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Ines nega participação e diz não ter competência para laudo usado pelo Fla

Bruno Henrique, do Flamengo, e Ramírez, do Bahia, discutem - Reprodução / TV Globo
Bruno Henrique, do Flamengo, e Ramírez, do Bahia, discutem Imagem: Reprodução / TV Globo

Do UOL, em São Paulo

25/12/2020 13h46

O Ines (Instituto Nacional de Educação de Surdos) emitiu uma nota de esclarecimento sobre o laudo utilizado pelo Flamengo em relação à discussão entre Ramírez e Bruno Henrique, no último domingo (20), durante a partida contra o Bahia. O jogo terminou com uma acusação de injúria racial contra o colombiano.

A discussão entre os jogadores aconteceu no segundo tempo, pouco após o fato relatado por Gerson, que garantiu que o jogador do Tricolor baiano falou "cala a boca, negro" a ele.

Segundo a nota, emitida na quinta-feira (24), "dos três profissionais responsáveis pela elaboração do parecer técnico, dois deles, embora pertencentes ao quadro de servidores da Instituição, em que ocupam o cargo de Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais, não o fizeram representando o INES, mas sim de forma particular".

Além disso, o documento afirma que o instituto não tem competência para se manifestar sobre questões que requeiram habilidades de leitura labial. Ainda segundo a nota, "o Ines [...] não possui autorização regimental para prestar serviço em prol de interesses privados a pessoas físicas ou jurídicas".

Na terça-feira (22), o vice-presidente geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee, disse no Twitter que havia cooptado especialistas do instituto para trabalhar no laudo. Segundo o dirigente, o documento apresentado pelo centro nacional de referência na área da surdez no Brasil apontou que houve ofensa racial.

O Flamengo, em seguida, disse que enviou o documento ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). O intuito é acrescentar dados ao ao inquérito pedido pela procuradoria que vai apurar a denúncia de Gerson contra Ramírez.

Uma estratégia dos rubro-negros foi verificar todos os registros de áudio captados no gramado do Maracanã. Segundo apurou o UOL Esporte, nenhum deles, no entanto, apresentou com clareza a ofensa de Ramírez a Gerson.

"Estou aqui na delegacia, vim falar sobre o ocorrido. Quero deixar bem claro que não vim aqui só para falar por mim, mas também para falar por minha filha, que é negra, meus sobrinhos, que são negros, meu pai, minha mãe, amigos também, e a todos os negros que têm no mundo. Sobre o fato que aconteceu, hoje, graças a Deus, tenho um status de jogador de futebol, onde tenho voz ativa para poder falar e dar força para outras pessoas que sofrem de racismo ou outro tipo de preconceito", declarou Gérson em vídeo divulgado pelo Flamengo.