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Ceni elogia atuação do SPFC e avisa sobre futuro: "Serão anos difíceis"

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

25/11/2021 01h15

O técnico Rogério Ceni se mostrou feliz com a atuação do São Paulo mesmo sem conseguir fazer gols no Athletico. No empate por 0 a 0 com o Athletico, o time do Morumbi deu 20 chutes, mas acertou apenas dois no gol de Santos. Do outro lado, a equipe paranaense não conseguiu incomodar Tiago Volpi nenhuma vez.

"A atuação do meu time me agradou os 90 minutos. O time dominou o jogo todo, teve todas as oportunidades criadas, teve todo o controle do jogo, não teve nenhum chute no dentro do nosso gol. Você joga contra o Athletico, um time que acabou de ser campeão da Copa Sul-Americana e eles não chutam nenhuma boal no nosso gol, não dá para você ficar descontente", afirmou Ceni.

"O Athletico não caminhou no campo, o Athletico não conseguiu trocar passes, não conseguiu criar, não conseguiu atacar. Nós sufocamos, foi um jogo de meio-campo. Agora, o gol é uma coisa que você não controla. Mas o desempenho de hoje foi muito bom, foi melhor do que o do Palmeiras, jogamos melhor hoje do que contra o Palmeiras, mas contra o Palmeiras o resultado veio e hoje não tivemos a condição de fazer o gol", continuou.

Apesar da boa atuação na visão do treinador, o resultado ainda mantém o São Paulo em situação complicada no Campeonato Brasileirão. A equipe está com 42 pontos, apenas cinco a mais que o Bahia, primeiro time dentro da zona de rebaixamento e que tem uma partida a mais para fazer.

Desde que Ceni chegou ao clube, o São Paulo ainda não conseguiu vencer duas partidas consecutivas. Vindo de vitória sobre o Palmeiras, a equipe mais uma vez não conseguiu engatar uma sequência positiva. Para o treinador, esse é um retratado da temporada.

"O São Paulo ganhou nove partidas em 34. Não é de agora que os problemas vêm. São Paulo teve vitórias consecutivas no Campeonato Paulista, onde o nível é um pouco mais baixo. Mas qual foi a sequência de vitórias que o São Paulo teve no campeonato como um todo?", questionou Rogério.

Na sequência, o técnico fez uma previsão pessimista sobre o futuro do São Paulo. "Acho que está na hora de todo mundo entender a realidade do clube, a realidade que o clube está passando nesse momento. Vai ser um final de ano difícil e, acredito eu, anos difíceis para o São Paulo. Com qualquer profissional e diretoria que estejam aqui. As dificuldades existem, têm que ser explicadas para o torcedor, porque ele vai ter que ajudar, vai ter que ser paciente, vai ter que ajudar muito o São Paulo nesse momento", disse.

"É um momento crítico na história do clube, acreditem no que eu estou falando para vocês. Para quem viveu aqui nos últimos 31 anos: é um momento crítico, um momento difícil. Por isso que eu digo: torcedor tem a confiança que o time fez um grande jogo hoje, e ele espera que o time faça um grande jogo no sábado, mas ele vem pela paixão. Ele vem pela camisa, pela história, pelos títulos", prosseguiu.

Confira outras declarações de Rogério Ceni:

Lance de Reinaldo em Renato Kayzer

Na hora eu achei que foi uma dividida e o pé resvala depois no jogador do Athletico. Vendo agora pela TV, eu acho que era possível interpretar até como um cartão vermelho. Acho que era possível, sim, era um lance, na minha opinião, interpretativo, mas uma falta muito no limite do amarelo para o vermelho

Mudança de esquema tático para o segundo tempo

A saída do Reinaldo se deu, sim, pelo cartão. O Benítez, para tentar dar mais qualidade, eu tenho que jogá-lo para o meio. Para eu jogá-lo para o meio, só tenho uma maneira de jogar que é marcar mano a mano os zagueiros: Benítez, Rigoni e Calleri nos três zagueiros e jogar praticamente um mano a mano no segundo tempo, tentando empurrar o Athletico para trás. Eu não posso colocar o Benítez do lado porque ele não tem condições de acompanhar o lateral. Eu estaria matando o jogador e não o deixando criar. Então, os meus jogadores mais decisivos têm que jogar mais próximos do gol. Aí o Léo entra para fazer essa função de terceiro zagueiro, o Sara cai um pouco mais pelo lado e o Igor um pouco mais adiantado e jogamos com três homens de frente junto com mais dois homens de meio-campo.

