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Redes sociais do Brasileirão usam ousadia para cativar torcedores

Thiago Braga

Colaboração para o UOL, de São Paulo

09/04/2021 12h00

Com a pandemia causada pelo novo coronavírus, os torcedores precisaram recorrer às redes sociais para demonstrar o amor pelo time de coração, muitas vezes para extravasar aquela paixão que ficou restrita por conta da ausência de público nos estádios.

Aproveitando o gosto do brasileiro por futebol, a CBF e a Feng, consultoria especializada em gestão de redes sociais, programas de sócio-torcedor e produção de conteúdo, se juntaram e criaram, em 2019, o perfil do Campeonato Brasileiro no Instagram, Facebook e Twitter. Somados, os perfis do Brasileirão nas três redes ultrapassam 3 milhões de seguidores.

Com muito bom-humor, os perfis caíram nas graças dos torcedores, se tornando muitas vezes uma válvula de escape para muitos torcedores durante a pandemia. E conseguiram gerar interações de torcedores, clubes e jogadores.

"Não tem como produzir um conteúdo que não seja o que o público quer. Não dá para fazer um conteúdo quadrado", argumenta Lucas Varidel, coordenador de comunicação digital da CBF. "Para a gente é fundamental ter liberdade para produzir. Mas temos freios institucionais. É um limite complicado, até onde posso ser informal sem atingir o outro? Preferimos andar no limite do que não arriscar", completa Varidel.

Como exemplo de freios institucionais que tanto a equipe da CBF quanto da Feng se preocupam estão a não exposição dos erros dos árbitros, por exemplo. Para não acabar depreciando o próprio produto da entidade.

Outros exemplos clássicos de cuidados que a equipe que cuida das mídias do Brasileirão têm são o de usar a palavra "vitória" quando o Bahia ganha um jogo no torneio, ou usar a cor verde para fazer uma arte do Corinthians.

"Geralmente, o lema de quem cuida de redes sociais no esporte é que não pode ser clubista. Nós queremos ser clubista, mas clubista dos 20 clubes do Campeonato Brasileiro. Mostrar como o torneio impacta a vida do brasileiro", afirma Thiago Barros, gerente de conteúdo da Feng.

Aí entra outro dos freios: o clubismo precisa parar quando ofende outro torcedor, ou outro clube.

Estudo da consultoria suíça Horizm, especializada em análise de dados de mídias digitais mostra que a audiência somada das quatro principais redes sociais do Brasieirão (Twitter, Facebook, Instagram e Youtube), bateu 152 milhões em janeiro deste ano. Quem lidera o ranking é a Premier League, com 683 milhões de espectadores e usuários.

A ideia da CBF e da Feng é furar o top 5 entre as ligas que dão mais audiência, incluindo todos os esportes. Para isso, apostam em uma fidelização do torcedor.

"Nesse período sem jogo, temos um dia dedicado a cada clube, com número igual de posts para cada clube. Aí temos um calendário de conteúdo relacionado à história do campeonato, com quadro fixo, contando as nossas histórias, alguma partida que aconteceu naquela data no Brasileiro. Mas sempre com o cuidado de não repetir os clubes", explica Thiago Barros, da Feng.

O planejamento do conteúdo é feito semanalmente, mas os integrantes da Feng e da CBF, em uma equipe que contém jornalistas, marqueteiros, publicitários, fotógrafos, editores de vídeo, entre outros.

Para impulsionar cada vez mais os perfis da entidade, a CBF contratou em fevereiro o espanhol Lorenzo Perales, para ser o novo diretor comercial. Com 17 anos de serviços prestados ao Real Madrid, um dos maiores clubes do mundo, Perales chega para, entre outras coisas, desenvolver estratégias de aproximação com os fãs de futebol.

"Precisamos aprofundar nossa relação com o torcedor. Além de fazer post, gerar conversas, participar, entender e sobre o que eles estão falando. É um desafio que a gente precisa aprofundar. O plano é ter mais contato com os torcedores a partir do momento que for possível e investir cada vez mais o conteúdo para os 20 times. Por exemplo, entender o que a torcida do Cuiabá quer, como ela é, por nunca ter participado da Série A, é um desafio", finalizou Lucas Varidel, coordenador de comunicação digital da CBF.