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Palmeiras: 5 perigos no jogo de espelhos contra o Al Ahly e como anulá-los

Diego Iwata Lima

Do UOL, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes

05/02/2022 19h01

O Palmeiras terá a chance de revanche da disputa do terceiro lugar do Mundial de 2020. O adversário do Alviverde na semifinal do Mundial de Clubes 2021, na próxima terça-feira (8), será o egípcio Al Ahly, que venceu o Monterrey (MEX) por 1 a 0, em um jogo de muita transpiração, diante de um público de 9,3 mil pessoas, das quais mais de 90% vestiam vermelho.

O único gol do jogo foi anotado por Mohamed Hany, aos 8 min do 2º tempo. Na última edição do Mundial, em fevereiro de 2021, o Ahly bateu o Palmeiras nos pênaltis, após empate em 0 a 0 no tempo normal.

Para o Al Ahly , era importante passar de fase, fosse como fosse. Desfalcado de seis jogadores que estão na Copa Africana de Nações, o time do técnico sul-africano Pitso Mosimane fez um jogo que o palmeirense conhece muito bem.

Defesa fechada, linha defensiva baixa com cinco e até seis jogadores. Um contra-ataque, ensaiado e rápido. De bolas invertidas com velocidade e passes precisos. Sim, é isso mesmo: o Ahly joga como o Palmeiras de Abel Ferreira. A única diferença mais marcante é o fato de os egípcios não terem saído com a bola nos pés, apostando em chutões. Mas com o time talvez reforçado pelos jogadores que estão com a seleção, isso pode mudar.

Dos cinco convocados, apenas o lesionado goleiro El-Shennawy não está inscrito no Mundial. A tendência é que os zagueiros Ayman Ashraf e Mohamed Abdelmoneim, os meias Hamdi Fathi e Amr El-Sulya, e o atacante Mohamed Sherif saiam de Camarões para os Emirados Árabes a tempo de enfrentar o Verdão. A decisão do continental acontece neste domingo (6).

Abdelmonem, Fathy, Ashraf e Soulia foram titulares do Egito no último jogo.

Jogo de espelhos

A notícia da classificação do Al Ahly não é necessariamente boa para os brasileiros. O time alviverde tem muita dificuldade contra defesas fechadas, já que não consegue pegar o adversário desprevenido. Os homens de criação do Palmeiras não são jogadores de pisar na bola e pensar a jogada. Veiga é um meia de chegada ao ataque lançado em progressão. Scarpa é um lançador e cruzador.

Os atacantes do Palmeiras também não são jogadores que sabem jogar parados para depois partir para cima do adversário. Exceto por Dudu, que tem mais mais recursos técnicos para ir ganhando velocidade aos poucos e driblar. Rony precisa sempre receber a bola em movimento, já engrenado, para dar andamento às jogadas.

Mas se não é boa para o Palmeiras, a notícia do confronto definido tampouco é boa para os africanos. Num jogo de espelhos com o Alviverde, a maior técnica palmeirense pode ser o fiel da balança. Pela partida deste sábado, é possível destacar cinco pontos de atenção, que são superáveis:

1. Husein Elsahat é quem cria as jogadas de maior perigo

O camisa 14 do Ahly é muito inteligente na entrada da área. Embora seja um meia, joga no limite da grande área ajeitando para os jogadores que vem de trás ou que acompanham pelo lado. Gustavo Gómez e Luan tem que jogar em cima dessa criação de jogada.

2. Al Ahly também não gosta de ter a bola e extremos usam o corredor

Os meias do time egípcio gostam de jogar no estilo "não está mais comigo". Como fez Mohamed Afsha no lançamento para Maaloul fazer o cruzamento que se tornaria gol. Se puderem dar apenas um toque na bola a cada passe recebido, eles o fazem, para que a bola corra e encontre os pontas e laterais. Foi assim que o gol saiu.

É preciso anular essas chegadas pela beirada. Com Rony e Scarpa espetados nas costas dos laterais, por exemplo. Ou Mayke, como foi contra o Flamengo e Filipe Luis na Libertadores.

Ou ainda, e talvez melhor, o Palmeiras pode mesmo matar a jogada no seu nascedouro. Danilo e Zé Rafael terão papéis preponderantes para anular essa rapidez egípcia. E sabem como fazer.

3. O goleiro Ali Lotfy se destaca

Em mais de um lance, o camisa 16, que é o reserva da equipe, salvou a lavoura africana. Não é um goleiro criador de jogadas, mas embaixo das traves, foi muito bem, mostrando segurança.

O goleiro titular El-Shennawy, que está com a seleção egípcia, não vai jogar, por estar machucado. Será preciso capricho na finalização. Rony, em especial, não pode estar em uma noite pouco inspirada.

4. O Palmeiras não pode ser "Flamengo" dessa semifinal

Contra o Flamengo, na final da Libertadores, em Montevidéu, o lema do Palmeiras foi: "eles podem nos superar na técnica, mas não podem nos superar na tática, na vontade e na parte física".

Por ser superior tecnicamente, o Palmeiras não pode deixar de se empenhar ao máximo nas demais dimensões da partida. Conhecendo o time de Abel, no entanto, esse talvez seja um risco que o Palmeiras não corre.

5. A torcida vai ter que jogar junto, e muito

Já entrou para o livro de grandes sagas do futebol mundial, o comportamento dos palmeirenses em Montevidéu, também na final da Libertadores. Com apenas 30% do Estádio Centenário, os alviverdes empurraram seus jogadores na garganta e no coração.

A torcida do Ahly não parou de gritar nem por um segundo no Al Nahyan. A tendência é que os egípcios sejam de novo maioria no estádio, porque muitos que já vieram para o jogo contra o Monterrey, fica em Abu Dhabi. Além disso, os egípcios são um dos grupos mais significativos de imigrantes nos Emirados Árabes.

Como muitas vezes em sua história, os palmeirenses terão de ser a torcida que canta e vibra. E bem alto.