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Torcedor do Sport que ganhou prêmio da Fifa já caminhou mais de 6 mil km

Marivaldo Francisco da Silva, torcedor do Sport, ganhou o prêmio de maior fã de 2020 no "The Best" da Fifa - Reprodução/Twitter/Sport Recife
Marivaldo Francisco da Silva, torcedor do Sport, ganhou o prêmio de maior fã de 2020 no 'The Best' da Fifa Imagem: Reprodução/Twitter/Sport Recife

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

18/12/2020 04h00

Força nas pernas, um pacote de biscoito, uma garrafa de água e o mais importante, o amor pelo Sport. Foi dessa forma que Marivaldo da Silva, 49 anos, alcançou ontem (17) o Fan Award 2020, prêmio da Fifa dedicado a torcedores.

Morador da cidade de Pombos, a 60 km do Recife, Marivaldo acompanhou cerca de 100 jogos do Sport na Ilha do Retiro — o que dá aproximadamente 6 mil km de andança. Para ver o time do coração, o torcedor encarou caminhadas de 10 horas pela BR-232.

"Minha situação sempre foi precária. Um dia, olhei e falei: 'Deus me deu duas pernas, disposição e saúde. Não vou perder mais nenhum jogo em casa'. Isso não é promessa. Eu me sinto bem, não tem vaidade", disse Marivaldo em entrevista concedida ao UOL Esporte há duas semanas.

Depois de sua história ficar conhecida, ainda em 2017, Marivaldo passou a receber algumas doações, mas recusou todas, até mesmo simples caronas no meio do caminho e alimentação gratuita em postos de gasolina.

"De 2017 até hoje, nunca fiquei no meio do caminho. Mas a bike pode quebrar, não é? E aí, o que eu faria?", questionou o torcedor, que mora com a mãe e trabalha como faz-tudo em uma residência da cidade de Pombos.

Para retornar a Pombos, Marivaldo adota outra estratégia: quando o jogo acaba tarde às quartas-feiras, ele costuma ficar em um mercado 24 horas próximo à Ilha do Retiro. Ao nascer do sol, o torcedor inicia a caminhada rumo a Pombos. Caronas, nesse caso, são até aceitas.

A primeira experiência de Marivaldo nas andanças para ver o Sport se deu em 2008. Na época, porém, o torcedor morava em Olinda, cidade vizinha ao Recife. Em uma dessas caminhadas, ele viu o time pernambucano ser campeão da Copa do Brasil, há 12 anos.

"Sempre tive bom preparo físico. Sempre gostei de andar, fui criado no interior, sempre ia a pé, dificilmente tinha transporte. Foi um hábito que mantive, não é nada forçado", ressaltou.

Para entrar no estádio, Marivaldo conta com a ajuda de outros torcedores, que doam a entrada ou parte do dinheiro. Segundo o torcedor, ele nunca perdeu viagem, pois sempre encontrou pessoas solidárias na porta do estádio.