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Rixa de Andrés e Juvenal e apoio do Palmeiras esvaziaram uso do Morumbi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/04/2023 04h00

Palco de 13 dos 14 Palmeiras x Corinthians disputados entre fevereiro de 1999 e junho de 2000 — incluindo os embates pela Libertadores e a final do Paulista de 1999 —, o estádio do Morumbi deixou de ser local corriqueiro para Dérbis e "casa do Corinthians" a partir de fevereiro de 2009. O UOL conta essa história no documentário "Inimigos Íntimos", disponível no UOL Play.

Foi naquele ano que Andrés Sanchez, então presidente alvinegro, rompeu com o São Paulo Futebol Clube e deixou de alugar o estádio do rival como mandante.

Não demorou para a medida ter eco no Palmeiras, com o então presidente Luiz Gonzaga Belluzzo. Juntas, as diretorias alviverde e alvinegra criaram o Troféu Oswaldo Brandão, célebre treinador dos dois clubes, para premiar o vencedor dos embates entre os times. E cravaram: jogar no Morumbi, só como visitante.

Posteriormente, o Santos também seguiria os arquirrivais da capital. E, desse modo, o estádio inaugurado em 1960 para ser o "Maracanã paulista" foi ficando restrito aos jogos do São Paulo.

Apenas em 2023, após acordo entre a presidente palmeirense Leila Pereira e seu par são-paulino Julio Casares, o Alviverde voltou a ter o Morumbi como casa esporádica para seus torcedores. Sem público, o Palmeiras recebeu o Santos por lá no Paulista de 2020.

Nove ligações, zero resposta

Conforme reportagem publicada pelo UOL em maio de 2022, uma rixa entre Andrés Sanchez e Juvenal Juvêncio, lendário presidente do São Paulo, iniciou o esvaziamento do uso do Cícero Pompeu de Toledo.

Numa tarde de fevereiro, Andrés ligou nove vezes para o dirigente tricolor, querendo assegurar 50% da carga de ingressos para um Majestoso que o Timão jogaria como visitante no local pelo Paulistão.

O montante fazia parte de um acordo de aluguel, pelo qual o Corinthians pagaria para ter o estádio como sua casa em todos seus jogos como mandante — a Neo Química Arena só viria a ser inaugurada em 2014.

Juvenal não atendeu, não retornou e, desse modo, deixou o Corinthians com apenas 10% dos bilhetes.

Enquanto eu for presidente, o Corinthians não joga mais no Morumbi. A não ser, claro, quando for mando do São Paulo"

Andrés Sanchez, presidente do Corinthians em 2009.

Caso pensado

Segundo o ex-diretor e conselheiro tricolor Marco Aurélio Cunha, a manobra de Juvenal foi pensada. Cunha afirmou ao UOL que os jogos do Corinthians acabavam sendo custosos por causa de depredações por parte da Fiel.

Custos de manutenção à parte, deixar de receber os cerca de 30 jogos que o Corinthians mandava por ano diminuiu consideravelmente a arrecadação do estádio tricolor.

Por outro lado, também tirou do local um pouco da pecha de "campo neutro" que incomodava os tricolores, fruto dos muitos jogos que os rivais faziam por lá como donos do pedaço — mesmo contra o São Paulo.

O Corinthians fez então do Pacaembu, seu território. O Palmeiras também passou a mandar seus clássicos no estádio municipal e seguiu jogando partidas corriqueiras no Palestra Itália até julho de 2010, quando começou a demolição parcial que resultaria na construção do Allianz Parque, inaugurado em 2014.

Nesse intervalo, o Verdão se tornou um mandante itinerante, com partidas no Canindé e no Pacaembu — além de jogos em Presidente Prudente, Araraquara, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Jundiaí, Itu e Barueri.

Inimigos Íntimos

O que: documentário sobre a rivalidade entre Corinthians e Palmeiras na virada do século XXI

Estreia: 24 de abril

Onde assistir: exclusivo para assinantes UOL Play