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Estrela na França, Riner testa invencibilidade e status de lenda do judô

Rodrigo Farah e Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

31/08/2013 06h00

Lenda, monstro, imbatível: estes são adjetivos que normalmente acompanham o nome do francês Teddy Riner, maior nome do judô na atualidade. Pentacampeão mundial e dono de duas medalhas olímpicas (ouro em Londres e bronze em Pequim), o judoca chega ao Mundial do Rio de Janeiro com o desafio de se tornar o maior vencedor da história do esporte aos 24 anos.

A consagração precoce não será o primeiro feito de Teddy Riner na carreira. O gigante francês de 2,04m e mais de 100kg já é, hoje, um dos maiores nomes da história da arte marcial, sem sombras de dúvida. O judoca mantém uma incrível invencibilidade de quase três anos, algo praticamente inimaginável num esporte em que líderes do ranking mundial são batidos com frequência pelos oponentes. Se fosse um país, o atleta o mesmo número de ouros em mundiais que o Brasil.

Talvez por conta de toda essa superioridade, Riner tenha se indignado com a última derrota, em setembro de 2010, no Mundial de Tóquio. Após ser campeão entre os peso pesados na mesma semana, ele ficou com medalha de prata no absoluto (disputa aberta para todos os lutadores) por decisão dos juízes. A derrota para Daiki Kamikawa, do próprio Japão, revoltou o francês, que chegou a se retirar durante a premiação do torneio em protesto. Antes disso, o último tropeço havia sido em 2008, dois anos antes.

Apesar do episódio, o judoca é famoso pelo seu carisma. Riner conquistou o público francês com sua simpatia e é hoje um dos principais candidatos a carregar a bandeira da França nos Jogos Olímpicos de 2016 ao lado do jogador de basquete Tony Parker, por exemplo. O que mais impressiona é a juventude de Teddy em relação aos concorrentes: enquanto o judoca tem 24 anos, o atleta da NBA já tem 31.

No Rio de Janeiro desde a semana passada, Riner tem apostado no silêncio para conquistar o sexto título mundial. Na última edição do torneio na cidade carioca, em 2007, Teddy fez história ao se tornar o campeão mundial mais jovem da história entre os homens, aos 18 anos.

Os dias do judoca no Rio de Janeiro foram agitados. Em pouco tempo, Riner visitou o Corcovado, a Rocinha e a praia. Na visita à favela, o francês chegou a andar de mototáxi, transporte comum em comunidades carentes cariocas.

  • David Guttenfelder/AP

    Riner deixa o pódio no Mundial de Tóquio por discordar de decisões dos juízes em derrota

Um título neste sábado deixaria Riner com tudo para se tornar o maior vencedor da história do esporte. Hoje, ele já é o maior ganhador entre os homens, mas ainda está a duas conquistas da chinesa Wen Tong e da japonesa Ryoko Tani, que têm sete ouros em mundiais. Com 24 anos, essa desvantagem deve ser pulverizada sem problemas.

O francês sobra tanto na turma, que se dá ao luxo de não disputar alguns torneios durante o ano. Até mesmo por isso perdeu o posto de líder do ranking mundial dos pesos pesados (acima de 100kg), ocupado hoje pelo brasileiro Rafael Silva.

“Ele é sem dúvida o cara a ser batido no judô. Espero poder usar esse status a meu favor. Aqui no Rio a pressão será toda dele. Ele que é o popstar, quem tem tudo a perder. Mas será muito difícil batê-lo”, admitiu Rafael, que torce por um resultado diferente no Rio.

“Ele tem um repertório muito grande de golpes, mas, como em outras lutas, ninguém é imbatível no judô. Ele pode escorregar, estar num dia ruim. O Anderson Silva é um exemplo disso”, destacou o brasileiro.

Por via das dúvidas, Riner usa o silêncio nos dias anteriores ao Mundial. O atleta tem evitado conceder entrevistas mesmo em aparições públicas, como a visita ao Instituto Reação, do ex-judoca Flávio Canto, durante a semana. Na terça, o francês chegou a passar pelo Maracanãzinho, mas também evitou os holofotes e permaneceu apenas na área de aquecimento do ginásio.