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Eliminatórias Sul-Americanas

Marcelo Moreno ainda sonha com Copa e pensa em ser dirigente na Bolívia

Marcelo Moreno, com oito gols, é o artilheiro das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa de 2022, no Qatar - AIZAR RALDES/AFP
Marcelo Moreno, com oito gols, é o artilheiro das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa de 2022, no Qatar Imagem: AIZAR RALDES/AFP

Guilherme Piu

Do UOL, em Belo Horizonte

12/10/2021 04h00

Não é Messi, muito menos Neymar ou Suárez. O artilheiro das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo do Qatar, em 2022, é o atacante boliviano Marcelo Moreno, de 34 anos. Com oito gols, o centroavante que atua no Cruzeiro supera os concorrentes mais badalados na corrida pela artilharia. Camisa 9 da La Verde, Moreno, mesmo com a Bolívia sendo a penúltima colocada no torneio de classificação para o Mundial do ano que vem, ainda sonha em disputar a maior competições entre seleções do planeta.

"Tenho o sonho de querer jogar o Mundial e nada vai tirar isso da minha cabeça. [A Bolívia] Tem uma geração boa, mas que não tem tempo de poder experimentar esses jogadores, não tem tempo de fazer jogos amistosos. Tem que colocar esses jogadores em jogos importantes, testando, dando oportunidades, é desse jeito que podemos conseguir conquistar vaga no Mundial e novos talentos para a seleção", disse em entrevista ao UOL Esporte.

Recordes

Maior artilheiro da história da seleção boliviana com 27 gols, Marcelo Moreno tem quebrado recordes importantes na temporada 2021. Além de superar o compatriota Joaquín Botero, que defendeu a Bolívia entre 1999 e 2009 — e fez 20 gols em 48 jogos —, Moreno se tornou o terceiro jogador na lista de artilharia das Eliminatórias Sul-Americanas com 20 gols. Ele está atrás apenas do argentino Lionel Messi (27) e do Uruguaio Luís Suárez (25), os dois primeiros do ranking.

Experiente, expoente em seu país e mesmo considerando que ainda tem muita lenha para queimar nos gramados — o contrato com o Cruzeiro vai até 2022 —, o jogador já rascunha na mente o que pensa para depois que pendurar as chuteiras.

"Depois que eu parar eu gostaria sim de poder ajudar na seleção boliviana em outra área, que poderia ser na Federação Boliviana. Ainda não sei em qual lugar, em qual situação, não sei o cargo. Presidente, não sei. Seria uma coisa para mudança realmente do futebol boliviano", revelou.

"Acho que no futebol em geral a gente vê muita corrupção, não é diferente. É muito difícil você lutar contra gente que vive do futebol. A gente não consegue ver os investimentos no futebol, não tem condições. Se algum dia eu chegar a trabalhar em uma federação, como a boliviana, seria uma das coisas que eu gostaria de mudar, dar condição para os atletas para que eles conseguissem competir no nível de outras seleções", complementou.

Talentos na Bolívia

A vivência no futebol faz Marcelo Moreno enxergar lacunas importantes no futebol da Bolívia, principalmente na formação de atletas. Filho de pai brasileiro e mãe boliviana, Moreno começou no Oriente Petrolero, da Bolívia, em 2003, mas em 2005 já vestia a camisa do Vitória, clube de Salvador, na Bahia. Pelo talento, chegou a defender a seleção brasileira de base, mas optou por jogar na seleção do país onde nasceu.

"Nesses 13 anos que estou na seleção, tento conversar com os mais jovens, ajudar, dar um conselho bom, falar o que tem que fazer para chegar ao time profissional na Europa. Pelo menos sair da Bolívia. Com certeza tem talentos, jogadores interessantes que talvez não tenha a oportunidade de fazer a base no Brasil, na Argentina, em qualquer lugar fora da Bolívia, para se preparar no mesmo nível dos jogadores sul-americanos, talvez os europeus. Para ter as mesmas oportunidades, de trabalhar com bons treinadores, com nutricionistas, psicólogos, preparadores físicos de trabalho em nível internacional. Isso deixaria os jogadores no mesmo nível, porque talento tem", comentou, citando um atleta boliviano que pode despontar futuramente.

"Tem um jogador que chama Roberto Carlos, igual o Roberto Carlos [ex-jogador] da seleção brasileira. Tem talento, bom jogador, teve na Espanha, e agora está no Bolívar. Jogador interessante e que eu acredito que pode ter oportunidades, ser trabalhado e ter uma chance em qualquer lugar do Brasil", opinou.