva Falcão seria em torno de sete mil dólares. Em todo caso, ela vale o que o lutador pede e o que o comprador se dispõe a pagar", sintetiza Roberto Gesta, que tem como um dos grandes orgulhos de sua coleção as duas medalhas de ouro de Adhemar.

Um dos grandes orgulhos de Adhemar Ferreira da Silva era mostrar suas medalhas a quem ia entrevistá-lo em sua casa, no bairro da Casa Verde. Não costumava andar com elas de uma lado a outro porque temia ser roubado.

"Muita gente pensa que são totalmente de ouro, não banhadas, e podem querer roubar", dizia o bicampeão olímpico e recordista mundial do salto triplo. Ele ganhou o ouro nos Jogos de Helsinque, em 1952, e repetiu a dose em Melbourne, quatro anos depois.

Diz a lenda que foi ele quem criou a volta olímpica, saudando a torcida após as conquistas. Competiu ainda em 1960 em Roma. E tinha estreado no mundo olímpico em 1948, em Londres.

Adhemar foi inigualável e suas medalhas só não estão até hoje na casa onde viveu, na rua Ouro Grosso, porque sua maior fã e filha, a cantora Adyel Silva, aceitou vender as medalhas e até as sapatilhas para Roberto Gesta. "Ela me procurou e então fiz a cotação nas três principais casas de leilão de material olímpico do mundo. No acerto que fiz com a Adyel, eu me comprometi a pagar 50 por cento a mais do valor estimado pela casa que atingisse o valor mais alto. E assim foi".

Além das medalhas, Gesta levou para sua coleção as sapatilhas usadas para a conquista do ouro olímpico. "Cotei peça por peça daquele material do Adhemar. São documentos também incríveis como as cartas que ele escrevia para sua esposa dos locais onde estava competindo".

Adyel vendeu as medalhas porque estava em um momento de sua carreira de cantora em que precisa de dinheiro para gravar um CD. "Foi só por isso e não me arrependo".

Mesmo porque, um outro grande orgulho do grande Adhemar Ferreira da Silva era tocar seu violão, acompanhado da voz maravilhosa de sua filha querida.

Hortência: "Coroação de uma carreira toda"

A conquista dos Jogos Pan-americanos de 1991 em Havana foi incrível. O abraço de Fidel Castro nela e em sua companheira Paula, no pódio, foi inesquecível. E depois teve ainda a conquista do título mundial em 1994. Mas para a rainha Hortência, nada se compara aos Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta.

Ela se preparou como nunca, após a sua primeira gravidez, e chegou aos Estados Unidos em forma. E foi fundamental para a histórica campanha que culminou com a final diante das norte-americanas. Será que em algum momento de sua vida, nesses 24 anos, passou por sua cabeça se desfazer da medalha de prata?

"Uma olimpíada é o sonho de qualquer atleta de alto rendimento. Para mim foi a coroação de uma carreira toda. Busquei por muitos anos essa participação e posso te garantir que não foi fácil. Quando consegui, foi um sonho concretizado. Ganhar uma medalha, então, nem se fala", diz Hortência.

Sinceramente, eu não sei o que faz um atleta vender a sua medalha, mas devem ter seus motivos e eu não quero julgá-los".

Cinemateca Brasileira / Divulgação Cinemateca Brasileira / Divulgação

"Jamais passou pela minha cabeça vender"

Os lutadores de boxe têm um orgulho extra por suas conquistas. Waldemiro Pinto, peso galo que ganhou a medalha de ouro nos Pan-americanos de Chicago em 1959 e lutou na Olimpíada de 1960, em Roma, vivia de favores pelas ruas de Quito, mas nem assim perdia sua altivez de ter sido um bailarino dos ringues.

Waldemar Paulino, peso meio-pesado, guardava suas medalhas dentro de uma lata de sorvete de creme, em sua casa em Guarulhos. E era com um grande sorriso nos lábios que pedia a sua esposa, dona Rita, para tirar com cuidado a medalha de prata alcançada com muito sacrifício nos Jogos Pan-americanos.

