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Representatividade e inclusão ditam discurso de posse de Leila no Palmeiras

Leila Pereira fala como presidente do Palmeiras pela 1ª vez - Reprodução/TV Palmeiras
Leila Pereira fala como presidente do Palmeiras pela 1ª vez Imagem: Reprodução/TV Palmeiras

Diego Iwata Lima

De São Paulo

15/12/2021 19h34

Foi por volta das 18h40 que Leila Pereira, 57, assinou a ata da reunião do conselho deliberativo que a oficializou como presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras pelos próximos três anos.

Ela chorou, disse estar vivendo o dia mais importante de sua vida e evidenciou que a bandeira da inclusão será um dos nortes de seu mandato. Algo que não deixa de ser surpreendente e auspicioso em um clube tão conservador quanto o Alviverde da Vila Pompeia, em São Paulo.

Leila ressaltou o fato de ser a primeira mulher presidente do clube, acrescentando ainda que é carioca —ela é fluminense de Cabo Frio— e se chamar "Pereira", um dos sobrenomes mais comuns do Brasil e nada italiano, como são Galiotte, Tirone, Facchina, Contursi e Belluzo, entre tantos outros que já tiveram o cargo máximo no Palestra.

"Está sendo empossada a primeira mulher presidente de um clube de 107 anos. Mulher de nome Leila Pereira. Muito representativo. Comprova que o Palmeiras é de todos. De todos! [Eu] me sinto muito feliz", disse ela.

Desse modo, Leila usou-se como exemplo desse projeto inclusivo que pretende levar a cabo no Alviverde. Falou em tornar o Palmeiras acessível a todos e exaltou os palmeirenses que não são sócios do clube, que são a maior parte da torcida, afinal.

"A nossa grande torcida está aqui dentro, mas também fora dos muros. É essa paixão dos torcedores pelo clube é que me sensibilizou demais em lutar por estar aqui."

Leila expressou desejar o Allianz Parque sempre cheio. E disse querer que o torcedor consiga comprar a camisa do clube, hoje inacessível a uma grande parte da torcida.

E para reforçar sua proximidade com a arquibancada, ainda agradeceu nominalmente Paulo Serdan, conselheiro do clube, presidente de honra da torcida Mancha Verde e da escola de samba homônima, e Pepe Reale, dirigente da Mancha, por comparecerem à cerimônia.

Resta saber quanto dessas intenções sobreviverão à massacrante rotina de presidir um clube. Se o seu desejo de baratear o ingresso diante do orçamento e das contas a serem aprovadas poderá ser realizado. Ela também ainda precisará entender o que é possível fazer dentro do contrato com a fornecedora Puma, no que diz respeito à sua ideia de oferecer uma camisa mais barata ao palmeirense.

Leila assume o cargo mais importante do mundo alviverde prometendo ao torcedor justamente o mundo, por meio da conquista do Mundial de Clubes, em fevereiro. O tempo mostrará o que de fato ela conseguirá fazer.

Há controvérsias envolvendo a ascensão de Leila no Palmeiras. Como o conflito de interesse por ser também patrocinadora do clube. Há o episódio da "canetada" do ex-aliado Mustafá Contursi, dando conta de que ela era sócia do clube desde 1996 —e que assim tinha tempo de associação para se tornar conselheira. E a aprovação, em meio à gestão Galiotte, do aumento do mandato presidencial para três anos, o que daria a ela o tempo ideal para ser candidata em 2021, como de fato aconteceu.

Mas não deixa de ser um marco, uma presidente mulher dando as cartas no Palmeiras. E já em seu primeiro discurso, Leila deixa claro que entende e que vai certamente trabalhar com esse trunfo nos próximos três anos. Como já fez em seu primeiro ato como mandatária.