Por que optou por Vitor Bueno e Marquinhos nos últimos jogos e não por Benítez?

4-4-2 plano, duas linhas de quatro com dois homens de frente. Não posso botá-lo de volante, tenho dois caras de intensidade por dentro. Na frente, Rigoni e Calleri ou Rigoni e Luciano. Dos lados, eu não posso ter o Benítez do lado, eu vou matar ele de tanto correr e ele não vai me produzir. Então, não tenho como, dentro de um sistema eu tenho que aproveitar o que eu tenho de melhor. Já no segundo tempo contra o Palmeiras ele entrou em um 4-2-3-1, jogando pelo centro como ele jogava no Independiente e como ele teve mais sucesso. Mas eu preciso de alguns jogadores que façam esse corredor, que ajudem.

O Sara ajuda muito esse corredor. O Vitor Bueno é um jogador mais técnico, não é de voltar tanto. Marquinhos é um jogador que obedece mais a parte tática. Um jogo não é feito só de talento. Senão, teve 45 minutos hoje e seria resolvido o jogo. E ele entrou bem no jogo hoje, Benítez fez um bom jogo hoje, criou oportunidades de gol, mas nem sempre o sistema favorece um jogador que é muito qualificado tecnicamente, mas não tem essa condição de fazer o lado.

Jogamos com dois volantes, dois homens de frente - Rigoni e Calleri -, e do lado para o Benítez fica difícil. Por isso que é difícil encaixá-lo no sistema de jogo. Isso não diminui o talento, a qualidade, a admiração, um cara agradável de se trabalhar no dia a dia... só tenho elogios a fazer ao Benítez. Hoje entrou, tentou da melhor maneira possível ajudar a equipe. Sempre quando for possível ele vai entrar, vai tentar ajudar. Infelizmente, nem com a entrada dele nós conseguimos fazer o gol.

Pretende continuar priorizando jogadores que vão bem sem a bola ou isso pode mudar?

Eu pretendo tentar ganhar os próximos jogos para ficar na primeira divisão. É o que eu pretendo. Parece que faz um século que eu cheguei aqui, faz nove jogos. Nos primeiros jogos ele [Igor Gomes] foi bem. O menino se entrega, o menino tem alma, coração o tempo todo. Se puder jogar os dois [Igor Gomes e Benítez], ótimo. Se não, vamos escolher pelo esquema que nos coloque sempre no jogo, que nos dê a possibilidade de estarmos sempre próximos da vitória. São jogadores intensos.

Igor e Sara são jogadores intensos. O futebol moderno necessita, sim. Claro que gostaríamos de ter o Benítez, com a qualidade dele e com a intensidade do Igor Gomes, não tenha dúvida. Você juntaria um jogador fisicamente fantástico com um jogador tecnicamente ótimo. O Igor tem valências técnicas boas também. O Benítez ajuda quando possível na parte física, mas é o que eu repito: eu não posso colocar o Benítez no lado do campo. Eu não vou mudar um sistema para jogar num 4-2-3-1. Depende do adversário, pode ser até que possa, mas eu não gosto de jogar com um homem isolado à frente, prefiro jogar sempre no mínimo com dois jogadores de frente.

Lado esquerdo passa mais confiança para atacar?

O lado esquerdo realmente, se for analisar nos oitos jogos, nos últimos jogos está bem mais equilibrado. Mas nos anteriores, realmente, o lado esquerdo tenha tido uma maior participação. Nos primeiros jogos quando nós chegamos funcionou muito melhor o lado esquerdo do que o direito. Devagarzinho a gente consegue ajustar.