Por isso é que o peso mosca Servílio de Oliveira (foto acima) não entendeu muito bem o anúncio de que Esquiva Falcão pôs à venda sua medalha de prata. Com a certeza de que foram seus punhos que abriram caminho nos ringues olímpicos, Servílio diz que nunca negociaria a medalha de bronze obtida nos Jogos Olímpicos de 1968, no México.

"Jamais me passou pela cabeça vender minha medalha. Mas cada 'sujeito' tem o livre arbítrio para dar o destino que desejar a seus pertences. Eu soube sim que o Esquiva vai vender a medalha e está pedindo 50 mil dólares. Se ele fosse meu filho, o que eu diria a ele? É essa sua pergunta? Não sei, felizmente ele não é meu filho".

"A minha medalha eu guardo em um lugar especial, ao lado da medalha de participação nos Jogos Pan-americanos de Winnipeg, Canadá, de 1967, e a medalha de ouro do Latino-americano de Santiago do Chile".

Além de ser um grande orgulho para seus cinco filhos e esposa, essa coleção é um incentivo enorme para que o neto Bolinha — também lutador — o supere na próxima olimpíada. Quem sabe?

AFP PHOTO/Gabriel BOUYS

"Já ouvi que dariam R$ 100 mil pela minha medalha"

O revezamento 4x100 metros do Brasil treinou com muita dificuldade em uma pista que soltava placas na cidade de Presidente Prudente. A equipe era reconhecidamente uma das melhores do mundo antes dos Jogos Olímpicos de Sydney, mas não havia dirigente esportivo que desse jeito naquele piso.

"Era tão arriscado treinar que houve vários acidentes e contusões", relembra Claudinei Quirino, um dos astros daquela turma treinada por Jayme Netto.

O pior de tudo é que enquanto se negava verba para a reforma da pista, outras cinco foram construídas no Paraná, pelo governo brasileiro, em cidades que não tinham sequer uma equipe de atletismo. E pistas moderníssimas, como as usadas nos Jogos Olímpicos, ao custo de um milhão de dólares.

Coisas incuráveis do esporte nacional. Mas com toda a dificuldade do mundo, o revezamento 4x100 brilhou naquele ano 2000. Claudinei, aqui, explica o que vale o seu pedaço de metal:

"Qual é o valor de uma conquista olímpica? Eu vou falar para você que é uma coisa que não tem preço. Mas, falando assim, falando como atleta, é como se você fosse reconhecido por todo o esforço que você fez na sua carreira. Pra mim, foi um momento assim... foi o maior momento da minha vida quando conquistei a medalha, porque todos os esforços que eu fiz na minha vida e todas as dificuldades que eu passei valeram a pena.

Claro que eu gostaria de ter conquistado o ouro, mas eu fiquei feliz com a prata também. Então, foi a realização de todo o trabalho de uma vida.

Se tentaram comprar a minha medalha? Bom, uma vez eu ouvi falar que tinha um colecionador querendo comprar e naquela época ele tinha oferecido R$ 100 mil. Ele queria comprar as quatro do revezamento. Eram 100 mil para cada um. Já faz alguns anos.

Nunca pensei em vender minha medalha. Eu nunca pensei mesmo, mas se for preciso, se eu precisar realmente desse dinheiro, eu sou bem sincero: se for um valor muito bom, eu acho que venderia, sim. Depende da situação, do momento, a gente nunca sabe. Às vezes, se for para ajudar um ente querido ou uma dificuldade, eu acho que poderia abrir mão".

Tony Duffy/Getty Images Tony Duffy/Getty Images

"Conta o valor emocional e isso é impagável"

Quando resolveu que seria necessário mudar para os Estados Unidos para levar Joaquim Cruz à medalha de ouro, o técnico Luiz Alberto de Oliveira não pensou duas vezes: vendeu seu Opalão, se desfez de alguns pertences e partiu certo de que seus sonhos se concretizariam.

