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Como Simeone fez Atlético de Madri virar potência e rival de Barça e Real

Diego Simeone celebra título do campeonato espanhol do Atletico de Madri - CESAR MANSO/AFP
Diego Simeone celebra título do campeonato espanhol do Atletico de Madri Imagem: CESAR MANSO/AFP

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/05/2021 04h00

Há nove temporadas como treinador do Atlético de Madri, Diego Simeone já se tornou o maior técnico da história da equipe colchonera. E a vitória de ontem, contra o Real Valladolid, que garantiu mais um título do Atleti com Simeone como treinador, foi mais um capítulo dessa história entre um técnico e um clube que, juntos, estão fazendo história.

Após o jogo, "El Cholo", como é conhecido o argentino, celebrou a chance de ter sido campeão "em um ano tão difícil".

"Estou feliz por muita gente. Num ano tão difícil, com amigos que morreram, este ano em que o Atlético é campeão é diferente. Este é um dos melhores anos para ser campeão. O mundo hoje vive uma situação muito triste. Espero que tenhamos dado alegria a muita gente.", disse ele em entrevista coletiva após o jogo.

O Atletico de Madri foi campeão após passar 37 rodadas como líder do campeonato. Apesar da emoção no fim do torneio, quando deixou escapar uma boa vantagem, o título demonstrou a mudança de patamar que Simeone deu ao Atleti.

Simeone chegou ao clube em janeiro de 2012. Já bem ambientado com a equipe em que já tinha sido ídolo como jogador, pegou um time longe do que ele é hoje. À época, a equipe de Madri teve um início ruim de liga espanhola e estava buscando se consolidar como a terceira força do futebol espanhol depois de uma década cheia de altos e baixos.

O sucesso de chegada do técnico argentino foi quase imediata. Seis meses depois de sua 1ª partida comandando o time, levou o Atleti ao título da Liga Europa 2011/2012. Era um aperitivo do que a próxima década da equipe com Simeone seria: extremamente bem-sucedida.

Até o momento, são 527 jogos como treinador do Atletico de Madri, com 316 vitórias e apenas 87 derrotas. A força defensiva do Atleti de Simeone é uma marca conhecida por todos: em quase dez anos, o time levou apenas 389 gols sob comando de El Cholo.

Um salto no desempenho esportivo

Durante as nove temporadas à frente do Atletico, o argentino colocou a equipe no nível de Barcelona e Real Madri. A vitória de ontem sacramentou o segundo título espanhol de Simeone (a equipe também foi campeã na temporada 2013/2014). Nos últimos nove anos, os três times se dividiram como campeões da La Liga (o Barcelona ganhou cinco vezes, enquanto o Real foi campeão em três oportunidades).

O desempenho acima do esperado nos torneios continentais também é uma marca impressionante. Na última década, o Atleti chegou a duas finais de Liga dos Campeões da Europa. Foi vice-campeão nas duas, é verdade, mas em toda sua história tinha conseguido chegar tão longe apenas uma vez. Na Liga Europa, Simeone novamente obteve sucesso: faturou duas, em sua temporada de estreia, de 2011/12 e mais recentemente em 2017/18.

Mudança de patamar

A nova fase esportiva do Atletico de Madri também veio com uma mudança de patamar fora dos campos. Com um novo estádio reformado e moderno, o Wanda Metropolitano, pronto, um projeto a longo prazo, bem estruturado, o Atleti também se colocou como uma força no continente.

De alguns anos para cá, demonstrou ser um clube capaz fazer investimentos em jogadores caros e, desde a chegada de Simeone, já investiu bilhões de reais em novos atletas. Destaque para a aquisição da jovem promessa portuguesa, João Félix, que foi comprado por mais de 120 milhões de euros do Benfica.

Com isso, a cobrança também começou a ser maior. Nas últimas temporadas, inclusive, El Cholo chegou a ser bastante questionado na função de técnico. No entanto, foi mantido e tem contrato até 2022.

Apesar das críticas, Simeone a cada dia faz mais história. É hoje o treinador mais longevo entre os grandes clubes da Europa. Ídolo como jogador e como treinador, levantou o oitavo título com a equipe colchonera e, sem dúvidas, colocou o Atletico de Madri entre os grandes da década.