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Como 'retranca' virou solução para Corinthians de VP sobreviver a lesões

Vítor Pereira mudou planos e reviveu Corinthians defensivo na sequência mais dura da temporada - Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Vítor Pereira mudou planos e reviveu Corinthians defensivo na sequência mais dura da temporada Imagem: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

12/07/2022 04h00

Vítor Pereira tem sido obrigado a se adaptar às necessidades em seus meses de Corinthians. O técnico chegou prometendo jogo de posse de bola e marcação no campo de ataque, recalculou a rota por causa do calendário apertado e encontrou na "retranca" a melhor forma de fazer o time sobreviver à sequência de desfalques por lesão.

O discurso na chegada era claro: VP queria o Corinthians controlando o jogo a partir da posse de bola e da pressão logo depois da perda. Ele foi específico sobre isso já na primeira resposta que deu como treinador alvinegro, em sua coletiva de apresentação, mas hoje se vê obrigado a se adaptar à realidade. As circunstâncias têm mudado o jeito de jogar do time.

O que pretendemos é encontrar um equilíbrio entre a qualidade técnica e a capacidade física da equipe. Um jogo que nos permita ser dominantes com a bola, muita, muita, muita posse de bola, e depois temos que ser muito agressivos no momento da perda, para evitar correr muitos metros para trás. São dois pontos fundamentais e trabalharemos sobre eles, para evitar que a equipe corra muitos quilômetros para trás e para frente."
Vítor Pereira, em sua coletiva de apresentação, em fevereiro

O maior exemplo do jogo recuado foi a classificação às quartas da Libertadores obtida diante do Boca Juniors, após 90 minutos de atuação exclusivamente defensiva na Bombonera. No último domingo (10), no segundo tempo contra o Flamengo, Vítor Pereira de novo recuou o time em uma linha de cinco defensores para que assim parasse de sofrer. Deu certo. O ajuste manteve o Corinthians vivo no torneio continental e na vice-liderança do Brasileirão.

Este modelo de jogar sem a bola ganha força em uma situação de emergência. Considerando os últimos dez jogos, por exemplo, quase todos os atletas tidos como titulares do Corinthians foram (ou ainda são) desfalques por lesões — as exceções são Cássio e Róger Guedes. A maioria dos problemas é por contusões musculares.

As lesões por sobrecarga são uma preocupação de VP desde o seu primeiro dia no Corinthians. Ele falou várias vezes sobre a necessidade de adaptar o modelo que tinha em mente às características dos jogadores que têm em mãos, e a capacidade física de um elenco cheio de jogadores veteranos era (e ainda é) um fator relevante. Esta limitação foi enfrentada com o rodízio e o rejuvenescimento da equipe com os chamados "miúdos", os muitos atletas da base que ganharam espaço com o treinador português. Nem assim os problemas médicos foram resolvidos, o que continuou obrigando Vítor Pereira a adaptar seu plano original. É um ciclo.

Este sistema defensivo é para dar resposta a um período de grandes dificuldades que estamos passando, uma sequência grande de jogos difíceis. Eu gostaria de ter soluções para continuar pressionando alto, jogando no campo inteiro, mas não é possível. Quando não é possível, temos que ter estratégias prontas para defender bem, contra-atacar e garantir os três pontos."
Vítor Pereira, na entrevista após a vitória sobre o Flamengo

Em sua última coletiva, o técnico tratou o modelo mais recuado como "maturidade tática" e não fez segredo: cansaço e modelo de jogo viraram causa e consequência no momento mais duro da temporada alvinegra. "Não dá para pressionar sempre no campo todo porque, do ponto de vista físico, não temos essa disponibilidade", admite o treinador, que agora valoriza o controle do jogo "mesmo quando não tem a bola".

O estilo tem sido abraçado pelo elenco e também pela torcida, já acostumada a modelos mais defensivos desde a sequência de títulos recentes, com Fábio Carille. A boa fase tem tudo para ser ampliada na Vila Belmiro, às 21h30 (de Brasília) de amanhã (13), no jogo de volta das oitavas de final da Copa do Brasil -na ida, o Corinthians fez 4 a 0 no Santos.

Os lesionados do Corinthians

Fagner, Maycon e Renato Augusto ainda tratam lesões musculares; Willian se recupera de uma subluxação no ombro direito; e Paulinho só volta em 2023. Júnior Moraes perdeu os últimos dois jogos por causa de uma entorse no tornozelo esquerdo, e Lucas Piton deixou a partida contra o Flamengo sob suspeita de fratura em um dedo do pé.

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