Quem conhece o treinador, sabe que ele é um sonhador.

Pode estar nos Estados Unidos. Pode realizar um trabalho em Manaus. Pode formar jovens talentos em Uberlândia. Ou pode aceitar um convite para trabalhar no Qatar. Só não peçam que ele concorde com a venda de uma medalha olímpica como a que seu pupilo ganhou com tanto sacrifício de todo o seu time.

"Se o Joaquim Cruz me pedisse a opinião sobre vender uma medalha olímpica, o que você acha que eu responderia?", pergunta. "Eu responderia que não! Pois foi com muito sacrifício em várias coisas".

Luiz sabe que não se trata apenas de uma questão financeira. "Conta mais o valor emocional e isso é impagável, não tem preço".

Mas um outro integrante daquela equipe vencedora, o irrequieto Zequinha Barbosa, contraria o mestre e treinador. "Sinceramente? Eu já pensei em vender uma medalha, por mais importante que tenha sido em minha carreira. Um dia eu pensei, sim. Foi em um momento difícil que eu passei e eu nem gosto de trazer a público, porque se contar... Foi um momento em que fiquei em dificuldade e eu pensei em vender para alguém que quisesse adquirir, mas isso já foi, isso já passou".

Folhapress

João do Pulo e o bronze que deveria ser ouro

Quem conviveu com João do Pulo sabe do seu potencial, de sua incrível condição atlética e do que ele teria ganhado ainda não fosse o terrível acidente que o afastou das pistas de atletismo.

"João teria saltado acima de 18 metros", garante até hoje o técnico Pedro Henrique de Toledo, o Pedrão, um dos maiores nomes de todos os tempos na formação e treinamento de atletas em nosso país.

"João saltou várias vezes acima dos 18 em treinamento e eu creio até hoje que um dos saltos dado como inválido na Olimpíada de Moscou, em 1980, foi acima dessa marca e entraria para a história na época. Além de garantir a medalha de ouro".

Mas João ficou mesmo com a medalha de bronze, depois de ter três de seus saltos anulados pelos juízes. Quatro anos antes, tinha ficado com a terceira posição nos Jogos de Montreal. Seu grande feito foi mesmo a quebra do recorde mundial nos Jogos Pan-americanos de 1975, no México, com a incrível marca de 17,89 metros.

"Essas medalhas estão na minha coleção em Manaus", orgulha-se Roberto Gesta, que as comprou das duas esposas que João teve em sua vida.

Do trio de ouro olímpico do salto triplo brasileiro, Roberto Gesta só não tem as medalhas de Nelson Prudêncio, que nunca pensou em vendê-las.

Acervo Romeu Castro

Sacrifício, determinação, privação, superação

A história da goleira Maravilha é uma história de superação de gente ligada à terra e às plantações. Começou tarde no esporte, mas se transformou-se numa goleira histórica do futebol feminino do Brasil. Não só por sua segurança, mas também pela liderança. Ela fez denúncias em uma época em que abrir a boca poderia significar a dispensa da seleção às vésperas de uma competição importante.

Denunciou desvio de dinheiro que era para ser aplicado na preparação da equipe. Denunciou a falta de pagamento de prêmios estipulados pelos patrocinadores. E nunca se curvou aos desmandos que ocorriam nas entidades esportivas. Por isso, Marlisa Wahlbrink foi uma das líderes da seleção por vários anos. E guarda com orgulho a medalha olímpica de prata, conquistada em Atenas, em 2004.

"Eu não sei de ninguém do meu tempo na seleção brasileira que tenha vendido a medalha, mas o significado é diferente de um para outro. As condições de vida e as necessidades também. Se alguém precisasse vender por causa de uma situação, eu entenderia".

"Mas para mim, a medalha tem significado de sacrifício, determinação, privação, superação e por último ficar na história".

Você venderia sua medalha se precisasse de dinheiro?

