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"Todos somos responsáveis", diz Roger Machado sobre violência no Gre-Nal

Ônibus do Grêmio atingido por pedra na chegada ao Beira-Rio - Divulgação
Ônibus do Grêmio atingido por pedra na chegada ao Beira-Rio Imagem: Divulgação

Do UOL, em Porto Alegre

02/03/2022 00h58

O técnico Roger Machado se manifestou pela primeira vez sobre o ataque ao ônibus do Grêmio, ocorrido no último sábado, que ocasionou o adiamento do Gre-Nal. Segundo o treinador, todos os personagens do mundo do futebol tem uma parcela de responsabilidade sobre o tema.

"Primeiro que não é um fato isolado. Isso acontece há muito tempo. Eu tenho 30 anos de futebol e pelo menos uma vez por ano isso aconteceu, seja como treinador ou jogador. É muito mais do que o esporte. Para mim, o futebol acaba antecipando muito de como a sociedade vai se comportar ali na frente. Pelo simbolismo da emoção, da paixão... As paredes do estádio dão a falsa impressão de que ali ou nos arredores tudo é permitido em nome da rivalidade", opinou o profissional.

No último sábado, nas proximidades do Beira-Rio, o ônibus da delegação do Grêmio foi atacado por torcedores do Inter. Uma barra de ferro e uma pedra grande foram arremessadas, entre outros objetos, contra o veículo. A janela se quebrou com a pedrada, o volante Villasanti foi atingido e precisou ser encaminhado a um hospital com traumatismo craniano. Outros jogadores, como Thiago Santos, Bobsin e Campaz, que precisou passar por um procedimento para retirada de estilhaços de dentro do ouvido, também se feriram.

"Certo é que todos nós somos responsáveis por isso. O Ministério Público, os clubes envolvidos, nós profissionais de futebol. Muitas vezes, ao invés de não levar a rivalidade para dentro de campo, permitir que seja apenas o torcedor que se manifeste em flautas, nós entramos nessa área também. E isso contribui", disse.

Depois do evento, com a remarcação do jogo para dia 9 de março, Inter e Grêmio se colocaram em posições diferentes. O Grêmio quer atribuir responsabilidade ao Inter e ingressou com uma notícia de infração no TJD-RS solicitando punição. O Colorado diz que também é vítima do ato e reclamou da remarcação do jogo em razão do tempo de descanso e do que considera um desequilíbrio técnico.

"Temos que refletir como um todo para tentar mudar essa situação. Não estou disposto a ser vítima, nem presenciar uma tragédia anunciada que em algum momento irá acontecer. O que não dá é para cada um empurrar a responsabilidade para o outro, para a polícia e o Ministério Público falar que não houve falha na segurança... E nós temos que rever um pouco. Somos adversários, não inimigos. Quando extrapolamos dentro de campo, incitamos este tipo de ação", continuou.

Os jogos entre Grêmio e Inter têm sido marcados por brigas e provocações. Em 2020, houve oito expulsões e uma pancadaria generalizada no primeiro Gre-Nal da história da Libertadores. Em seguida houve provocação e briga na final do Gauchão de 2021. Pelo Brasileiro, na vitória do Colorado que pesou no rebaixamento gremista, Patrick celebrou com caixões em azul, branco e preto, gerando irritação e uma nova briga no gramado. Fora a série de cornetas que repetidamente acontecem nas redes sociais partindo dos jogadores.

"É lamentável, mas deixamos na mão das autoridades. É esperar que os responsáveis sejam punidos. Temos que agradecer que o Villasanti não teve um incidente com a gravidade que poderia ter. Que se recupere logo e volte a nos ajudar", finalizou.

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