Hoje o Sara começou jogando pelo lado direito. No jogo contra o Palmeiras, o Sara fez o gol jogando pelo lado direito. Hoje acho que as ações já são mais equilibradas tanto direito quanto esquerdo.

Qual pode ser a confiança para a torcida para vir contra o Sport?

Torcedor não vem só por confiança, torcedor vem por paixão, pela camisa, pelo escudo, pela história, pelo que se construiu no passado, pela esperança de ver um time sair de uma situação difícil, que já vem se arrastando há anos, não é exclusividade desse ano. Não é exclusividade desses oito jogos. Aliás, nesses oito, nove jogos foram três vitórias que ajudaram bastante o time a sair dessa situação, que já era muito difícil. Quando nós chegamos aqui era o 16º em aproveitamento, em pontos perdido. E, hoje, se tivéssemos conseguido a vitória, hoje estaríamos respirando aliviados e ainda pensando, quem sabe, em coisas maiores.

Agora, nós precisamos do apoio dele como ele veio hoje, apoiou. Como ele apoiou contra o Flamengo, mas só viu 10 minutos de jogo. Hoje ao menos ele viu 90 e tantos minutos de jogo de um time aguerrido, de um time que disputou, que teve sempre a oportunidade de fazer o gol, sempre a oportunidade de ganhar, sempre esteve muito perto da vitória. Mas nem sempre você vai conseguir entregar para o torcedor voltar feliz para a casa.

Era a coisa que mais queríamos depois do fracasso que nós tivemos contra o Flamengo, de tomar um gol com 20 segundos, uma expulsão com 8 minutos e terminar o jogo ali, o torcedor embora para casa... poderia ter saído com 10 minutos do primeiro tempo. Hoje não, hoje ele vibrou, esteve junto e viu o time criar, viu o time ser superior, viu o time marcar pressão, bola passando perto do gol, finalização próxima, goleiro defendendo. É o que dentro das possibilidades nós conseguimos fazer.

O que dizer para o torcedor das pretensões do time na reta final?

As pretensões do time são tirar o time o mais rápido possível da situação constrangedora que é conviver tão próximo à zona de rebaixamento. E a presença do torcedor no sábado vai ser muito importante. Que ele continue incentivando, que ele continue gritando, empurrando o time como ele empurrou até o final. E o time criou até o final, até o último momento. E a gente espera poder ter uma sorte melhor nas finalizações que nós pecamos. O time provavelmente estará um pouco mais cansado, vamos analisar. O Sport vem de 10 dias descansado, nós jogamos hoje à noite, é pouco tempo que tem de recuperação. Vamos só fazer os ajustes em vídeo para tentar ter um time competitivo como foi hoje. Fazer o melhor dentro da melhor condição que é oferecida hoje para o São Paulo.

Partida de hoje evidenciou a carência de jogadores velozes?

Força, velocidade, jogadores que tenham um para um, que quando recebam uma bola aberto partam para cima e consigam uma jogada individual para, daí, você logicamente abrir espaço.

Nós temos o Marquinhos que é um garoto, um ótimo garoto, cumpridor de todas as funções táticas, mas que ainda não está pronto para a equipe profissional. Ele tem que ser trabalhado para um dia poder ter mais cancha para poder jogar um jogo desse tamanho com 43 e tantas mil pessoas. Ele fez um bom jogo contra o Racing, eu sei, eu assisti esse jogo, mas no um contra um, infelizmente nós... ele cumpriu taticamente perfeito tudo. Ele anulou a subida do Marcinho, o Marcinho não jogou. Na hora do um para um ainda falta experiência para ele, é jovem, ainda precisa de um pouco mais de maturidade para ganhar um duelo um contrato um para livrar e abrir espaço na defesa adversária.

Fora isso, é o Rigoni o nosso segundo jogador mais rápido, que é um jogador de muita qualidade, que tem que estar sempre perto do gol. Para tirá-lo para o lado do campo, você perde muito dentro.

Dentro das limitações, dentro de tudo que nós temos, cada um deixou seu melhor. Nós fizemos um jogo constante, dominamos ele por inteiro, mas não conseguimos fazer o gol.

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