"Essa resposta é complexa. Hoje eu não venderia, não, mas em caso de saúde de alguém muito próximo e se não tivesse outra opção, venderia".

Gaspar Nobrega/Inovafoto

"Não consigo nem pensar nisso que dói..."

A pivô Kelly jogou quatro olimpíadas e entrou no esporte por acaso. Sua mãe a levou a um médico porque a menina de 12 anos já tinha 1,85m e não parava de crescer. "Doutor, o que faço para que ela não cresça mais?", perguntou dona Lídia no início da consulta.

E o doutor Eduardo Azevedo, já sem prestar atenção em nada, discou automaticamente o número de sua amiga Hortência, que na ocasião jogava no time do Leite Moça, em Sorocaba. "Hortência, tenho uma menina alta aqui para o seu time". "Manda doutor", respondeu a jogadora.

Começou assim a carreira de Kelly, que participou de quatro olimpíadas, ganhou uma medalha de bronze, jogou em equipes de nove países, tem 40 anos, está em forma e continua com planos de seguir a carreira.

Para ela, do alto de seu 1,92m de altura, pensar em vender a medalha de bronze conquistada em Sydney é algo que não passa pela cabeça. "A minha medalha olímpica foi chave para meu reconhecimento e desbravamento pelo mundo. Representei clubes em nove diferentes países".

"Quando vejo um atleta ganhar uma medalha olímpica, me emociono e penso: ele acaba de entrar para a história, mas logo sinto tristeza ao pensar o quanto falta para minha modalidade voltar a ganhar outra medalha olímpica", diz.

"Vivemos em um país onde se valoriza apenas o campeão, o resultado internacional em alto rendimento reflete diretamente de forma positiva ou negativa no apoio de clubes e no trabalho de base, que é o que possibilita entrar na elite mundial do esporte".

"Eu soube de uma ou duas atletas leiloando medalhas por dificuldades financeiras e problemas de saúde de filhos para angariar mais recursos. Talvez elas entendam que seja uma forma de sobrevier, mas comigo não tem negócio, minha medalha eu não vendo, não troco, não leiloo, não empresto, não consigo nem pensar nisso que dói..."

Jefferson Bernardes/VIPCOMM/Divulgação

Medalha após meses com só R$ 6 por refeição

Tem atleta que começa tarde. Tem atleta que tem dificuldade financeira. Tem atleta que mora longe, mas muito longe dos grandes centros. Para eles, tudo é muito mais difícil. Quase impossível. E quando um desses personagens ganha uma medalha olímpica, a façanha vale por dez.

É o caso do amazonense Sandro Viana, medalhista olímpico do revezamento 4x100 metros, que, quando veio para São Paulo, trouxe o dinheiro contado para comer - R$ 20 reais por dia, ou cerca de seis reais por refeição. A ideia era passar alguns meses tentando deslanchar em sua carreira de velocista.

Realizou o sonho. É um raro ganhador, que hoje é Herói Olímpico da Confederação Brasileira de Atletismo, dá palestras aos jovens atletas e é também atleta-guia da seleção paralímpica do Brasil. "Uma medalha olímpica é uma questão de moral. Conduzi-la é uma questão de ética. Essa máxima serve para os dois lados. Para o atleta que se torna um herói e para o COI que o condecora perante a sociedade, como sendo o portador do seu legado".

"Agora, quando um dos lados falha com sua missão, os dois lados saem perdendo. Isso porque o propósito do olimpismo é posto em risco", analisa. "Eu não concordo quando vejo um atleta pensando em por à venda o que não tem preço, o que não deve ser comprado com dinheiro. Porque uma medalha olímpica tem valor, mas não tem preço. Por isso, ela só deve ser conquistada. Nada mais".

É o que pensa Sandro, integrante da equipe nacional de revezamento 4x100, que ganhou a medalha de bronze dos Jogos Olímpicos de Pequim — o Brasil herdou a medalha muito tempo depois, quando se constatou o doping do jamaicano Nesta Carter.

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