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Jovem do Grêmio faz faculdade de direito e virou goleiro por acaso

Hugo, goleiro da base do Grêmio que cursa faculdade de direito - Reprodução/Everton Silveira
Hugo, goleiro da base do Grêmio que cursa faculdade de direito Imagem: Reprodução/Everton Silveira

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

30/09/2021 04h00

O destino age por suas próprias regras. Fatos na vida de cada um de nós soam inexplicáveis, acontecem por que têm que acontecer. Foi assim com Hugo Nogueira, de 20 anos. Ainda no início de sua trajetória no futebol, era atacante, até que, em um treinamento, o goleiro da equipe precisou sair e o treinador pediu para algum dos jogadores assumir a meta por breves momentos. O avô de Hugo, da arquibancada, indicou que o ainda menino fosse. E hoje ele é goleiro do Grêmio.

Isso aconteceu quando Hugo tinha 9 anos. José Gervásio Nogueira, o avô, e os técnicos Daniel Polezzi e Tenne Pereira pesaram na mudança de rota que acabou sendo positiva. Ao invés de fazer gols, evitá-los.

"No início eu atuava como atacante, o objetivo era simplesmente estar no meio do futebol, independentemente da posição. Mas aos 9 anos descobri que o gol era meu lugar. Em um treino de finalização precisou de um voluntário para ir ao gol e dar continuidade ao treinamento, aceitei o desafio e acabei me destacando. Meus treinadores da época, Daniel Polezzi e Tenne Pereira, me perguntaram se eu não tinha interesse em investir na profissão. Desde então nunca mais deixei as luvas e hoje sou muito grato a eles", contou ao UOL Esporte.

"Eu levava jeito como jogador de linha, poderia até ter conseguido algo na época, mas o que estou vivendo hoje somente as luvas me proporcionariam. Fazer parte de um elenco histórico no Mirassol e estar vivendo grandes experiências no Grêmio é extraordinário para mim", completou.

O destino agiu. Ainda que no momento não parecesse nada extraordinário, ter aceito o desafio de ir para debaixo das traves acabou mudando o rumo da vida do atleta.

"O fato de eu aceitar um desafio daqueles, enfrentar um treino de finalizações e acabar me destacando foi essencial para eu me tornar goleiro. As oportunidades aparecem no momento certo. Naquele dia eu não sabia, mas estava tendo uma das maiores oportunidades da minha carreira", explicou.

A relação com o avô, conhecido como Nogueira, também está nas memórias do goleiro até hoje. "Meu avô é uma pessoa super importante na minha vida e carreira. No início de tudo, foi ele que conseguiu minha primeira chuteira. Não media esforços para atravessar a cidade inteira para me levar aos treinos em sua bicicleta. Hoje, eu vejo que todo o esforço dele valeu a pena e sou muito grato a tudo que ele fez por mim", contou.

Hugo passou por clubes do interior paulista na formação e teve destaque no Mirassol. Foi a boa campanha no clube que o levou ao Grêmio, clube com o qual possui contrato até o fim deste ano.

Jogador ou advogado?

Hugo, goleiro da base do Grêmio, passou a jogar na posição por acaso - Reprodução/Everton Silveira - Reprodução/Everton Silveira
Imagem: Reprodução/Everton Silveira

Mas agora Hugo está pronto. Se tudo der errado e o destino novamente atuar inesperadamente na vida dele, o próprio já criou alternativas. Enquanto trabalha para conquistar espaço de luvas, chuteiras, uniforme e no gramado, o futuro também reserva a alternativa de brilhar nos tribunais, de terno, gravata e usando as palavras, e não as mãos para fazer defesas. Ele cursa faculdade de direito na Universidade LaSalle.

"O futebol é muito incerto, por isso invisto no meu futuro adquirindo conhecimento e estudos. Espero estar formado nos próximos anos e apto a atuar para quando for o momento certo de colocar em prática o outro do sonho", contou.

"Advogado desportivo é uma aérea que pretendo seguir. Porém, com os avanços dos semestres e a empolgação com os novos aprendizados, o concurso público também pode vir ser uma meta futura", completou.

A rotina de leituras, aulas e provas não atrapalha as atividades de campo. Segundo ele, o futebol toma dois turnos do dia, a universidade o terceiro, e assim tem sido possível aliar as duas possibilidades de futuro.

"Eu simplesmente divido os horários para ambas as atividades, me dedicando ao máximo a cada uma delas em seu devido momento. Ao clube me dedico nos períodos da manhã e tarde. Já os estudos ocupam o período da noite. Realmente é um curso que requer muita leitura, mas para mim isso já é habitual, facilita muito", contou.

"Ainda não aconteceu isso [perder aulas ou provas por causa dos jogos]. Pelo fato das aulas estarem sendo de forma remota, consequentemente os trabalhos e provas também acabam sendo desta maneira, então sempre há um horário confortável para fazer as atividades", comentou.

Hugo é membro dos times sub-20 e sub-23 do Grêmio. Hoje, o goleiro que era atacante e pode acabar advogado mira permanecer no clube e chegar ao principal.

"Meu contrato vai até o fim deste ano, e a renovação do contrato é minha principal meta no momento. Claro, quero conquistar títulos pelo clube e estamos no caminho certo. Estamos muito bem no Brasileiro de Aspirantes e espero poder conquistar este título com a equipe", finalizou.

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